O pintor Simão Rodrigues e a posse do Codex Casanatense em 1628: fortuna, atribulações e influências artísticas
DOI:
https://doi.org/10.57759/aham2012.37161Palavras-chave:
Pintura protobarroca, Prodígios, Naturalismo, Criança monstruosa, Resistência anticastelhana, Simão Rodrigues, Pedro Rodrigues Soares, André Reinoso, Padre Diogo de AredaResumo
A partir de um desenho acrescentado ao Códice Casanatense com a figuração de uma criança monstruosa nascida na Mouraria em 1628, analisam-se as circunstâncias em que, depois de ter sido conservado no Colégio de São Paulo de Goa, em mãos do padre João da Costa, e de ser recuperado de um saque, o famoso álbum foi conhecido em círculos de resistência anticastelhana seduzidos pela nostalgia das glórias dos portugueses. O desenho em causa sugere que o códice tenha estado na posse do pintor Simão Rodrigues (que retratou o menino-monstro) e de um dos seus mentores iconográficos, o padre jesuíta Diogo de Areda. Analisam-se as influências exóticas e orientalizantes manifestas em pinturas da época (de artistas como André Reinoso e o próprio Simão Rodrigues), numa altura em que o culto de São Francisco Xavier, o apóstolo das Índias, se desenvolvia com força, antes mesmo da sua canonização em 1622. À luz da situação sociopolítica do tempo de Filipe III de Portugal, o prodígio da Mouraria (bem descrito no Memoria de Pedro Rodrigues Soares, um autor sebastianista) foi visto como sinal divino e nessa perspectiva fazia sentido a sua memorização junto aos desenhos coloridos de povos da Ásia, em contraste com a crise da governação pró-castelhana. Integrado junto às exaltantes imagens dos povos desse Oriente, o menino-prodígio era passível de ser visto como signo do destino providencial da nação portuguesa no mundo, que urgia ser recuperado.
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