Entre o desinteresse e a participação. Fatores diferenciais dos abstencionistas e dos eleitores populistas em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.31447/2022119Palavras-chave:
populismo, abstenção, comportamento eleitoral, partidos de direita radical, PortugalResumo
Este artigo analisa a relação entre o aumento do apoio aos partidos populistas e o aumento das taxas de abstenção nas democracias europeias. Estudos empíricos têm demonstrado que os partidos populistas estão a ganhar força entre os eleitores, enquanto as taxas de abstenção também estão a aumentar, particularmente entre os abstencionistas “temporários” que se abstêm de votar devido a fatores situacionais. Para aprofundar esta questão, recorremos a um inquérito original realizado em 2020 a uma amostra representativa da população portuguesa. Os resultados sugerem que existem semelhanças entre o voto em partidos populistas de direita radical e a abstenção, particularmente em termos de atitudes de “protesto”, que os distinguem dos apoiantes de partidos não populistas. Adicionalmente, o estudo indica que ambos os fenómenos são influenciados por fatores de curto prazo relacionados com o lado da oferta da política e que os abstencionistas são mais propensos a pertencer a estratos socioeconómicos mais baixos e a exibir níveis mais baixos de interesse político.