Portugal, a Europa e a democracia
DOI:
https://doi.org/10.31447/AS00032573.1994129.01Palavras-chave:
economia portuguesa, adesão à EFTA, emigração, adesão à Comunidade Económica Europeia, membro da União EuropeiaResumo
A «viragem» europeia de Portugal iniciou-se na década de 60. O principal facto a assinalar é a emigração. Refira-se ainda a adesão de Portugal à EFTA, que teve importantes consequências para a economia portuguesa. Politicamente, a aspiração democrática de muitos portugueses teve na Europa os seus modelos políticos. Até 1974, os Estados europeus não exerceram significativas pressões no sentido da democratização do regime. Durante a revolução de 1974-1975, parte importante do universo político português olhava para a Europa. Vários Estados europeus tiveram um papel importante, tanto político como económico, na ajuda ao regime democrático que se iniciava dificilmente. Fundada a democracia em 1976, logo Portugal pediu a adesão à Comunidade Económica Europeia. A resposta foi positiva, tendo sido imposto um longo período de transição de dez anos. A partir de 1986, Portugal é membro de pleno direito da União Europeia. Desde então, muitas são as consequências positivas para a sociedade portuguesa, nomeadamente a ajuda ao desenvolvimento, a abertura ao mundo e a liberalização. Alguns efeitos negativos também se fazem sentir, especialmente nos sectores produtivos de maiores dificuldades: agricultura, pescas, minas e certas indústrias transformadoras. Do ponto de vista político, alguns problemas merecem reflexão. A conhecida opacidade e o designado «défice democrático» da União Europeia acrescentam-se a uma administração pública portuguesa tradicionalmente fechada, secretiva e distante dos cidadãos. A fraqueza da sociedade civil é outro factor que amplia as deficiências da democracia europeia.