Analgesia Regional em Medicina Intensiva – Posição de Consenso no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte

Analgesia Regional em Medicina Intensiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25751/rspa.26643

Palavras-chave:

Anestesia e Analgesia; Medicina Intensiva; Unidades de Cuidados Intensivos.

Resumo

A qualificação dos serviços de saúde representa um objetivo nuclear, inscrito na demanda da melhoria contínua dos cuidados. Definir modelos de intervenção com impacto incontornável na qualidade da medicina é, pois, um imperativo de atuação. A gestão da dor, sintoma nuclear com maior capacidade de afetar a qualidade de vida dos doentes, é determinante na prossecução desse objetivo. Em Medicina Intensiva, a dor é universal. Visível ou mitigada, é fundamental existir uma estratégia multidisciplinar, diferenciada e profissionalizada que entenda a dor como uma expressão dominante de doença crítica. A dor não controlada deteriora a qualidade de cuidados e tem efeitos clínicos conhecidos, como aumento do tempo de internamento, incidência de delirium ou stress pós-traumático1, condicionando pressão acrescida sobre o sistema de saúde.

Na visão tradicional, a mitigação da dor dependia da gestão de uma farmacopeia bem definida. Este modelo é arcaico, porque é clinicamente ineficaz e exclui novas linhas de ação multimodal. A inclusão de equipas especializadas parece, portanto, difícil de contestar. A capacidade de implementar modalidades terapêuticas analgésicas multimodais, privilegiando técnicas de analgesia regional (AR), associa-se a ganhos clínicos, traduzidos em métricas de qualidade e de desempenho assistencial. É, no entanto, necessário reconhecer a inerente complexidade e a especificidade destes algoritmos, exigindo-se o envolvimento de anestesiologistas com diferenciação específica e reconhecida na área da AR aplicada ao doente crítico. A capacidade na execução de técnicas guiadas por ecografia ou o conhecimento rigoroso das inovações na área da AR são apenas exemplos de competências core exigíveis a estes profissionais. Fundamentando-nos neste racional, foi implementada em 2020, na dependência do Serviço de Anestesiologia, em articulação protocolada com o Serviço de Medicina Intensiva, o núcleo profissional autónomo de Dor em Medicina Intensiva. A premissa funcional deve ser fluida, com definição de um circuito de referenciação, discussão precoce à cabeceira do doente, com prescrição e implementação de planos preventivos e personalizados de analgesia multimodal. A evidência de ganhos clínicos e de qualidade de cuidados é evidente, pelo que defendemos a criação de sistemas orgânicos similares nos diversos hospitais com serviços de Anestesiologia e Medicina Intensiva. Teríamos, com uma rede de cuidados médicos assim definida, forte possibilidade de impactar favoravelmente sobre a doença crítica aguda, estimulando adicionalmente a criação de registos multicêntricos, desenvolvimento de planos formativos partilhados entre a Medicina Intensiva e a Anestesiologia e promover a investigação clínica de qualidade.

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Referências

- Devlin JW, Skrobik Y, Gélinas C, Needham DM, Slooter AJC, Pandharipande PP, et al. Clinical Practice Guidelines for the Prevention and Management of Pain, Agitation/Sedation, Delirium, Immobility, and Sleep Disruption in Adult Patients in the ICU. Crit Care Med. 2018;46(9):e825-e873.

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Publicado

2022-04-22

Como Citar

Veiga, M., Galacho, J., Santos Silva, J., Ribeiro, J. M., & Ormonde, L. (2022). Analgesia Regional em Medicina Intensiva – Posição de Consenso no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte: Analgesia Regional em Medicina Intensiva. Revista Da Sociedade Portuguesa De Anestesiologia, 31(1). https://doi.org/10.25751/rspa.26643