Preditores Peri-operatórios de Lesão de Retalho Livre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Estudo Restrospetivo de Coorte
DOI:
https://doi.org/10.25751/rspa.17233Palavras-chave:
Anestesia; Complicações Pós-Operatórias; Índice de Massa Corporal; Neoplasias de Cabeça e Pescoço/cirurgia; Procedimentos Cirúrgicos Reconstrutivos/ efeitos adversos; Retalhos de Tecido BiológicoResumo
Introdução: A cirurgia de retalho livre microvascular melhora sobrevida e qualidade de vida. Contudo, desconhecemos a sua melhor abordagem anestésica. Pretendemos identificar preditores de lesão de retalho.
Métodos: Analisaram-se 87 doentes. O endpoint primário foi lesão do retalho (variável composta de perda total do retalho, infeção da ferida e re-intervenção a 30 dias).
Resultados: A lesão do retalho ocorreu em 18,6% dos doentes (n=16). A diferença de índice de massa corporal (IMC) foi estatisticamente significativa. Doentes com lesão de retalho apresentaram IMC de 20,56 [IQR 4,01] comparado a 22,03 [IQR 5,02]. O IMC teve poder discriminativo como preditor de lesão de retalho (AUC 0,67 CI:0,54-0,81). Com um limite de IMC de 21, doentes com IMC inferior tiveram maior risco (OR 3,96; CI: 1,24-12,69). Estes doentes foram mais frequentemente ventilados mecanicamente >48 horas (56,3% vs
17,4%, p<0,05) ou transfundidos no pós-operatório (56,3% vs 20,3%, p<0,05). Apresentaram maior tempo de internamento na unidade de cuidados intensivos (6,5 IQR 6 vs 4 IQR 4, p<0,05) e no hospital (37,5 IQR 36 vs 18 IQR 17, p<0,05).
Discussão:O estado nutricional deve ser uma prioridade. A associação a ventilação mecânica, transfusão no pós-operatório e internamento prolongado na unidade de cuidados intensivos reforça a importância da otimização dos cuidados pós-operatórios.
Conclusão:O índice de massa corporal, a ventilação mecânica, a transfusão sanguínea pós-operatória, o internamento em UCI e admissão hospitalar prolongados foram preditores de lesão do retalho. Há benefício na adoção de uma medicina peri-operatória estruturada. Estudos futuros são benéficos para esclarecer quais as práticas médicas relevantes.
Downloads
Referências
2. Leoncini E, Ricciardi W, Cadoni G, Arzani D, Petrelli L, Paludetti G, et al. Adult height and head and neck cancer: A pooled analysis within the INHANCE Consortium. Eur J Epidemiol. 2014;29:35-48. doi:
10.1007/s10654-013-9863-2.
3. Pereira CM, Figueiredo ME, Carvalho R, Catre D, Assunção JP. Anestesia e retalhos microvascularizados. Rev Bras Anestesiol. 2012;62:571-9.
4. Charters P, Ahmad I, Patel A, Russell S. Anaesthesia for head and neck surgery: United Kingdom National Multidisciplinary Guidelines. J Laryngol Otol. 2016;130(S2):S23-7. doi: 10.1017/S0022215116000384.
5. Kruse AL, Luebbers HT, Grätz KW, Obwegeser JA. Factors influencing survival of free-flap in reconstruction for cancer of the head and neck: a literature review. Microsurgery. 2010;30:242-8. doi: 10.1002/micr.20758.
6. Administração do Hospital Beatriz Ângelo. Relatório Anual sobre o Acesso a Cuidados de Saúde. Loures: HBA; 2014.
7. Remor CB, Bós AJ, Werlang MC. Características relacionadas ao perfil de fragilidade no idoso. Sci Med. 2011;21:107-12.
8. Haughey BH, Wilson E, Kluwe L, Piccirillo J, Fredrickson J, Sessions D, et al. Free flap reconstruction of the head and neck: Analysis of 241 cases. Otolaryngol - Head Neck Surg. 2001;125:10-7.
9. Üstün GG, Aksu AE, Uzun H, Bitik O. The systematic review and meta-analysis of free flap safety in the elderly patients. Microsurgery. 2017;37:442-50. doi: 10.1002/micr.30156.
10. Scott MJ, Baldini G, Fearon KCH, Feldheiser A, Feldman LS, Gan TJ, et al. Enhanced Recovery after Surgery (ERAS) for gastrointestinal surgery, part 1: Pathophysiological considerations. Acta Anaesthesiol Scand. 2015;59:1212-31. doi: 10.1111/aas.12601.
11. Khan MN, Russo J, Spivack J, Pool C, Likhterov I, Teng M, et al. Association of body mass index with infectious complications in free tissue transfer for head and neck reconstructive surgery. JAMA Otolaryngol Neck Surg. 2017;143:574-9. doi: 10.1001/jamaoto.2016.4304.
12. Naderi N, Kleine C, Park C, Hsiung JT, Soohoo M, Tantisattamo E, et al. Obesity paradox in advanced kidney disease: from bedside to the bench. Prog Cardiovasc Dis. 2018;6:168-81. doi: 10.1016/j.pcad.2018.07.001.
13. Fitness IR, Milani R V, Blair SN, Milani RV, Blair SN. Obesity and cardiovascular diseases and severity in the obesity paradox. J Am Coll Cardiol. 2014;63:1345-54. doi: 10.1016/j.jacc.2014.01.022.
14. Wang S, Ren J. Obesity paradox in aging: from prevalence to pathophysiology. Prog Cardiovasc Dis. 2018; 61:182-9. doi: 10.1016/j.pcad.2018.07.011.
15. Coyle MJ, Main B, Hughes C, Craven R, Alexander R, Porter G, et al. Enhanced recovery after surgery (ERAS) for head and neck oncology patients. Clin Otolaryngol. 2016;41:118-26. doi: 10.1111/coa.12482.
16. Mitchell CA, Goldman RA, Curry JM, Cognetti DM, Krein H, Heffelfinger R, et al. Morbidity and survival in elderly patients undergoing free flap reconstruction: a retrospective cohort study. Otolaryngol Neck Surg. 2017;157:42-7. doi: 10.1177/0194599817696301.
17. Ibrahim AM, Kim PS, Rabie AN, Lee BT, Lin SJ. Vasopressors and reconstructive flap perfusion: a review of the literature comparing the effects of various pharmacologic agents. Ann Plast Surg. 2014;73:245-8. doi: 10.1097/
SAP.0b013e31828d70b3.
18. Scholz A, Pugh S, Fardy M, Shafik M, Hall JE. The effect of dobutamine on blood flow of free tissue transfer flaps during head and neck reconstructive surgery. Anaesthesia. 2009;64:1089-93. doi: 10.1111/j.1365-2044.2009.06055.x.
19. Paiste J, Simmons JW, Vetter TR. Enhanced recovery after surgery in the setting of the perioperative surgical home. Int Anesthesiol Clin. 2017;55:135-47. doi: 10.1097/AIA.0000000000000160.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Os artigos estão livremente disponíveis para serem lidos, descarregados e partilhados a partir do momento da sua publicação.
A RSPA reserva-se o direito de comercialização do artigo enquanto parte integrante da revista (na elaboração de separatas, por exemplo). O autor deverá acompanhar a carta de submissão com a declaração de cedência de direitos de autor para fins comerciais.
Relativamente à utilização por terceiros a Revista da SPA rege-se pelos termos da licença Creative Commons “Atribuição – uso Não-Comercial (CC BY-NC).
Após publicação na RSPA, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados.