Migração de regresso na reforma

Tensões e negociações no casal

Auteurs-es

  • Liliana Azevedo Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, Portugal; nccr - on the move (Swiss Center for Competence in Research - The Migration Mobility Nexus) & Swiss Forum for Migration and Population Studies, University of Neuchâtel, Switzerland https://orcid.org/0000-0002-8172-9279

Mots-clés :

migração de regresso, transição para a reforma, género, negociações no casal, Suíça

Résumé

O artigo propõe analisar a questão da migração de regresso de casais portugueses na Suíça em idade de reforma usando o género como categoria de análise (Scott, 1986). São apresentados quatro casos de casais no seio dos quais as intenções de regresso são divergentes e analisados alguns elementos que sustentam essas discordâncias e provocam tensões entre cônjuges. Se, num primeiro momento, poder-se-á interpretar o regresso como desejado pelos maridos e não pelas mulheres, na discussão são dados exemplos contrários, que permitem evidenciar alterações ao nível dos papéis tradicionais de género em determinados contextos e momentos do ciclo de vida. Constantemente negociados e redefinidos, os papéis de género não são imutáveis, e, por conseguinte, são suscetíveis de voltar a alterar-se após o regresso, em particular quando a reintegração em Portugal se faz em zonas rurais.

Références

Aboim, S. (2012). Do público e do privado: uma perspectiva de género sobre uma dicotomia moderna. Estudos Feministas, Florianópolis, 20(1), 95–117. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000100006

Azevedo, L. (2018, 10-12 julho). Emigrantes portugueses/as na reforma: O caso da Suíça. Mobilidade, envelhecimento, género e transnacionalidade [Poster]. X Congresso Português de Sociologia, Universidade da Beira Interior, Covilhã. http://hdl.handle.net/10071/16231

Bolzman, C., Fibbi, R., Vial, M. (2006). What To Do After Retirement? Elderly Migrants and the Question of Return. Journal of Ethnic and Migration Studies, 32(8), 1359–1375. https://doi.org/10.1080/13691830600928748

Boschilia, R. (2017). As mulheres imigrantes portuguesas sob o véu da invisibilidade. In L.F. Beneduzi, M.C. Dadalto, Mobilidade humana e circularidade de ideia: Diálogos entre a América Latina e a Europa (pp. 41–54). Veneza: Edizioni Ca’Foscari. https://doi.org/10.14277/978-88-6969-122-5

Brettell, C. (1978). Já chorei muitas lágrimas. Crónica de uma mulher portuguesa imigrada em França. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa.

Brettell, C. (1991 [1987]). Homens que partem, mulheres que ficam esperam: consequências da emigração numa freguesia minhota. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Christou, A. (2003). Migrating Gender: Feminist Geographies in Women's Biographies of Return Migration. Michigan Feminist Studies, 17, 71–103. http://hdl.handle.net/2027/spo.ark5583.0017.004

D’Amato, G. (2008). Une revue historique et sociologique des migrations en Suisse. Annuaire suisse de politique de développement, 27(2), 169–187. https://doi.org/10.4000/aspd.511

De Coulon, A., Wolff, F.-C. (2010). Location intentions of immigrants at stay/return or go ‘back and forth’?. Applied Economics, 42 (26), 3319–3333. https://doi.org/10.1080/00036846.2010.482518

Feldman-Bianco, B., & Huse, D. (1995). Entre a saudade da terra e a América: mulheres imigrantes. Ler História, 27-28, 45–73.

Gaspar, F. (1998). Invisíveis, diabolizadas, instrumentalizadas: figuras de mulheres migrantes e das suas filhas na Europa, Revista Crítica de Ciências Sociais, 50, 83–101.

Girma, H. (2017). The salience of gender in return migration. Sociology Compass, 11, e12481. https://doi.org/10.1111/soc4.12481

Hondagneu-Sotelo, P. (2013). New Directions in Gender and Immigration Research. In S.J. Gold, S. Nawyn (Eds.), Routledge International Handbook of Migration Studies (pp.180–188). London and New York: Routledge.

Klinthäll, M. (2006). Retirement Return Migration from Sweden. International Migration, 44 (2), 153–180. https://doi.org/10.1111/j.1468-2435.2006.00367.x

Lahire, B. (2011 [1998]), L’homme pluriel: les ressorts de l’action, Fayard/Pluriel.

Leandro, M.E. (2002). Dinâmica familiar e migrações. A situação das famílias portuguesas na Alemanha e em França. Actas do Colóquio Internacional “Família, Género e Sexualidade nas Sociedades Contemporâneas” (pp. 57–62), Lisboa: Associação Portuguesa de Sociologia.

Marques, J.C. (2008). Os Portugueses na Suíça. Migrantes Europeus. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

Massey, D.B. (1994). Space, Place and Gender. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Monteiro, P. (1994), Emigração: O eterno mito do retorno, Lisboa: Celta.

Morokvašić, M. (1984). Birds of passage are also women…, International Migration Review, 18(4), 886–907.

Morokvašić, M. (2014). Gendering Migration. Migracijske i etničke teme / Migration and Ethnic Themes, 30(3), 355–378. https://doi.org/10.11567/met.30.3.4

Neves, A.S., Nogueira, C., Topa, J., Silva E. (2016). Mulheres imigrantes em Portugal: uma análise de gênero. Estudos de Psicologia (Campinas), 33(4), 723–733. https://doi.org/10.1590/1982-02752016000400015

Nizza da Silva, M.B. (1986). A mulher no contexto da imigração portuguesa no Brasil. Análise Social, 92-93, 653–659.

Pereira, C., & Azevedo, J. (Eds.) (2019). New and Old Routes of Portuguese Emigration. Uncertain Futures at the Periphery of Europe. Imiscoe Research Series: Springer Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-15134-8_1

Pereira, M.M. (no prelo). Fazer sociologia, reproduzir estereótipos? Transformando a construção do género na sociologia portuguesa. Análise Social.

Scott, J.W. (1986). A Useful Category of Historical Analysis. The American Historical Review, 91(5), 1053–107.

Vlase, I. (2013). ‘My Husband Is a Patriot!’: Gender and Romanian Family Return Migration from Italy. Journal of Ethnic and Migration Studies, 39 (5), 741–758. https://doi.org/10.1080/1369183X.2013.756661

Wall, K., & Aboim, S. (2015). Gender in ageing Portugal: following the lives of men and women. In K. Komp, S. Johansson (Eds.), Population Ageing from a Lifecourse Perspective: Critical and International approaches (pp. 65–84), London: Policy Press. https://doi.org/10.1332/policypress/9781447310716.001.0001

Wall, K. (1982). Outra face da emigração: estudo sobre a situação das mulheres que ficam no país de origem, Lisboa: Comissão da Condição Feminina.

Wall, K. (1984). Mulheres que partem e mulheres que ficam: uma primeira análise da função social e económica da mulher no processo migratório. Ler História, 3, 53–63.

Zontini, E. (2015). Growing old in a transnational social field: belonging, mobility and identity among Italian migrants. Ethnic and Racial Studies Review, 38(2), 326-341. https://doi.org/10.1080/01419870.2014.885543.

Téléchargements

Publié-e

2022-06-15

Numéro

Rubrique

Dossier Article