In memoriam: Fernando Florêncio
DOI:
https://doi.org/10.15847/cea48.43861Resumo
Antropólogo comprometido com o conhecimento, professor cativante, cientista social despegado de caminhos acríticos. Ateu empedernido e estudioso de religiões e rituais, professava uma relação genuína com a verdade despida de adereços. Praticava uma antropologia vazia de preconceitos, alinhado com povos em vez de elites, que o levaram a terrenos empiricamente férteis, porém duros e pesados, esmagadoramente rurais, quase nunca modernos. Aprendeu-a na teoria e na prática, no Iscte - Instituto Universitário de Lisboa e no Ruanda, Moçambique e Angola, sempre em sociedades em conflito ou pós-conflito. Foi lá que firmou o seu saber e que gerou conhecimento, mas também onde susteve perdas importantes de amigos e conhecidos. Nunca se deixou abater, não sem volta, este antropólogo que, provavelmente, tinha nascido para ser baixista de rock.
Era frequentemente convidado a proferir seminários, aulas e palestras, onde oferecia histórias das várias peripécias, aventuras, horrores e vitórias vividas durante o seu trabalho de campo. Sempre pragmático e metafórico, aconselhou e orientou dezenas de estudantes que lhe pediam conselhos para trabalhar em contextos diferentes. Podia ser facilmente encontrado a fumar e a conversar com estudantes à porta do departamento que o acolheu na Universidade de Coimbra.
Ao longo da sua carreira Fernando Florêncio colaborou várias vezes com a revista Cadernos de Estudos Africanos. Foram vários artigos e dezenas de trabalhos de revisão, além de outras publicações no âmbito do Centro de Estudos Africanos/Centro de Estudos Internacionais, de que é exemplo a sua segunda monografia,Vozes do Universo Rural: Reescrevendo o Estado em África. O seu trabalho de reconhecido mérito somou conhecimento a estudantes de estudos africanos, antropologia e história, abrindo muitas portas que até então não eram visíveis desde o horizonte académico nacional.
Vasco Martins
Diretor, Cadernos de Estudos Africanos
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