Autoridades Tradicionais e Estado moçambicano: o caso do distrito do Búzi

Autores

Palavras-chave:

Autoridade Tradicional, Estado, Reprodução social, Ndau, Búzio, Sofala, Moçambique

Resumo

O presente artigo pretende equacionar o modelo de relacionamento entre o Estado moçambicano e as autoridades tradicionais vaNdau, baseiando-se no estudo de caso do distrito do Búzi, na Província de Sofala. A argumentação defendida parte da consideração que as autoridades tradicionais vaNdau desempenham um papel de intermediários entre o Estado e as populações rurais, retirando a legitimidade política do seu posicionamento de charneira quer do modelo tradicional de reprodução Ndau quer do seu estatuto de «representantes» locais do Estado. Nesse sentido, elas relacionam, num equilíbrio precário, complexo e ambivalente, dois modelos de reprodução social em confronto, o estatal e o tradicional.

Referências

J. ALEXANDER (1994), «Terra e Autoridade Política no Pós-Guerra em Moçambique: O Caso da Província de Manica», in Arquivo (revista do Arquivo Histórico de Moçambique, Maputo), n.º 16, pp. 5-94.

J. ALEXANDER (1997), «The Local State in Post-War Mozambique: Political Practice and Ideas About Authority», in Africa: Journal of the International African Institute, 67 (1), pp. 1-25.

DOI : 10.2307/1161268

ARPAC (1993), «A Organização Política Ndau», in Recortes (revista da ARPAC, Maputo), n.º 5, pp. 25-30.

D. BEACH (1993), «As Origens de Moçambique e Zimbabwe: Paiva de Andrada, a Companhia de Moçambique e a Diplomacia Africana, 1881-91», in Arquivo, n.º 13. Franz BOAS (1920), «Abhandlungen und Vorträge. Der Seelenglaube der Vandau», in Zeitschrift für Ethnologie, vol. 52/53, n.º 1, pp. 1-5.

Franz BOAS (1922), «Das Verwandtschaftssystem der Vandau», in Zeitschrift für Ethnologie, vol. 54, pp. 41-51.

Franz BOAS (1923), «Ethnographische Bemerkungem über die Vandau», in Zeitschrift für Ethnologie, vol. 55, pp. 6-31.

J. A. G. M. BRANQUINHO (1966), «Prospecção das Forças Tradicionais. Manica e Sofala», Relatório do SCCI, Lourenço Marques.

E. Dora EARTHY (1930), «Sundry Notes on the Vandau of Sofala, P. E. A.», in Bantu Studies, vol. 4, n.º 2, pp. 95-107.

E. Dora EARTHY (1931), «Note on the “Totemism” of the Vandau», in Bantu Studies, vol. 5, pp. 77-79.

E. Dora EARTHY (1935), «A Vandau Ordeal of Olden Times», in Bantu Studies, vol. 9, n.º 2, pp. 159-161.

J. F. FELICIANO & V. H. NICOLAU [eds.] (1998), Memórias de Sofala. Etnografia e História das Identidades e da Violência entre os diferentes Poderes no Centro de Moçambique, séculos XVIII e XIX, textos de João Julião da Silva, Zacarias Herculano da Silva e Guilherme Ezequiel da Silva, Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa.

F. FLORÊNCIO (1994), Processos de Transformação Social no Universo Rural Moçambicano, Pós-Colonial. O Caso do Distrito do Búzi, dissertação de mestrado, ISCTE, Lisboa.

F. FLORÊNCIO (2002), «Identidade étnica e práticas políticas entre os vaNdau de Moçambique», Cadernos de Estudos Africanos, n.º 3, ISCTE, pp. 39-63.

C. GEFFRAY (1990), La Cause des Armes au Mozambique, Karthala, Paris.

M. HERSKOVITS (1923), «Some Property Concepts and Marriage Customs of the Vandau», in American Anthropologist, vol. 25, n.º 3, pp. 376-386.

DOI : 10.1525/aa.1923.25.3.02a00060

H. Ph. JUNOD (1934), «A Contribution to the Study of Ndau Demography, Totemism and History», in Bantu Studies, vol. 8, n.º 1, pp. 17-37.

H. Ph. JUNOD (1935), «Les Vandau de l’Afrique Orientale Portugaise», in Bulletin de la Société Neuchâteloise de Géographie, vol. 44, pp. 20-28.

H. Ph. JUNOD (1939), Os indígenas de Moçambique no século XVI e comêço do XVII segundo os antigos documentos portugueses da época dos Descobrimentos, Imprensa Nacional de Moçambique, Lourenço Marques.

R. J. KEITH (1987), «Christianity, Colonialism and the origins of Nationalism among the Ndau of Southern Rhodesia, 1890-1935», Tese de Doutoramento, UMI, Michigan.

G. P. LOPES (1928), Respostas ao Questionário Etnográfico, Companhia de Moçambique, Beira.

I. B. LUNDIN & F. J. MACHAVA [eds.] (1995), Autoridade e Poder Tradicional, vol. 1 & 2, Ministério da Administração Interna, Núcleo de Desenvolvimento Administrativo, Maputo.

B. NEIL-TOMLINSON (s.d., 197?), «The Mozambique Chartered Company, 1892 to 1910», dissertação de doutoramento, SOAS, Londres.

A. RITA-FERREIRA ;(1958), Agrupamento e Caracterização Étnica dos Indígenas de Moçambique, Ministério do Ultramar, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa.

A. RITA-FERREIRA (1982), Fixação Portuguesa e História Pré-Colonial de Moçambique, IICT/JICU, Lisboa.

A. RITA-FERREIRA (1999), African Kingdoms and Alien Settlements in Central Mozambique (c. 15th-17th Centuries), Coimbra, Departamento de Antropologia da Universidade de Coimbra.

O. ROESCH (1992), «Peasants, War and “Tradition” in Central Mozambique», Department of Anthropology, Trent University, Ontario, draft papper.

T. TROTHA (1996), «From Administrative to Civil Chieftaincy. Some Problems and Prospects of African Chieftaincy», in Journal of Legal Pluralism and Unofficial Law, n.º 37/38, pp. 79-108.

A. YÁÑEZ-CASAL (1996), Antropologia e Desenvolvimento. As Aldeias Comunais de Moçambique, MCT/IICT, Lisboa.

Downloads

Publicado

2016-02-26