Tempo até ao diagnóstico de doença oncológica pediátrica: Experiência de 10 anos de um hospital de Nível II
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v28.i4.15328Palavras-chave:
criança, neoplasia, tempo até diagnósticoResumo
Introdução: Apesar de a doença oncológica ser rara em Pediatria, é uma das principais causas de morbimortalidade. Reduzir o tempo até ao diagóstico e permitir o início precoce da terapêutica são questões prioritárias. O objetivo deste estudo consistiu em avaliar o tempo até ao diagnóstico e possíveis factores associados.
Métodos: Foi realizado um estudo descritivo e observacional baseado na recolha de dados retrospetivos de registos clínicos referentes a casos de neoplasia diagnosticados entre 2007 e 2016 no Serviço de Pediatria de um hospital de Nível II. Foram utilizados os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, e o teste de correlação de Spearman para avaliar a existência de diferenças no tempo até ao diagnóstico entre subgrupos de crianças definidos em função do diagnóstico, idade, sexo, idade dos pais e local da primeira observação médica.
Resultados: Foram incluídas 105 observações: 48 (46%) relativas a tumores do sistema nervoso central, 32 (30%) a tumores hematológicos e 25 (24%) a tumores sólidos. No grupo de tumores hematológicos, crianças mais velhas demoraram mais tempo a procurar serviços médicos (r=0.38, p=0.04) e crianças inicialmente observadas nos cuidados de saúde primários foram diagnosticadas mais tarde comparativamente às crianças inicialmente observadas em serviços de urgência pediátrica (mediana 1,9 vs 0 semanas, p=0,01). A mediana do número de observações médicas prévias ao diagnóstico foi de 1 (min=0; max=7).
Conclusões: As discrepâncias identificadas no tempo até ao diagnóstico entre diferentes tipos de serviços médicos revelam uma oportunidade de melhoria ao nível dos cuidados de saúde primários. Deve manter-se um elevado grau de suspeita clínica, especialmente em adolescentes, que tipicamente apresentam um tempo mais longo até ao diagnóstico.
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