Internamento por tosse convulsa – casuística de 10 anos de um hospital de nível III

Autores

  • Inês Ferreira S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Diana Pinto S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Vasco Lavrador S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Alexandre Fernandes S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Maria Guilhermina Reis S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Margarida Guedes S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto
  • Laura Marques S. de Pediatria do Centro Materno Infantil do Norte do Centro Hospitalar do Porto

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v25.i4.10797

Palavras-chave:

Bordetella pertussis, criança, internamento, tosse convulsa, vacinação

Resumo

Introdução: A tosse convulsa continua a ser uma preocupação em idade pediátrica. Os adolescentes e adultos são reconhecidos como fonte de transmissão de doença, particularmente para lactentes sem primovacinação completa. Pretende-se caracterizar os casos de tosse convulsa sob o ponto de vista epidemiológico, clínico e terapêutico.

Material e Métodos: Estudo observacional, descritivo, através da análise retrospetiva dos processos clínicos dos doentes internados por infeção por Bordetella pertussis (identificada por método de PCR) no Serviço de Pediatria de um hospital nível III entre Janeiro de 2005 e Dezembro de 2014.

Resultados: Foram internados 43 doentes, com uma duração mediana de oito dias. Verificou-se maior número de internamentos nos anos de 2008 e 2012, com predomínio no Verão. Apresentavam uma mediana de idades de 2,5 meses (mínimo 12 dias, máximo 16 anos), 86,0% dos quais (n=37) eram lactentes sem primovacinação completa. Todos os doentes apresentavam tosse e 48,8% (n=21) tinham contexto sugestivo de coqueluche. Todos foram medicados com macrólido, com intervalo entre o início dos sintomas e da terapêutica, mediano de oito dias (mínimo 2; máximo 60 dias). Verificou-se coinfeção vírica em 21,6% (n=14). Dez doentes foram internados em cuidados intensivos e registaram-se dois óbitos.

Discussão e Conclusões: À semelhança de outros estudos, verificou-se um pico de incidência no ano de 2012. Os lactentes foram o grupo mais vulnerável para infeção por Bordetella pertussis, com maior número de internamentos. Parecem ser necessárias novas estratégias de prevenção complementares às existentes para reduzir a ocorrência desta infeção neste grupo etário.

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Publicado

2017-02-03

Como Citar

1.
Ferreira I, Pinto D, Lavrador V, Fernandes A, Reis MG, Guedes M, Marques L. Internamento por tosse convulsa – casuística de 10 anos de um hospital de nível III. REVNEC [Internet]. 3 de Fevereiro de 2017 [citado 18 de Agosto de 2024];25(4):205-10. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/10797

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