Qualidade dos registos no Boletim de Saúde da Grávida: a importância para o neonatologista
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v26.i1.11799Palavras-chave:
Boletim de saúde da grávida, cuidados pré-natais, complicações da gravidez, saúde do recém-nascido, testes serológicos de rastreio na gravidezResumo
Introdução: O Boletim de Saúde da Grávida (BSG) é uma ferramenta de transmissão dos dados da gestação fundamentais para uma completa observação do recém-nascido logo após o parto. O objetivo deste estudo consistiu na análise da qualidade dos registos do BSG.
Métodos: Foram colhidos os registos de uma amostra de conveniência de puérperas internadas entre março e junho de 2014. A apreciação do preenchimento dos BSG foi realizada tendo em conta a calendarização preconizada pela Direção Geral de Saúde (DGS). Para a análise estatística utilizou-se SPSS20®, considerando-se dados estatisticamente significativos se p<0,05.
Resultados: Das 468 puérperas: 98% foram gestações vigiadas, 44% no centro de saúde (CS), 21% em obstetra particular (OP), 24% em consulta hospitalar e 11% em múltiplos locais.
Encontraram-se registos corretos para o grupo sanguíneo em 96%, hemograma em 60%, rastreio diabetes gestacional em 59%, pesquisa Streptococcus do grupo B em 76%, ecografias em 87%, serologia para VIH em 64%, VHB em 72% e para toxoplasmose em 66%. Estes registos não apresentaram uma relação significativa com o local de vigilância. Verificou-se uma relação entre os registos corretos para sífilis e vacina do tétano na vigilância no CS (p<0,001). Apesar de não previsto na norma, 13% apresentavam registo serológico para CMV e 27% do VHC, observando-se uma relação significativa com o seguimento em OP (respetivamente p<0,001 e p=0,03).
Conclusão: Apesar da maioria dos BSG apresentarem
registos corretos, estes podem ainda ser melhorados e é necessária uma maior uniformização para a obtenção de informações claras na primeira observação do recém-nascido.
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