Aleitamento materno: o que mudou em 12 anos

Autores

  • Patrícia Romão Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Filipa Durão Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Sandra Valente Unidade de Neonatologia, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa
  • Joana Saldanha Unidade de Neonatologia, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v26.i3.13491

Palavras-chave:

Aleitamento materno, epidemiologia da amamentação, recém-nascido

Resumo

Introdução: Nas últimas décadas têm-se desenvolvido iniciativas para a promoção e proteção do aleitamento materno (AM). Este estudo pretende avaliar a taxa de manutenção de AM na maternidade e a sua manutenção aos três e aos seis meses de vida, no ano de 2012 num hospital de apoio perinatal diferenciado e comparar os resultados com os obtidos em estudos anteriores, em 2000 e 2003, realizados na mesma instituição.


Material e Métodos: Estudo longitudinal prospetivo. Amostra de conveniência dos recém-nascidos internados na maternidade de 1 de fevereiro a 30 de abril de 2012. Recolheram-se dados sociodemográficos, perinatais e determinantes da interrupção do AM, na maternidade, aos três e seis meses de vida e comparam-se com os dados dos estudos realizados em 2000 e 2003 na mesma instituição.

Resultados: Incluíram-se 292 díadas mãe/filho. Em comparação com os estudos anteriores, as mães apresentavam uma idade média e nível de escolaridade superior. Relativamente ao estudo de 2000, verificou-se um aumento da percentagem de prematuros, uma redução dos partos por cesariana bem como uma diminuição na administração de leite para lactantes (LPL) e tempo da primeira mamada. Constatou-se um aumento da taxa do AM na maternidade (98%) em comparação ao ano de 2003 (91%). Obtivemos um menor número de respostas aos 3 e 6 meses de seguimento relativamente aos estudos anteriores, mantendo-se o AM, respetivamente em 78,7% e 53,1% dos casos avaliados nestes dois períodos. A hipogaláctia manteve-se a principal causa de aleitamento de substituição. Aos seis meses, a iniciativa da interrupção foi maioritariamente tomada pela mãe.


Discussão/Conclusão: Todas as mães que iniciaram o AM na maternidade mantiveram-no até à alta o que representa um incentivo às iniciativas de promoção do AM na maternidade desenvolvidas ao longo dos anos. A redução da administração de leite para lactante e do tempo até início do AM, representaram ganhos na sua promoção.
A hipogaláctia manteve-se a principal causa de abandono mas contrariamente aos estudos anteriores a iniciativa da interrupção do AM foi mais frequentemente tomada pela mãe. É premente a criação de políticas e estruturas na comunidade que visem o apoio à manutenção do AM após a alta hospitalar.

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Biografia Autor

Patrícia Romão, Serviço de Pediatria, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa

Department of Pediatrics, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte. Centro Académico de Medicina de Lisboa

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Como Citar

1.
Romão P, Durão F, Valente S, Saldanha J. Aleitamento materno: o que mudou em 12 anos. REVNEC [Internet]. 21 de Novembro de 2017 [citado 20 de Maio de 2025];26(3):171-7. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/13491

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