Caracterização da população de mulheres grávidas seguidas num serviço de saúde mental

Autores

  • Tiago Ferreira Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
  • Sara Dehanov Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
  • Catarina Oliveira Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
  • Sara Castro Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
  • Raquel Ribeiro Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
  • Teresa Maia Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v29.i3.17113

Palavras-chave:

cuidados perinatais, gravidez, psicopatologia, saúde mental

Resumo

Introdução: Alterações psicopatológicas são comuns durante a gravidez e a sua deteção e referenciação a cuidados especializados é frequentemente deficitária. O objetivo deste estudo foi efetuar uma análise descritiva de dados sociodemográficos, de saúde mental e obstétricos de uma amostra de grávidas em seguimento em consulta de Psiquiatria.
Material e Métodos: Este foi um estudo transversal e descritivo. A amostra foi selecionada por cruzamento dos processos de doentes com seguimento em consulta de Ginecologia/Obstetrícia e Psiquiatria no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca entre 2014 e 2016. Foram obtidos 76 processos, tendo sido colhidas e analisadas variáveis previamente identificadas na literatura como estando associadas a risco de desenvolvimento de alterações psicopatológicas durante a gravidez.
Resultados e Discussão: Foram identificados fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos, nomeadamente ausência de relacionamento afetivo durante a gestação (n=11; 14,5%), ser imigrante de 1ª geração (n=17; 22,4%) e consumos toxicofílicos antes (n=18; 23,7%) ou durante (n=10; 13,1%) a gravidez. A amostra foi dividida entre mulheres com acompanhamento pregresso em Psiquiatria que engravidaram (n=44; 57,9%) e mulheres referenciadas para consulta de Psiquiatria durante a gestação (n=32; 42,1%). Neste segundo grupo, 18,8% (n=6) das referenciações foram feitas a partir dos cuidados de saúde primários, sendo importante perceber se tal se trata de uma sub-referenciação. Foram prescritos 21 fármacos da categoria de risco D, o que alerta para a necessidade de precaução na prescrição farmacológica e de considerar alternativas não farmacológicas (e.g. terapia cognitivo-comportamental) na orientação destes casos.
Conclusões: Este estudo permitiu identificar fatores de risco para psicopatologia, representando uma oportunidade de otimizar a prática clínica e o seguimento destas doentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Tiago Ferreira, Serviço de Saúde Mental, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

Interno Formação Específica em Psiquiatria

Referências

Vesga-Lopez O, Blanco C, Keyes K, Olfson M, Grant BF, Hasin DS. Psychiatric Disorders in Pregnant and Postpartum Women in the United States. Arch Gen Psychiatry. 2008; 65:805–15.

Esteves M. Doença mental na Gravidez. (Tese para obtenção de grau de Mestre em Medicina). Inst Ciências Biomédicas Abel Salazar - Univ do Porto. 2012.

Kingston D, Tough S, Whitfield H. Prenatal and Postpartum Maternal Psychological Distress and Infant Development : A Systematic Review. Psychiatry Hum Dev. 2012; 43:683-714.

Macedo AF, Pereira AT. Saúde mental perinatal. LIDEL, editor. Lisboa; 2014.

Ulrich F, Petermnan F. Consequences and Possible Predictors of Health-damaging Behaviors and Mental Health Problems in Pregnancy – A Review. Geburtshilfe Frauenheilkd. 2016; 76:1136–56.

NICE (National Collaborating Centre for Mental Health), Antenatal and Postnatal Mental Health: The NICE Guideline on Clinical Management and Service Guidance, The British Psychological Society & The Royal College of Psychiatrists. 2007.

Weinreb L, Byatt N, Moore Simas TA, Tenner K, Savageau JA. What Happens to Mental Health Treatment During Pregnancy? Women’s Experience with Prescribing Providers. Psychiatr Q. 2014; 85:349–55.

Byatt N, Simas T, Lundquist R, Johnson J, Ziedonis D. Strategies for improving perinatal depression treatment in North American outpatient obstetric settings. J Psychosom Obstet Gynecol. 2012; 33:143–61.

Kingston D, Austin MP, Heaman M, McDonald S, Lasiuk G, Sword W, et al. Barriers and facilitators of mental health screening in pregnancy. J Affect Disord. 2015; 186:350–7.

Kopelman R, Moel J, Mertens C, Stuart S, Arndt S, O’Hara M. Barriers to Care for Antenatal Depression. Psychiatr Serv. 2008; 59:429–32.

Maia T. Determinants of mother-baby relationship evaluated during pregnancy. (Tese para obtenção de grau de Doutor) Escola de Saúde Pública – Universidade Nova de Lisboa. 2014.

Instituto Nacional de Estatística 2015. Anuário Estatístico da Área Metropolitana de Lisboa, Edição de 2016.

Latif Z. The maternal mental health of migrant women. A Race Equality Foundation Briefing Paper. 2014.

Almeida, LM, Costa-Santos, C, Caldas, JP, Dias, S, Ayres-de-Campos, D. The impact of migration on women’s mental health in the postpartum period. Revista de Saúde Pública. 2016; 50(0).

Cook JL, Green CR, de la Ronde S, Dell CA, Graves L, Ordean A, et al. Epidemiology and Effects of Substance Use in Pregnancy. J Obs Gynaecol Can. 2017; 39:906–15.

Murphy-Eberenz K, Zandi P, March D, Crowe R, Scheftner W, Alexander M, et al. Is perinatal depression familial? J Affect Disord. 2006; 90:49–55.

Biaggi A, Conroy S, Pawlby S, Pariante C. Identifying the women at risk of antenatal anxiety and depression: A systematic review. J Affect Disord. 2016; 191:62–77.

Bassi M, Delle Fave A, Cetin I, Melchiorri E, Pozzo M, Vescovelli F, et al. Psychological well-being and depression from pregnancy to postpartum among primiparous and multiparous women. J Reprod Infant Psychol. 2017;35:183–95.

Sockol L, Battle C. Maternal attitudes, depression, and anxiety in pregnant and postpartum multiparous women. Arch Women’s Ment Heal. 2015;18:585–93.

Ferracini AC, Rodrigues AT, Visacri MB, Stahlschmidt R, Silva NMOD, Surita FG, et al. Potential Drug Interactions and Drug Risk during Pregnancy and Breastfeeding: An Observational Study in a Women’s Health Intensive Care Unit. Rev Bras Ginecol Obs. 2017;39:258–64.

Alwan S, Reefhuis J, Rasmussen S, Friedman J. Patterns of antidepressant medication use among pregnant women in a United States population. J Clin Pharmacol. 2011;51:264–70.

Chaudron L. Complex Challenges in Treating Depression During Pregnancy. Am J Psychiatry. 2013;170:12–20.

van Ravesteyn L, Lambregtse-van den Berg M, Hoogendijk W, Kamperman A. Interventions to treat mental disorders during pregnancy: A systematic review and multiple treatment meta-analysi. PLoS One. 2017;12:e0173397.

Downloads

Publicado

2020-08-06

Como Citar

1.
Ferreira T, Dehanov S, Oliveira C, Castro S, Ribeiro R, Maia T. Caracterização da população de mulheres grávidas seguidas num serviço de saúde mental. REVNEC [Internet]. 6 de Agosto de 2020 [citado 29 de Agosto de 2024];29(3):135-41. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/17113

Edição

Secção

Artigos Originais