O rapaz a quem acontecem coisas: caso clínico de uma condição outrora designada “histeria”
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v29.i4.18483Palavras-chave:
adolescente, amnesia dissociativa, criança, histeria, perturbação conversiva, perturbações dissociativasResumo
Introdução: Embora banida das atuais classificações de doenças mentais, a condição anteriormente conhecida como histeria apresenta manifestações clínicas que continuam a intrigar os clínicos. Neste artigo, é feita uma breve revisão sobre o conceito de histeria, bem como mecanismos psicológicos subjacentes e atuais derivados: perturbações conversivas e dissociativas.
Caso Clínico: É descrito o caso de um adolescente de 17 anos de idade, previamente saudável, com um quadro clínico de início súbito de perda total de força nos membros inferiores. Após avaliação por neuropediatria, foi diagnosticada Perturbação de Conversão. Dois meses depois, o adolescente desenvolveu estados de transe e possessão, com necessidade de internamento. Mais tarde, evidenciou amnésia dissociativa. Apesar do sofrimento psicológico subjacente aos sintomas, la belle indifference foi também um aspeto significativo.
Discussão: Neste artigo, é apresentada uma reflexão crítica sobre as referidas condições clínicas e dificuldades diagnósticas que podem surgir face à inconsistência e variabilidade das manifestações clínicas que lhes estão associadas.
Conclusão: Através deste caso clínico, os autores pretendem alertar para o risco de uma demanda recorrente de cuidados que pode culminar em dano iatrogénico e atraso no tratamento adequado.
Downloads
Referências
Dmytriw AA. Gender and sex manifestations in hysteria across medicine and the arts. Eur Neurol. 2014; 73:44–50.
Silva LS, Ceccarelli PR. Histeria e masculinidade em Freud e na contemporaneidade TT - Hysteria and masculinity in Freud and in Contemporaneity. Estud psicanal [Internet]. 2016; 45:101–9.
Association AP. Diagnostic and statistical manual of mental disorders, DSM-5. 2013.
Stone J, Smyth R, Carson A, Warlow C, Sharpe M. La belle indifference in conversion symptoms and hysteria. British Journal of Psychiatry. 2006; 188:204-9.
Kozlowska K, Chudleigh C, Cruz C, Lim M, McClure G, Savage B, et al. Psychogenic non-epileptic seizures in children and adolescents: Part II – explanations to families, treatment, and group outcomes. Clinical Child Psychology and Psychiatry. 2018; 23:160-76.
Fiertag, Olivia; Taylor, Sharon; Tareen, Amina; Gerralda E. Somatoform Disorders. In: IACAPAP e-Textbook of child and adolescent mental health. 2012.
Kozlowska K. The developmental origins of conversion disorders. Clin Child Psychol Psychiatry. 2007; 12:487–510.
Ouss L, Tordjman E. Conversive disorders among children and adolescents: Towards new “complementarist” paradigms? Vol. 44, Neurophysiologie Clinique. Elsevier Masson SAS; 2014. p.411–6.
Sartorius N, Haghir H, Mokhber N, Azarpazhooh MR, Haghighi MB, Radmard M, et al. The ICD-10 Classification of Mental and Behavioural Disorders. 2013; 55:135–9.
Almeida AS, Oda AM, Dalgalarrondo P. O olhar dos psiquiatras brasileiros sobre os fenômenos de transe e possessão Brazilian psychiatrists ’ approaches on trance and possession phenomena. Rev Psiquiatr Clínica. 2007; 34:34-41.
Leal D. Manual de psiquiatria da infância e adolescência. 1st ed. Lisboa: Coisas de Ler; 2015.
Sar V, Alioǧlu F, Akyuz G, Karabulut S. Dissociative Amnesia in Dissociative Disorders and Borderline Personality Disorder: Self-Rating Assessment in a College Population. J Trauma Dissociation. 2014; 15:477–93.
Kozlowska K, Nunn K, Rose D, Morris A, Ouvrier R, Varghese J. Conversion Disorder in Australian Pediatric Practice. J AM ACAD Child adolesc Psychiatry. 2007; 46:1.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Copyright e Direitos dos Autores
Todos os artigos publicados na Revista Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal rege-se pelos termos da licença Creative Commons "Atribuição - Uso Não-Comercial - (CC-BY-NC)"".
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc. de outras publicações.
Juntamente com a submissão do artigo, os autores devem enviar a Declaração de conflito de interesses e formulário de autoria. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons.