Hemocultura positiva e sépsis neonatal – Casuística de cinco anos
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v31.i2.23899Palavras-chave:
hemocultura, recém-nascido, sensibilidade antimicrobiana, sépsisResumo
Introdução: A sépsis neonatal continua a ser uma das principais causas de mortalidade e morbilidade neonatal. Dado que os microrganismos etiológicos responsáveis predominantes variam entre regiões e ao longo do tempo, torna-se essencial conhecer a epidemiologia local. O objetivo deste estudo foi caracterizar os doentes com hemocultura positiva e apresentação clínica compatível com sépsis internados numa Unidade de Neonatologia e identificar possíveis fatores de risco e agentes microbianos envolvidos e respetivas sensibilidades.
Métodos: Estudo retrospetivo descritivo de dados clínicos de doentes com hemocultura positiva e apresentação clínica compatível com sépsis internados na Unidade de Neonatologia de um hospital de nível II ao longo de cinco anos (2014-2018)..
Resultados: Foram identificados 73 casos de sépsis confirmados por hemocultura, 51 (69,9 %) dos quais correspondentes a recém-nascidos com baixo peso e 52 (71,2%) a recém-nascidos pré-termo. A maior parte dos casos era relativa a sépsis tardia (60; 82,2%). Os microrganismos mais frequentemente identificados foram Sthapylococcus coagulase-negativos (55; 75,3%), principalmente associados a sépsis tardia. Os principais responsáveis por sépsis precoce foram Streptococcus do Grupo B e Escherichia coli. Não foram isolados Staphylococcus aureus resistentes a meticilina. Os Sthapylococcus coagulase-negativos apresentaram elevadas taxas de resistência aos antibióticos beta-lactâmicos.
Conclusões: Os resultados obtidos documentam a epidemiologia local de sépsis neonatal, caracterizada por elevada frequência de sépsis tardia associada a microrganismos nosocomiais. Os Sthapylococcus coagulase-negativos são resistentes à maioria dos antibióticos mais frequentemente utilizados, sendo necessária a utilização de vancomicina nestes casos. É urgente implementar protocolos eficazes de prevenção e controlo de infeções nosocomiais para diminuir a incidência, mortalidade e morbilidade de sépsis neonatal e a utilização de antibióticos de largo espetro.
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