Síndrome de fuga de ar espontâneo num Departamento de Emergência Pediátrica: Experiência de 11 anos

Autores

  • Telma Luís Marques Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Baixo Vouga
  • Andreia Lomba Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Baixo Vouga
  • Maria Miguel Almiro Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0001-7710-6493
  • Sílvia Almeida Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0002-8097-0992
  • Carla Valente Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar do Baixo Vouga

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v31.i2.24651

Palavras-chave:

Pediatria, pneumomediastino, pneumotórax, síndrome de fuga de ar

Resumo

Introdução: Devido à escassez de dados em idade pediátrica, a abordagem da síndrome de fuga de ar em crianças e adolescentes baseia-se em protocolos estabelecidos para adultos. Neste estudo, os autores descrevem a sua experiência institucional na área.
Métodos: Estudo retrospetivo descritivo de episódios espontâneos de síndroma de fuga de ar diagnosticados num Serviço de Urgência Pediátrico (SUP) em Portugal entre 1 de janeiro de 2007 e 31 de dezembro de 2018.
Resultados: Foram diagnosticados vinte e um episódios de síndroma de fuga de ar em dezasseis crianças, 87.5% das quais do género masculino, com uma idade média (± desvio padrão) de 14,3 (± 5,1) anos. Foram reportados 18 casos de pneumotórax espontâneo, quinze dos quais primários (onze primeiros episódios e quatro recorrências) e três secundários (dois primeiros episódios e uma recorrência) a asma. Foram contabilizados três episódios de pneumomediastino com enfisema subcutâneo, dois dos quais secundários a infeção. A exposição ativa a fumo de tabaco e/ou esforço físico recente foram fatores etiopatogénicos preponderantes na maioria dos casos. Dor torácica pleurítica foi o sintoma mais frequente na apresentação clínica. A terapêutica conservadora foi a única abordagem utilizada em seis casos, com os restantes a necessitar de drenagem transtorácica. Cinco episódios exigiram intervenção cirúrgica.
Discussão: Este estudo evidencia fatores demográficos e etiopatogénicos e apresentação clínica semelhantes aos descritos na literatura para estes casos. Relativamente à abordagem, foram seguidas as recomendações existentes para a idade adulta.
Conclusão: Apesar de pouco frequente, a síndrome de fuga de ar é uma realidade no SUP. São necessários estudos prospetivos especificamente em idade pediátrica para permitir o desenvolvimento de recomendações adequadas às particularidades desta faixa etária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Mason R. Murray and Nadel’s Textbook of Respiratory Medicine. 4th ed. Elsevier Health Sciences; 2005. Chapter 72.

Macklin CC. Transport of air along sheaths of pulmonic blood vessels from alveoli to mediastinum: clinical implications. Arch Intern Med 1939;64:913-26.

Chalumeau M, Le Clainche L, Sayeg N, et al. Spontaneous pneumomediastinum in children. Pediatr Pulmonol 2001;31:67-75.

Herlan DB, Landreneau RJ, Ferson PF. Massive spontaneous subcutaneous emphysema. Acute management with infraclavicular “blow holes”. Chest 1992;102:503-5.

Rao KL, Imamuddin S, Kumar AP. Isolated tension pneumopericardium in a case of acute lymphoblastic leukemia. Indian Heart J 2013;65:705-6.

Cummings RG, Wesly RL, Adams DH, Lowe JE. Pneumopericardium resulting in cardiac tamponade. Ann Thorac Surg. 1984;37(6):511-8.

El Gamel A, Barrett P, Kopff G. Pneumopericardium: a rare cause of cardiac tamponade in an infant on a positive pressure ventilation. Acta Paediatr 1994;83:1220-1.

Leigh-Smith S, Harris T. Tension pneumothorax--time for a re-think? Emerg Med J 2005;22:8-16.

Kliegman RM, Stanton BF, St Geme III JW, Schor NF. Nelson Tratado de Pediatría. 20ª edición. Elsevier, Barcelona, 2016. Vol. 2, Capítulo XIX, 2235-9.

Robinson P, Cooper P, Ranganathan S. Evidence-based management of paediatric primary spontaneous pneumothorax. Paediatr Respir Rev. 2009;10:110-7.

Arribas PJ, López-Fernández S, Fernández AL, Burrieza GG, Roca JL. Neumotórax espontáneo en la edad pediátrica: factores asociados a su recidiva. Cir Pediatr 2015;28:200-4.

Dotson K, Johnson LH. Pediatric spontaneous pneumothorax. Pediatr Emerg Care 2012;28:715-20.

Davis AM, Wensley DF, Phelan PD. Spontaneous pneumothorax in paediatric patients. Respir Med 1993;87:531-4.

Wilcox DT, Glick PL, Karamanoukian HL, Allen JE, Azizkhan RG. Spontaneous pneumothorax: a single-institution, 12-year experience in patients under 16 years of age. J Pediatr Surg 1995;30:1452-4.

Poenaru D, Yazbeck S, Murphy S. Primary spontaneous pneumothorax in children. J Pediatr Surg 1994;29:1183-5.

Yellin A, Gapany-Gapanavicius M, Lieberman Y. Spontaneous pneumomediastinum: is it a rare cause of chest pain? Thorax 1983;38:383-5.

Dekel B, Paret G, Szeinberg A, Vardi A, Barzilay Z. Spontaneous pneumomediastinum in children: clinical and natural history. Eur J Pediatr 1996;155:695-7.

Jougon JB, Ballester M, Delcambre F, Bride TM, Dromer CEH, Velly JF. Assessment of spontaneous pneumomediastinum: experience with 12 patients. Ann Thorac Surg 2003;75:1711-4.

Bodey, GP. Medical mediastinal emphysema. Ann Intern Med 1961;54:46-56.

Chiu C-Y, Chen T-P, Wang C-J, Tsai M-H, Wong K-S. Factors associated with proceeding to surgical intervention and recurrence of primary spontaneous pneumothorax in adolescent patients. Eur J Pediatr. 2014;173:1483-90.

McMahon DJ. Spontaneous pneumomediastinum. Am J Surg 1976;131:550-1.

Shih CH, Yu HW, Tseng YC, Chang Y-T, Liu C-M, Hsu J-W. Clinical manifestations of primary spontaneous pneumothorax in pediatric patients: an analysis of 78 patients. Pediatr Neonatol. 2011;52(3):150-4.

Soundappan SV, Holland AJ, Browne G. Sports-related pneumothorax in children. Pediatr Emerg Care 2005;21:259-60.

Partridge RA, Coley A, Bowie R, Woolard RH. Sports-related pneumothorax. Ann Emerg Med 1997;30:539-41.

Macia I, Moya J, Ramos R, Morera R, Escobar I, Saumench J, et al. Spontaneous pneumomediastinum: 41 cases. Eur J Cardiothorac Surg 2007;31:1110-4.

Fitzwater JW, Silva NN, Knight CG, Malvezzi L, Ramos-Irizarry C, Burnweit CA, et al. Management of spontaneous pneumomediastinum in children. J Pediatr Surg 2015;50:983-6.

MacDuff A, Arnold A, Harvey J. BTS Pleural Disease Guideline Group. Management of spontaneous pneumothorax: British Thoracic Society Pleural Disease Guideline 2010. Thorax 2010; 65, Suppl 2: ii18-31.

Lee LPY, Lai MHY, Chiu WK, Leung MWY, Liu KKW, Chan HB. Management of primary spontaneous pneumothorax in chinese children. Hong Kong Med J. 2010;16:94-100.

Noppen M, Keukeleire T. Pneumothorax. Respiration. 2008;76:121-7.

Herrmann D, Klapdor B, Ewig S, Hecker E. Initial management of primary spontaneous pneumothorax with video-assisted thoracoscopic surgery: a 10-year experience. Eur J Cardiothorac Surg 2016;49:854–9.

Sawada S, Watanabe Y, Moriyama S. Video-assisted thoracoscopic surgery for primary spontaneous pneumothorax. CHEST 2005;127:2226–30.

Lamas-Pinheiro R, Branco-Salvador J, Jardim J, Ferraz C, Nunes T, Vaz LG, et al. Management of pediatric primary spontaneous pneumothorax in a tertiary hospital. Pulmonology Journal 2015;21(6):348-9.

Furia S, Breda C. Primary spontaneous pneumothorax in children and adolescents: a systematic review. Pediatr Med 2019. https://doi.org/10.21037/pm.2019.04.01.

Grabowski A, Korlacki W, Pasierbek M, Achtelik F. Thoracoscopy in the treatment of spontaneous pneumothorax in children. Polish Journal of Cardio-Thoracic Surgery 2013;10(4):369-73.

Downloads

Publicado

2022-06-30

Como Citar

1.
Marques TL, Lomba A, Almiro MM, Almeida S, Valente C. Síndrome de fuga de ar espontâneo num Departamento de Emergência Pediátrica: Experiência de 11 anos. REVNEC [Internet]. 30 de Junho de 2022 [citado 15 de Agosto de 2024];31(2):100-5. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/24651

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)