Doença de células falciformes: Caracterização da população até aos cinco anos de idade num hospital Português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i1.25410

Palavras-chave:

anemia, doença de células falciformes, hematologia, idade pediátrica

Resumo

Introdução: A doença das células falciformes (DCF) ocorre em cerca de 300.000 nascimentos por ano a nível mundial, associando-se a morbimortalidade significativa em idade pediátrica. Este estudo pretendeu fazer a caracterização sociodemográfica e clínica da população até aos cinco anos com DCF seguida num centro português.
Métodos: Estudo retrospetivo descritivo de crianças até aos cinco anos de idade com DCF e seguimento em consulta de Hematologia pediátrica num hospital português de nível II entre 2010 e 2019.
Resultados: Foram incluídas 86 crianças, maioritariamente de ascendência africana e homozigóticos para a hemoglobina S. A mediana de idades ao diagnóstico foi de cinco meses, tendo as idades sido obtidas obtida através de rastreio neonatal em 44,2% dos casos, em contexto de internamento em 34,9% e em contexto de consulta em 17,4%. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi cumprido em 96,5% e 48,8% realizaram o esquema vacinal extra-PNV recomendado. Todos os doentes estavam a receber medicação com ácido fólico, 98% estava a receber amoxicilina em regime profilático e 6,9% hidroxicarbamida. No total, 68,6% efetuaram Eco-Doppler transcraniano, que esteve alterado apenas numa criança; 72,1% realizaram ecocardiograma transtorácico, que revelou dilatação do ventrículo esquerdo em 21%; e 24,4% realizaram polissonografia, que revelou síndrome de apneia obstrutiva do sono em 95,2%. Cada criança teve em média quatro internamentos durante o período do estudo, sendo os diagnósticos mais frequentes crise vaso-oclusiva (38,3%), febre sem foco (23,4%), infeção respiratória alta (17,8%), pneumonia bacteriana e sequestro esplénico (10,7% cada) e agudização de anemia (9,5%).
Discussão: Dada a cronicidade da DCF e a multiplicidade de comorbilidades associadas, é fundamental reforçar a importância do seguimento multidisciplinar e do envolvimento dos familiares no tratamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

McCavit TL. Sickle Cell Disease. Pediatrics in Review 2012; 33(5) 195-206. Doi: doi: https://doi.org/10.1542/pir.33-5-195.

Piccone CM. Sickle Cell Disease. In: Florin TA, Ludwig S, Aronson PL, Werner HD. Netter’s Pediatrics. Philadelphia; 2011. p.326-30.

McMahon C. Sickle Cell Disease. In: Arceci RJ, Hann IM, Smith OP. Pediatric Hematology, 3rd Edition. United Kingdom; 2006. p.213-30.

DeBaun MR, Frei-Jones MJ, Vichinsky EP. Hemoglobinopathies. In: Kliegman RM, Stanton BF, St Geme III JW, Schor NF. Nelson Textbook of Pediatrics, 20th Edition. Canada; 2016. p.2336-53.

Houwing ME, de Pagter PJ, van Beers EJ, Biemond BJ, Rettenbacher E, Rijneveld AW, et al. Sickle cell disease: Clinical presentation and management of a global health challenge. Blood Rev. 2019;37:100580. Doi: https://doi.org/110.1016/j.blre.2019.05.004.

Williams TN. Sickle Cell Disease in Sub-Saharan Africa. Hematol Oncol Clin North Am. 2016;30(2):343-58. Doi: https://doi.org/110.1016/j.hoc.2015.11.005.

Ogu UO, Billett HH. Comorbidities in sickle cell disease: Adult providers needed! Indian J Med Res. 2018;147(6):527-9. Doi: https://doi.org/110.4103/ijmr.IJMR_1019_18.

Rosen CL, Debaun MR, Strunk RC, Redline S, Seicean S, Craven DI, et al. Obstructive sleep apnea and sickle cell anemia. Pediatrics. 2014;134(2):273-81. Doi: https://doi.org/110.1542/peds.2013-4223.

PORDATA, Base de dados Portugal contemporâneo. 2018 Database. Fundação Francisco Manuel dos Santos. [Retrieved May 2020]. Available at: https://www.pordata.pt/Home.

Diagnóstico Social do Concelho de Sintra Dinâmicas Demográficas e Habitacionais, Câmara Municipal de Sintra - Departamento de Solidariedade e Inovação Social. Março 2014. [Retrieved June 2020]. Available at: https://cm-sintra.pt/phocadownload/PDF/acao_social/diagnostico-scs.pdf.

Amadora XXI, DIG - divisão de informação geográfica, 2011. [Retrieved June 2020]. Available at: http://www.cm-amadora.pt/images/TERRITORIO/INFORMACAO_GEOGRAFICA/PDF/ESTATISTICAS/Populacao_2011.pdf.

Infanti LM, Elder JJ, Franco K, Simms S, Statler VA, Raj A. Immunization Adherence in Children With Sickle Cell Disease: A Single-Institution Experience. J Pediatr Pharmacol Ther. 2020;25(1):39-46. Doi: https://doi.org/110.5863/1551-6776-25.1.39.

Qureshi A, Kaya B, Pancham S, Keenan R, Anderson J, Akanni M, et al. British Society for Haematology. Guidelines for the use of hydroxycarbamide in children and adults with sickle cell disease: A British Society for Haematology Guideline. Br J Haematol. 2018;181(4):460-75. Doi: https://doi.org/110.1111/bjh.15235.

Allen KY, Jones S, Jackson T, DeCost G, Stephens P, Hanna BD, et al. Echocardiographic Screening of Cardiovascular Status in Pediatric Sickle Cell Disease. Pediatr Cardiol 2019; 40: 1670-8. Doi: https://doi.org/110.1007/s00246-019-02202-3.

Mascarenhas MI, Loureiro HC, Ferreira T, Dias A. Sleep pathology characterization in sickle cell disease: case-control study. Pediatr Pulmonol. 2015;50(4):396-401. Doi: https://doi.org/110.1002/ppul.23074.

Downloads

Publicado

2023-06-23

Como Citar

1.
Mendes I, Costa A, Lage J, Monteiro B, Ferreira T, Loureiro H. Doença de células falciformes: Caracterização da população até aos cinco anos de idade num hospital Português. REVNEC [Internet]. 23 de Junho de 2023 [citado 30 de Junho de 2024];32(1):23-30. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/25410

Edição

Secção

Artigos Originais