Retinopatia da prematuridade: Resultados de 8 anos de uma unidade de cuidados intensivos neonatais portuguesa

Autores

  • Ricardo Liz Almeida Serviço de Neonatologia, Maternidade Dr. Daniel de Matos, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra; Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Tondela-Viseu https://orcid.org/0000-0001-6069-767X
  • Raquel Monteiro Costa Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Tondela-Viseu https://orcid.org/0000-0003-4997-6509
  • Monica Bennett Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Baixo-Vouga https://orcid.org/0000-0001-9674-0879
  • Mário Alfaiate Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra
  • Lígia Basto Serviço de Neonatologia, Maternidade Dr. Daniel de Matos, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i2.25870

Palavras-chave:

cuidados intensivos neonatais, fatores de risco, Portugal, rastreio, retinopatia da prematuridade

Resumo

Introdução: A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa que ocorre na retina do recém-nascido prematuro, sendo uma importante e prevenível causa de baixa acuidade visual na infância. O objetivo deste estudo foi investigar a incidência desta patologia numa amostra de RN prematuros com critérios para observação oftalmológica, bem como a sua associação a determinados fatores de risco.
Métodos: Estudo retrospetivo de rastreios realizados numa unidade de cuidados intensivos neonatais portuguesa a recém-nascidos com critérios para rastreio de ROP entre janeiro de 2011 e dezembro de 2018.
Resultados: Trezentos e trinta e cinco recém-nascidos apresentaram critérios para rastreio de ROP. A incidência de ROP e ROP grave foi 9,0% e 1,8%, respetivamente. Nenhum recém-nascido com idade gestacional > 30 semanas ou peso à nascença > 1500 g desenvolveu ROP. Certas comorbilidades, como síndrome de dificuldade respiratória ou hemorragia peri-intraventricular, foram significativamente associadas ao desenvolvimento desta patologia. A idade gestacional, peso à nascença, terapia com oxigénio suplementar e administração de surfactante foram preditores independentes do desenvolvimento de ROP.
Discussão: Comparativamente a países vizinhos com índices de desenvolvimento humano semelhantes, a incidência de ROP neste estudo foi relativamente baixa. A implementação das orientações da American Academy of Pediatrics/American Academy of Ophtalmology reduziria potencialmente o número de RN rastreados e não deixaria casos de ROP por diagnosticar.
Conclusão: É importante que o clínico tenha em conta os fatores de risco significativos para esta patologia quando aborda um recém-nascido prematuro. A alteração das atuais recomendações de rastreio poderia ser útil e custo-efetiva e poupar o recém-nascido a stress associado exames oftalmológicos desnecessários.

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Publicado

2023-09-14

Como Citar

1.
Liz Almeida R, Monteiro Costa R, Bennett M, Alfaiate M, Basto L. Retinopatia da prematuridade: Resultados de 8 anos de uma unidade de cuidados intensivos neonatais portuguesa. REVNEC [Internet]. 14 de Setembro de 2023 [citado 27 de Julho de 2024];32(2):82-8. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/25870

Edição

Secção

Artigos Originais