Infeções do trato urinário em crianças: Avaliação do perfil de sensibilidade aos antibióticos
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i2.25990Palavras-chave:
antibiótico, criança, infeção do trato urinárioResumo
Introdução: As infeções do trato urinário são das infeções bacterianas mais frequentes em crianças. Para instituir uma terapêutica empírica adequada, é essencial conhecer a prevalência da população microbiana local, bem como o respetivo perfil de suscetibilidade aos antibióticos. Este estudo teve como objetivos determinar as bactérias mais frequentemente envolvidas nas infeções do trato urinário adquiridas na comunidade em idade pediátrica e o respetivo padrão de suscetibilidade aos antibióticos na área de influência de um hospital de nível II no norte de Portugal.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de todas as uroculturas realizadas no Serviço de Urgência Pediátrico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal, entre julho de 2017 e junho de 2020. Foi analisada a etiologia e suscetibilidade aos antibióticos em função da idade e género das crianças.
Resultados: Das 2225 culturas de urina analisadas, 541 foram positivas para infeção bacteriana. As infeções do trato urinário foram mais frequentes no sexo feminino (72.8%), exceto em crianças com idade inferior a um ano. Escherichia coli (76.9%) e Proteus mirabilis (15.1%) foram as bactérias mais frequentemente isoladas. A suscetibilidade à cefuroxima foi superior à observada para a amoxicilina-ácido clavulânico. Nos rapazes entre um e três anos de idade, a suscetibilidade de E. coli para a amoxicilina-ácido clavulânico foi de apenas 38.1%. Nas adolescentes do sexo feminino com 16 anos ou mais, todas as estirpes de E. coli isoladas foram suscetíveis à fosfomicina e nitrofurantoína.
Discussão: E. coli foi o agente mais prevalente nas infeções do trato urinário adquiridas na comunidade. Na área de influência do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, a cefuroxima demonstrou ser a melhor escolha como antibioterapia empírica para todas as crianças, especialmente para os rapazes entre um e três anos de idade.
Conclusão: A vigilância do perfil de suscetibilidade aos antibióticos local deve ser realizada regularmente, de modo a otimizar a terapêutica antimicrobiana empírica. Esta deve ter em consideração a idade e o género da criança.
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