Cinco anos de rastreio auditivo neonatal universal: estudo de incidência

Autores

  • Bárbara Leal Serviço de Pediatria, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0002-5171-6020
  • Ana Cristina Lopes Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0001-8363-9392
  • Daniela Peixoto Serviço de Pediatria, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0002-5127-5237
  • Laura Correia Serviço de Pediatria, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0002-6543-3929
  • Maria Miguel Almiro Serviço de Pediatria, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0000-0001-7710-6493
  • João Vilar Serviço de Informática, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0009-0008-5869-9068
  • Luísa Azevedo Serviço de Otorrinolaringologia, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga
  • Maria Adelaide Bicho Serviço de Pediatria, Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga https://orcid.org/0009-0000-9187-6590

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i3.28944

Palavras-chave:

consanguinidade, hipoacusia, hipoacusia sensorioneural, rastreio neonatal

Resumo

Introdução: O rastreio auditivo neonatal universal é uma ferramenta essencial no diagnóstico precoce e no prognóstico da surdez. Os objetivos deste estudo foram estimar a incidência de hipoacusia sensorioneural (HSN) na região do Baixo Vouga, avaliar a importância da consanguinidade parental em primeiro grau (CPPG) como fator de risco para surdez e verificar a qualidade do programa de rastreio e as principais dificuldades na sua implementação.
Métodos: Estudo retrospetivo de incidência de todas as crianças nascidas num hospital de nível II entre 2014 e 2018. Cada recém-nascido foi incluído num de dois grupos em função da presença ou ausência de fatores de risco (FR) para surdez: com FR e sem FR. Para além dos FR recomendados foi incluída também a CPPG. Todos os recém-nascidos foram submetidos a rastreio; aqueles com rastreio anormal ou com FR, realizaram também avaliação audiológica diagnóstica.
Resultados: Foram estudados 8,727 recém-nascidos, 90,88% dos quais sem FR. A taxa de incidência de HSN foi de 2,4/1000 crianças sem FR e 27,6/1000 crianças com FR. O rastreio apresentou uma efetividade de 99,86%, um índice de falsos positivos de 0,34% e uma taxa de referenciação para consulta de otorrinolaringologia de 1,24%. CPPG foi o terceiro FR mais comum e o mais prevalente entre as crianças com HSN. A taxa de não comparência à avaliação diagnóstica foi de 44,56%.
Discussão: A incidência de HNS está de acordo com o descrito na literatura. O programa de rastreio cumpre as diretrizes nacionais para um rastreio de qualidade. A CPPG é um importante FR na população considerada. A taxa de não comparência à avaliação diagnóstica é um foco prioritário de otimização.

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Publicado

2023-11-16

Como Citar

1.
Leal B, Lopes AC, Peixoto D, Correia L, Almiro MM, Vilar J, Azevedo L, Bicho MA. Cinco anos de rastreio auditivo neonatal universal: estudo de incidência. REVNEC [Internet]. 16 de Novembro de 2023 [citado 16 de Julho de 2024];32(3):182-8. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/28944

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