Delírio, obsessão ou ambos? – Caso clínico

Autores

  • Francisca Bastos Maia Serviço de Psiquiatria da Infância, Unidade Local de Saúde de Santo António https://orcid.org/0000-0003-0703-4046
  • Filipa Cordeiro Interna de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Unidade Local de Saúde de Coimbra https://orcid.org/0009-0009-7617-2654
  • Vânia Martins Miranda Serviço de Psiquiatria da Infância, Unidade Local de Saúde de Santo António

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v33.i4.32898

Palavras-chave:

perturbação obsessivo-compulsiva, psicose, psiquiatria da infância e adolescência

Resumo

Introdução: Existe um espetro entre obsessões e delírios, sendo ambos pensamentos irracionais. Mas enquanto as obsessões são tipicamente associadas a insight, os delírios não o são. Contudo, as “obsessões sem insight” foram integradas nos manuais de diagnóstico. O objetivo deste estudo é refletir sobre o diagnóstico diferencial entre psicose e perturbação obsessivo-compulsiva numa criança de 11 anos de idade.
Descrição de caso: Um rapaz de 11 anos de idade foi admitido no Serviço de Urgência de Pedopsiquiatria por alterações comportamentais com quatro meses de evolução, incluindo episódios de heteroagressividade dirigidos à mãe. A mãe reportou que o rapaz tinha desenvolvido uma “obsessão” pela leitura e recusava utilizar qualquer tipo de tecnologia, reagindo com raiva sempre que os pais o faziam.
Conclusão: A literatura sugere uma sobreposição entre sintomas psicóticos e obsessivo-compulsivos, o que pode dificultar o diagnóstico e tratamento. No entanto, a boa resposta terapêutica à risperidona e a ausência de insight suportaram o diagnóstico de psicose neste caso.

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Publicado

2025-01-15

Como Citar

1.
Bastos Maia F, Cordeiro F, Martins Miranda V. Delírio, obsessão ou ambos? – Caso clínico. REVNEC [Internet]. 15 de Janeiro de 2025 [citado 12 de Fevereiro de 2025];33(4):283-7. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/32898

Edição

Secção

Casos Clínicos