Delírio, obsessão ou ambos? – Caso clínico
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v33.i4.32898Palavras-chave:
perturbação obsessivo-compulsiva, psicose, psiquiatria da infância e adolescênciaResumo
Introdução: Existe um espetro entre obsessões e delírios, sendo ambos pensamentos irracionais. Mas enquanto as obsessões são tipicamente associadas a insight, os delírios não o são. Contudo, as “obsessões sem insight” foram integradas nos manuais de diagnóstico. O objetivo deste estudo é refletir sobre o diagnóstico diferencial entre psicose e perturbação obsessivo-compulsiva numa criança de 11 anos de idade.
Descrição de caso: Um rapaz de 11 anos de idade foi admitido no Serviço de Urgência de Pedopsiquiatria por alterações comportamentais com quatro meses de evolução, incluindo episódios de heteroagressividade dirigidos à mãe. A mãe reportou que o rapaz tinha desenvolvido uma “obsessão” pela leitura e recusava utilizar qualquer tipo de tecnologia, reagindo com raiva sempre que os pais o faziam.
Conclusão: A literatura sugere uma sobreposição entre sintomas psicóticos e obsessivo-compulsivos, o que pode dificultar o diagnóstico e tratamento. No entanto, a boa resposta terapêutica à risperidona e a ausência de insight suportaram o diagnóstico de psicose neste caso.
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