Tomografia de Coerência Óptica (OCT) no Seguimento de Retinoblastoma: Experiência do Centro de Referência Português

Autores

  • Margarida Q. Dias Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0003-4125-4245
  • Joana Providência Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal; Faculdade Medicina, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0003-1312-7978
  • Madalena Monteiro Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Guilherme Castela Departamento de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal; Faculdade Medicina, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal https://orcid.org/0000-0003-0568-8265

DOI:

https://doi.org/10.48560/rspo.28264

Palavras-chave:

Gestão da Doença, Retinoblastoma, Tomografia de Coerência Óptica

Resumo

INTRODUÇÃO: Doentes com retinoblastoma e idade inferior a 5 anos requerem monitorização sob anestesia para garantir a deteção precoce de recidivas. No nosso centro, são observados mensalmente após o diagnóstico e nos seis meses que sucedem o tratamento. Seguidamente, as observações são progressivamente espaçadas no tempo até aos 5 anos de idade.

A tomografia de coerência óptica (OCT) é um exame relativamente novo no seguimento de doentes com retinoblastoma. A versão portátil deste aparelho permite diagnóstico pré-clínico de novos tumores no polo posterior e avaliação das camadas da retina submetidas a quimioterapia supra-seletiva intra-arterial. Neste artigo procuramos descrever a nossa experiência com este apa- relho e rever a sua utilidade no seguimento de doentes com retinoblastoma.

MÉTODOS: Estudo observacional que incluiu crianças com retinoblastoma seguidas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra desde janeiro 2022 até agosto 2022 que realizaram pelo menos uma sessão de OCT durante a observação de rotina sob anestesia. As imagens de OCT foram analisadas para caracterização do tumor primário, recidivas e achatados associados, e fo- ram correlacionadas com a imagem do fundo ocular.

RESULTADOS: Incluímos 23 olhos de 19 crianças que realizaram um total de 44 sessões com OCT. A mediana de scans de OCT realizados por olho foi de 2 (intervalo de 1 - 6). A média de idade ao diagnóstico foi de 9,37 meses. Um doente apresentou uma recidiva tumoral que foi confirmada com OCT e o tratamento foi iniciado em seguida. Em 9 olhos não foi possível analisar a massa primária pela localização periférica ou devido a estadios tumorais mais avançados.

CONCLUSÃO: O aparelho de OCT portátil permite a visualização direta da retina e assegura uma monitorização mais precisa das crianças com retinoblastoma. Este instrumento tem a capacidade de antecipar o diagnóstico de recaídas, permitindo o tratamento local precoce e menos agressivo, que potencialmente preservará mais visão. O OCT está a ser usado de uma forma crescente por todos os centros que tratam retinoblastoma, pelo que a sua utilidade vai aumentar e serão encontradas mais alterações típicas que nos poderão auxiliar nunca diagnóstico cada vez mais precoce.

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Publicado

2023-06-29

Como Citar

Q. Dias, M., Providência, J., Monteiro, M., & Castela, G. (2023). Tomografia de Coerência Óptica (OCT) no Seguimento de Retinoblastoma: Experiência do Centro de Referência Português. Revista Sociedade Portuguesa De Oftalmologia, 47(2), 125–131. https://doi.org/10.48560/rspo.28264

Edição

Secção

Artigos Originais