Processo de luto em familiares e pessoas significativas de vítimas de SARS-CoV-2
DOI:
https://doi.org/10.48492/servir0202.27314Palavras-chave:
Luto, Infeções por Coronavírus (COVID-19), FamíliaResumo
Introdução: As restrições impostas pela pandemia SARS-CoV-2 dificultam a vivência dos processos de luto e a resolução de todas as suas fases, porquanto as pessoas “perderam” o direito de acompanhar os seus entes queridos na fase terminal e aos tradicionais rituais do velório.
Objetivo: Identificar as condições em que decorrem os rituais fúnebres em contexto de pandemia por SARS-CoV-2 e determinar a prevalência de luto patológico.
Métodos: Estudo observacional e descritivo, com foco transversal. A técnica de amostragem foi em bola de neve, constituída por 86 participantes, tendo sido aplicado como instrumentos de recolha de dados um questionário ad hoc relativo às variáveis sociodemográficas e de contexto de luto e o Inventory of Complicated Grief (ICG).
Resultados: 52 participantes (60,5%) apresentaram um score superior a 25 pontos no ICG, evidenciando um processo de luto complicado. Apesar de não se constatar uma relação estatisticamente significativa entre o desenvolvimento de luto patológico e as condições em que decorrem os rituais fúnebres em contexto de pandemia por SARS-CoV-2, há fortes indícios que as pessoas que perdem familiares e amigos vítimas de COVID-19 e que se veem impossibilitados de acompanhar antes e após morte acarretam processos de luto complicado.
Conclusão: Os participantes apresentam uma elevada probabilidade de desenvolver processos de luto complicado, pelo que as medidas de apoio psicológico que devem ser implementadas incluem programas de apoio e acompanhamento das famílias enlutadas, orientar para psicoterapia as pessoas que apresentem sintomatologia persistente e procurar a nível institucional operar mudanças comportamentais e processuais na gestão de processos de doença e morte, no âmbito da pandemia.
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