O processo de tomada de decisão humano e compartilhado em cuidados intensivos

Autores

  • Maria Julia Carneiro Fernandes Centro Hospitalar do Baixo Vouga

Resumo

 Introdução: Uma atenção humana no cuidado à pessoa em estado crítico precisa conciliar a excelência técnico-científica com a excelência ético-moral.1 Neste contexto, o processo de tomada de decisão adquire particularidades relativamente aos limites críticos da vida e da morte, que o tornam mais delicado e difícil.1 O impacto social e científico desta evidência justifica a sua valorização de forma compartilhada.

Objetivos: Reconhecer a importância da tomada de decisão humana e compartilhada em uma unidade de cuidados intensivos (UCI).

Material e Métodos: Estudo de abordagem reflexiva, baseado numa revisão bibliográfica nas bases de dados Scielo, Lilacs, MedLine/ PubMed, sobre a tomada de decisão em uma UCI.

Resultados: Nas últimas décadas, o modelo da tomada de decisão compartilhada tem-se destacado como um novo paradigma na área da saúde.2,3 Neste processo, profissionais da saúde, pessoa doente e família formam uma parceria para: avaliarem as diferentes opções de diagnóstico e tratamento; ponderarem os benefícios, os inconvenientes, os desejos da pessoa doente e os recursos disponíveis.4 O desafio atual, passa pela consciência da aplicação das técnicas e terapêuticas necessárias para assistir as pessoas doentes durante o período crítico, mas também, por não as iniciar ou suspender quando a expectativa de recuperabilidade é nula.5 O ato de continuar a tratar pode tornar-se desumano e cruel, impondo dor, desconforto, sofrimento insensato e prolongado.

Conclusões: Encontrar um equilíbrio entre as possibilidades de cura e os próprios limites da intervenção pode ser difícil, mas o foco de um profissional deve estar na pessoa doente, no seu bem, respeitando a sua história de vida e o seu tempo de morrer. Quando a cura deixa de ser uma expectativa real e foge às habilidades técnicas, competências e conhecimento humano, o cuidado deverá passar a abranger ações que aliviem o sofrimento e proporcionem o conforto integral ajustado às necessidades da pessoa doente.

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Referências

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Gonçalves JASF. A Boa Morte: Ética no fim de vida [Dissertação]. Porto: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; 2006.

Bittencourt AGV, Dantas MP, Neves FBCS, Almeida AM, Melo RMV, Albuquerque LC, et al. Condutas de limitação terapêutica em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2007; 19(2):137-43.

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Publicado

2023-07-04

Como Citar

Fernandes, M. J. C. . (2023). O processo de tomada de decisão humano e compartilhado em cuidados intensivos. Servir, 2(01e), 61. Obtido de https://revistas.rcaap.pt/servir/article/view/31608