Hipotermia pós-operatória em doentes idosos

Autores

  • Marta Campos Faculdade de Medicina da Universidade do Porto https://orcid.org/0000-0003-2245-3257
  • Ana Rita Teles
  • Bárbara Azevedo
  • Daniela Cristelo
  • Guilherme Casimiro
  • Guilherme Casimiro
  • Fernando Abelha

DOI:

https://doi.org/10.25751/rspa.20170

Palavras-chave:

hipotermia, idosos, pósoperatório

Resumo

Introdução: A hipotermia pós-operatória é uma complicação prevenível com consequências na morbilidade e bem-estar dos doentes. Este estudo teve como objetivo determinar a incidência de hipotermia pós-operatória e o seu efeito clínico nos doentes idosos.Material e Métodos: Este estudo prospetivo observacional foi aprovado pela comissão de ética institucional e incluiu doentes >60 anos, submetidos a cirurgia eletiva e admitidos em Unidade Cuidados Pós Anestésicos (UCPA). As escalas Clinical Frailty e World Health Organization Disability Assessment Schedule foram usadas para avaliar a vulnerabilidade e a incapacidade. A escala de Sedação e Agitação de Richmond foi aplicada à admissão na UCPA (T0) e aos 15 minutos. A qualidade de recobro foi avaliada com a escala Quality of Recovery-15, 24 horas após a cirurgia. Foram considerados hipotérmicos (HP) os doentes com temperatura auricular <35ºC na admissão na UCPA.Resultados: De um total de 235 doentes, 26% estavam HP à admissão na UCPA. Estes apresentaram pontuações RASS inferiores em T0, não havendo diferença entre os grupos em T15. Não houve relação entre a incidência de hipotermia e o tipo de anestesia, mas os doentes HP foram submetidos a um tempo de anestesia superior (p=0.030). Estes doentes eram menos frágeis (p= 0.048) mas, de acordo com o POSSUM, os doentes HP tiveram maior risco de mortalidade (p=0.023) e morbilidade (p=0.016),. Estes desenvolveram mais eventos cardíacos (p=0.003).Conclusões: A incidência de hipotermia foi consideravelmente alta e os doentes HP tiveram maior risco de mortalidade e morbilidade, como mais eventos cardíacos, mas a sua qualidade de recobro foi similar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

pstein E, Anna K. Accidental hypothermia. BMJ. 2006;332(7543):706–709.
2. Bindu B, Bindra A, Rath G. Temperature management under general anestesia: compulsion or option. Journal of Anaesthesiology Clinical Pharmacology, Volume 33, issue 3, July-September 2017.
3. Sessler D. Temperature monitoring: consequences and prevention of mild perioperative hypothermia. Anesthesiology. 2011; 109: p.1-7.
4. Hart S, Bordes B, Harts J, Corsino D, D. H. Unintended perioperative hypothermia. Ochsner J. 2011; 11: p. 259-70.
5. Aubrun F, Gazon M, Schoeffler M, et al. Evaluation of perioperative risk in elderly patients. Minerva Anestesiol 2012; 78:605–18.
6. Leslie, K., Sessler, D. I. (2003). Perioperative hypothermia in the high-risk surgical patient. Best Practice & Research Clinical Anaesthesiology, 17(4), 485–498.
7. Cheng, S.-P., Yang, T.-L., Jeng, K.-S., Lee, J.-J., Liu, T.-P., & Liu, C.-L. (2007). Perioperative Care of the Elderly. International Journal of Gerontology, 1(2), 89–97.
8. Daabiss M. American Society of Anaesthesiologists physical status classification. Indian J Anaesth. 2011 Mar;55(2):111-5.
9. Sundararajan, V., Henderson, T., Perry, C., Muggivan, A., Quan, H., & Ghali, W. A. (2004). New ICD-10 version of the Charlson comorbidity index predicted in-hospital mortality. Journal of Clinical Epidemiology, 57(12), 1288–1294.
10. Nasreddine, Z. S., Phillips, N. A., Bédirian, V., Charbonneau, S., Whitehead, V., Collin, I., Chertkow, H. (2005). The Montreal Cognitive Assessment, MoCA: A Brief Screening Tool For Mild Cognitive Impairment. Journal of the American Geriatrics Society, 53(4), 695–699.
11. Rockwood, K. (2005). A global clinical measure of fitness and frailty in elderly people. Canadian Medical Association Journal, 173(5), 489–495.
12. Epping-Jordan JE, Chatterji S, Ustun TB. The World Health Organization Disability Assessment Schedule II. (WHO DAS II): a tool for measuring clinical outcomes. Oral presentation, NIMH Mental Health Services Research Meeting, Washington, DC, July 2000.
13. Neary, W. D., Heather, B. P., & Earnshaw, J. J. (2003). The Physiological and Operative Severity Score for the enUmeration of Mortality and morbidity (POSSUM). British Journal of Surgery, 90(2), 157–165.
14. Sessler, C. N., Gosnell, M. S., Grap, M. J., Brophy, G. M., O’Neal, P. V., Keane, K. A., Elswick, R. K. (2002). The Richmond Agitation–Sedation Scale. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, 166(10), 1338–1344.
15. Stark PA, Myles PS, Burke JA. Development and psycho- metric evaluation of a postoperative quality of recovery score: the QoR-15. Anesthesiology 2013; 118: 1332e40
16. Luis C, Moreno C, Silva A, Pascoa R, Abelha F. Inadvertent Postoperative hypothermia at post-anesthesia care unit: incidence, predictors and outcome. Open Journal of Anesthesiology,2012, 2,205-213.
17. Abelha F, Castro M, Neves A, Landeiro N, Santos C. Hypothermia in a surgical intensive care unit. BMC Anesthesiology 2005, 5:7.
18. McSwain JR, Yared M, Doty JW, Wilson SH. Perioperative hypothermia: Causes, consequences and treatment. World J Anesthesiol 2015; 4(3): 58-65
19. Bennett J, Ramachandra V, Webster J, Carli F. Prevention of hypothermia during hip surgery: effect of passive compared active skin surface warming. Br J Anaesth 1994; 73(2):180-3.
20. Belayneh T, Gebeyehu A, Abdissa Z. Post-operative hypothermia in surgical patients at university of Gondar Hospital, Ethiopia. J Anesth Clin Res, 2014, 5:11.
21. Gasim, G. I., Musa, I. R., Abdien, M. T., & Adam, I. (2013). Accuracy of tympanic temperature measurement using an infrared tympanic membrane thermometer. BMC Research Notes, 6(1), 194.

Downloads

Publicado

2020-10-02

Como Citar

Campos, M., Teles, A. R., Azevedo, B. . ., Cristelo , D. ., Casimiro , G. ., Casimiro , G. ., & Abelha, F. . (2020). Hipotermia pós-operatória em doentes idosos. Revista Da Sociedade Portuguesa De Anestesiologia, 29(3), 149–155. https://doi.org/10.25751/rspa.20170

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)