Trauma e Limpeza Ritual de Veteranos em Moçambique
DOI:
https://doi.org/10.4000/cea.204Keywords:
rituais de limpeza, guerra civil, violência, trauma, curandeiros, MoçambiqueAbstract
O presente artigo descreve e discute os rituais de limpeza oficiados aos veteranos da guerra civil de Moçambique por parte de médicos tradicionais do sul do país. Reinventados nas últimas décadas, a partir de tratamentos para outras situações e importando a sua lógica explicativa, esses rituais apresentam uma eficácia na reintegração social dos veteranos que se deve em grande medida à coerência que mantêm com os sistemas locais de interpretação do infortúnio, com o problema que pretendem resolver e com procedimentos previamente conhecidos e respeitados. O seu papel superou contudo a reintegração individual, tendo contribuído para a aceitabilidade dos antigos inimigos enquanto “personas como as outras” e da competição democrática por meios pacíficos, em substituição do confronto militar.References
Alden, C. (2002). Making old soldiers fade away: Lessons from the reintegration of demobilized soldiers in Mozambique. Security Dialogue, 33 (3), 341-356.
DOI : 10.1177/0967010602033003008
Cahen, M. (2002). Les bandits – Un historien au Mozambique, 1994. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian.
Castanheira, N. (1999). Ex-criança soldado: “Não queremos voltar para o inferno”. Maputo: Reconstruindo a Esperança.
Clarence-Smith, G. (1990). O terceiro império português (1825-1975). Lisboa: Teorema. (Obra original publicada em 1985)
Coelho, J. P. B. (2002). Antigos soldados, novos cidadãos: A reintegração dos desmobilizados de Maputo. Estudos Moçambicanos, 20, pp.141-236.
Evans-Pritchard, E. E. (1978). Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Zahar. (Obra original publicada em 1937)
Geffray, C. (1991). A causa das armas em Moçambique: Antropologia da guerra contemporânea em Moçambique. Porto: Afrontamento.
Gennep, A. van (1978). Os ritos de passagem. Petrópolis: Vozes.
Granjo, P. (2003). A mina desceu à cidade: Memória histórica e a mais recente indústria moçambicana. Etnográfica, 7 (2), 403-429.
Granjo, P. (2004). “Trabalhamos sobre um barril de pólvora” – Homens e perigo na refinaria de Sines. Lisboa: ICS.
Granjo, P. (2007). Determination and chaos according to Mozambican divination. Etnográfica, 11 (1), 7-28.
DOI : 10.4000/etnografica.1851
Granjo, P., & Porto, N. (1991). “De adolescente a adulto”, in Enciclopédia Portugal Moderno – Tradições (pp. 20-28). Lisboa: Pomo.
Green, E. C. (1999). Indigenous theories of contagious disease. Walnut Creek: Altamira.
Green, E. C., & Honwana, A. (1999). Indigenous healing of war-affected children in Africa. IK Notes, 10.
Herbert, Wray (2004). “The children of war”. Acedido de http://www.cartercenter.org/healthprogramas/2041_adoc6.htm
Honwana, A. (1999). The collective body: Challenging western concepts of trauma and healing. Track Two, 8 (1), 30-35.
Honwana, A. (2002). Espíritos vivos, tradições modernas: Possessão de espíritos e reintegração social pós-guerra no sul de Moçambique. Maputo: Promédia.
Igreja, V. (2007). Healing through repatriation in Mozambique’s post-civil war: Gamba spirits and the great trek to Zimbabwe. Comunicação ao seminário No War, No Peace – Coping with war aftermath in a cross cultural perspective, Brown University.
Junod, H. (1996). Usos e costumes dos Bantu (Tomo I). Maputo: Arquivo Histórico de Moçambique. (Obra original publicada em 1912)
Liesegang, G. (1986). Vassalagem ou tratado de amizade? História do acto de vassalagem de Ngungunyane nas relações externas de Gaza. Maputo: Arquivo Histórico de Moçambique.
Marlin, R. (2007). Crossing the Zambezi: Identity, spirit possession, and healing in post-war central Mozambique. Comunicação ao seminário No War, No Peace – Coping with war aftermath in a cross cultural perspective, Brown University.
Maslen, S. (1997). The reintegration of war-affected youth – The experience of Mozambique. Genebra: ILO.
Neves, D. F. (1987). Das terras do império Vátua às praças da república Boer. Lisboa: Dom Quixote. (Obra original publicada em 1878)
Pélissier, R. (1994). História de Moçambique: Formação e oposição 1854-1918. Lisboa: Estampa.
Turner, V. (1967). The forest of symbols. Cornell: Cornell University Press.
Vilhena, M. da C. (1996). Gungunhana no seu reino. Lisboa: Colibri.
Vines, A. (1991). RENAMO: Terrorism in Mozambique. Londres: James Currey.
West, H. (2004). Working the borders to beneficial effect: The not-so-indigenous knowledge of the not-so-traditional healers in northern Mozambique. Comunicação ao seminário de Antropologia Social do London University College.
Yañez-Casal, A. (1996). Antropologia e desenvolvimento: As aldeias comunais de Moçambique. Lisboa: IICT.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2016 Cadernos de Estudos Africanos

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
I authorize the publication of the submitted article/review of which I am the author.
I also declare that this article is original, that it has not been published in any other way, and that I exclusively assign the publication rights to the journal Cadernos de Estudos Africanos. Reproduction of the article, in whole or in part, in other publications or on other media is subject to the prior authorization of the publisher Centro de Estudos Internacionais do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa.