A nostalgia colonial como técnica de best-selling literário
Keywords:
literatura lusófona, séc. 21, literatura colonial, representação culturalAbstract
O artigo analisa o romance Equador de Miguel Sousa Tavares à luz do sensacional êxito que o livro teve sobretudo em Portugal. Além duma estratégia ficcional de cariz paraliterário, a hábil recuperação e banalização da lição queirosiana aparece como um dos elementos que, ao oferecer uma leitura muito confortável dum texto de prazer, justifica o óptimo acolhimento que este best-seller recebeu no mercado editorial português. Contudo, o romance de Miguel Sousa Tavares, assim como outras obras publicadas nos últimos anos em Portugal, responde sobre tudo ao desejo social, hoje em dia muito generalizado na comunidade mnemónica portuguesa, de partilhar uma imagem positiva do que foi o próprio passado em África. Deste ponto de vista, Equador obedece e, contemporaneamente, alimenta determinadas normas sociais da lembrança e pode, portanto, considerar-se como um romance histórico que funciona como factor de agregação de uma comunidade que se reconhece enquanto recorda e consome a mesma imagem do próprio passado e, contemporaneamente, como gerador desta mesma imagem alternativa da própria história colonial, que contribui para filtrar e alterar, através da reconfiguração dos marcadores do segmento histórico em questão.Downloads
Published
2016-02-24
Issue
Section
Artigos
License
I authorize the publication of the submitted article/review of which I am the author.
I also declare that this article is original, that it has not been published in any other way, and that I exclusively assign the publication rights to the journal Cadernos de Estudos Africanos. Reproduction of the article, in whole or in part, in other publications or on other media is subject to the prior authorization of the publisher Centro de Estudos Internacionais do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa.