Infeção por SARS-CoV-2 em crianças com fibrose quística: Experiência de um centro de referência português

Autores

  • Mafalda Moreira Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa https://orcid.org/0000-0003-2753-9025
  • Patrícia Sousa Serviço de Pediatria, Hospital Senhora da Oliveira – Guimarães https://orcid.org/0000-0002-6809-036X
  • Sara Catarino Serviço de Pediatria, Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança, Centro Hospitalar Universitário de São João https://orcid.org/0000-0002-7774-9357
  • Inês Azevedo Serviço de Pediatria, Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança, Centro Hospitalar Universitário de São João; Serviço de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria and Pediatrics, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; EPIUnit- Instituto de Saúde Pública, Universidade do Porto; Laboratório para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional (ITR), Universidade do Porto https://orcid.org/0000-0002-0090-8612

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v31.i3.27540

Palavras-chave:

criança, coronavírus, COVID-19, fibrose quística, SARS-CoV-2

Resumo

Introdução: Dado que os vírus são frequentemente responsáveis por exacerbações respiratórias e aumento da morbimortalidade em doentes com fibrose quística (FQ), seria expetável que a infeção por SARS-CoV-2 tivesse um impacto significativo na condição respiratória destes doentes, sobretudo nos de risco elevado. Atualmente, o conhecimento acerca da evolução clínica da COVID-19 em crianças com FQ é escasso.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência, apresentação clínica e evolução da COVID-19 em doentes pediátricos com FQ.
Materiais e Métodos: Este foi um estudo retrospetivo de crianças com FQ e infeção por SARS-CoV-2 seguidas num centro de referência português entre março de 2020 e março de 2022.
Resultados: Doze de 30 crianças com FQ foram infetadas por SARS-CoV-2 (40%), num total de 13 episódios. A mediana de idades foi de 10.5 anos e 33% eram rapazes. A maioria dos casos (69%) ocorreu entre janeiro e março de 2022, durante a predominância da variante Omicron. A taxa de infeção foi superior em crianças com vacinação incompleta. Nenhum dos doentes com fatores de risco adicionais foi infetado. Noventa e dois por cento das crianças apresentaram doença ligeira e um adolescente com baixo índice de massa corporal foi hospitalizado por pneumonia. Nenhum necessitou de oxigenoterapia ou internamento em Unidade de Cuidados Intensivos. A mortalidade foi nula. Oitenta e três porcento dos doentes apresentou recuperação completa após dois meses de seguimento.
Discussão: Neste primeiro estudo nacional de crianças com FQ e COVID-19, a maioria apresentou doença ligeira e pode ser adequadamente seguida em ambulatório.
Conclusão: Este estudo está de acordo com os poucos dados disponíveis na literatura e contribui para aumentar o conhecimento da infeção por SARS-CoV-2 em crianças com FQ. Essa informação permitirá uma melhor orientação destes doentes por parte das famílias e equipas clínicas que os seguem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia Autor

Inês Azevedo, Serviço de Pediatria, Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança, Centro Hospitalar Universitário de São João; Serviço de Ginecologia-Obstetrícia e Pediatria and Pediatrics, Faculdade de Medicina, Universidade do Porto; EPIUnit- Instituto de Saúde Pública, Universidade do Porto; Laboratório para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional (ITR), Universidade do Porto

 

 

Referências

Páez-Velásquez JS, Romero-Uribe IE, Castilla-Peón MF, Lezana-Fernández JL, Chávez-López A. SARS-CoV-2 infection in a pediatric patient with cystic fibrosis. Bol Med Hosp Infant Mex. 2021;78(1):29-33. doi: https://doi.org/10.24875/BMHIM.20000216.

Colombo C, Burgel PR, Gartner S, van Koningsbruggen-Rietschel S, Naehrlich L, Sermet-Gaudelus I, Southern KW. Impact of COVID-19 on people with cystic fibrosis. Lancet Respir Med. 2020 May;8(5):e35-e36. doi: https://doi.org/10.1016/S2213-2600(20)30177-6.

Al Yazidi LS, Al Maskari N, Al Reesi M. Children with cystic fibrosis hospitalised with covid-19: multicentre experience. J Paediatr Child Health. 2021 May;57(5):767-768. doi: https://doi.org/10.1111/jpc.15495.

Bain R, Cosgriff R, Zampoli M, Elbert A, Burgel PR, Carr SB, et al. Clinical characteristics of SARS-CoV-2 infection in children with cystic fibrosis: An international observational study. J Cyst Fibros. 2021 Jan;20(1):25-30. doi: https://doi.org/10.1016/j.jcf.2020.11.021.

Cosgriff R, Ahern S, Bell SC, Brownlee K, Burgel PR, Byrnes C, et al. Global Registry Harmonization Group. A multinational report to characterise SARS-CoV-2 infection in people with cystic fibrosis. J Cyst Fibros. 2020 May;19(3):355-358. doi: https://doi.org/10.1016/j.jcf.2020.04.012.

Fleming-Dutra KE, Britton A, Shang N, Derado G, Link-Gelles R, Accorsi EK, et al. Association of prior BNT162b2 COVID-19 vaccination with symptomatic SARS-CoV-2 infection in children and adolescents during Omicron predominance. JAMA. 2022;327(22):2210-2219. doi: https://doi.org/10.1001/jama.2022.7493.

DGS. Norma nº 004/2020 de 23/03/2020 atualizada a 05/01/2022 – Abordagem das Pessoas com Suspeita ou Confirmação de COVID-19.

Lee TWR, Brownlee KG, Conway SP, Denton M, Littlewood JM. Evaluation of a new definition for chronic Pseudomonas aeruginosa infection in cystic fibrosis patients. J Cystic Fibros. 2003;2(1):29–34. doi: https://doi.org/10.1016/S1569-1993(02)00141-8.

Downloads

Publicado

2022-10-19

Como Citar

1.
Moreira M, Sousa P, Catarino S, Azevedo I. Infeção por SARS-CoV-2 em crianças com fibrose quística: Experiência de um centro de referência português. REVNEC [Internet]. 19 de Outubro de 2022 [citado 18 de Julho de 2024];31(3):241-6. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/27540

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)