Anafilaxia no Serviço de Urgência Pediátrica de um hospital central
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i4.29358Palavras-chave:
alergia, anafilaxia, criança, epinefrina, PediatriaResumo
A anafilaxia é uma emergência médica potencialmente fatal. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais. Nas crianças, o diagnóstico é dificultado pelas particularidades inerentes a esta faixa etária, sendo a etiologia alimentar a mais frequente.
O objetivo deste estudo foi caracterizar os episódios de anafilaxia identificados no Serviço de Urgência Pediátrica de um hospital central entre 2012 e 2021 segundo as recomendações da EAACI 2014.
Foram incluídos 78 episódios de anafilaxia, 44 dos quais correspondentes a um primeiro episódio. A mediana de idades das crianças foi de 9,5 anos (6 meses-17 anos) e 62,8% era do sexo masculino. Foi documentada história de atopia em 52,6% dos casos e asma e/ou rinite alérgica em 50,9%.
A etiologia mais frequente foi alimentar (74,4%), sendo o leite o alimento mais comumente implicado (27,6%).
Foram identificadas manifestações mucocutâneas em 94,9%, manifestações respiratórias em 80,8%, manifestações gastrointestinais em 38,5% e manifestações cardiovasculares em 21,8% dos casos.
Foi administrado tratamento com adrenalina em 83,3% dos episódios. Os doentes portadores de autoinjetor de epinefrina (AIE) usaram-no em 52,9% dos episódios. A mediana (variação) de tempo de vigilância foi de 13 (3-26) horas.
No momento da alta, foi prescrito em 84,1% dos episódios inaugurais e 95,5% foram referenciados para consulta de especialidade.
Tal como reportado na literatura, a etiologia alimentar prevaleceu nos casos de anafilaxia descritos. A epinefrina foi a primeira linha de tratamento na maioria dos episódios. O AIE foi utilizado por cerca de metade dos doentes que o possuíam. Apesar da crescente consciencialização, é essencial alertar doentes e profissionais de saúde para a importância da epinefrina no tratamento destes casos.
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