Anafilaxia no Serviço de Urgência Pediátrica de um hospital central

Autores

  • Cristina Coelho Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho https://orcid.org/0009-0003-0773-3944
  • Liliana Patrícia Pereira Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho https://orcid.org/0000-0003-2285-4333
  • Cátia Santa Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Cláudia Pedrosa Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho https://orcid.org/0000-0001-6543-879X

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i4.29358

Palavras-chave:

alergia, anafilaxia, criança, epinefrina, Pediatria

Resumo

A anafilaxia é uma emergência médica potencialmente fatal. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais. Nas crianças, o diagnóstico é dificultado pelas particularidades inerentes a esta faixa etária, sendo a etiologia alimentar a mais frequente.
O objetivo deste estudo foi caracterizar os episódios de anafilaxia identificados no Serviço de Urgência Pediátrica de um hospital central entre 2012 e 2021 segundo as recomendações da EAACI 2014.
Foram incluídos 78 episódios de anafilaxia, 44 dos quais correspondentes a um primeiro episódio. A mediana de idades das crianças foi de 9,5 anos (6 meses-17 anos) e 62,8% era do sexo masculino. Foi documentada história de atopia em 52,6% dos casos e asma e/ou rinite alérgica em 50,9%.
A etiologia mais frequente foi alimentar (74,4%), sendo o leite o alimento mais comumente implicado (27,6%).
Foram identificadas manifestações mucocutâneas em 94,9%, manifestações respiratórias em 80,8%, manifestações gastrointestinais em 38,5% e manifestações cardiovasculares em 21,8% dos casos.
Foi administrado tratamento com adrenalina em 83,3% dos episódios. Os doentes portadores de autoinjetor de epinefrina (AIE) usaram-no em 52,9% dos episódios. A mediana (variação) de tempo de vigilância foi de 13 (3-26) horas.
No momento da alta, foi prescrito em 84,1% dos episódios inaugurais e 95,5% foram referenciados para consulta de especialidade.
Tal como reportado na literatura, a etiologia alimentar prevaleceu nos casos de anafilaxia descritos. A epinefrina foi a primeira linha de tratamento na maioria dos episódios. O AIE foi utilizado por cerca de metade dos doentes que o possuíam. Apesar da crescente consciencialização, é essencial alertar doentes e profissionais de saúde para a importância da epinefrina no tratamento destes casos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Muraro A, Roberts G, Worm M, Bilò B, Brockow K, Fernández M, et al. Anaphylaxis: Guidelines from the European academy of allergy and clinical immunology. Allergy 2014; 69(8): 1026-45.

Anagnostou, K. Anaphylaxis in Children: Epidemiology, Risk Factors and Management. Current Pediatric Reviews. 2018 14(3), 180–6.

Wang Y, Allen KJ, Suaini NHA, McWilliam V, Peters RL, Koplin JJ. The global incidence and prevalence of anaphylaxis in children in the general population: a systematic review. Allergy. 2019;74:1063-80.

Nagakura K, Sato S, Asaumi T, Yanagida N, Ebisawa M. Novel insights regarding anaphylaxis in children - with a focus on prevalence, diagnosis, and treatment. Pediatr Allergy Immunol. 2020;. https://doi.org/10.1111/pai.13307.

Grabenhenrich L, Dölle S, Moneret-Vautrin A, Kohli A, Lange L, Spindler T, et al. Anaphylaxis in children and adolescents: The European Anaphylaxis Registry. J Allergy Clin Immunol 2016; 137(4): 1128-37.

Gaspar Â, Santos N, Faria E, Pereira A, Gomes E, Câmara R, et al. Anaphylaxis in children and adolescents: The Portuguese Anaphylaxis Registry. Pediatr Allergy Immunol. 2021;00:1–9.

Gaspar A, Santos N, Piedade S, Santa-Marta C, Pires G, Sampaio G, et al. Registo anual de anafilaxia em idade pediátrica num centro de Imunoalergologia One-year survey of anaphylaxis at pediatric age in an Immunoallergy department. Rev Port Imunoalergologia 2014; 22 (1): 43-54.

Rudders AS, Banerji A, Clark S, Camargo CA. Age-related differences in the clinical presentation of food-induced anaphylaxis. J Pediatr 2011; 158: 326-8.

Tejedor Alonso MA, Moro Moro M, Múgica García MV. Epidemiology of anaphylaxis. Clin Exp Allergy 2015; 45(6): 1027-39.

Simons FE, Sampson HA. Anaphylaxis: Unique aspects of clinical diagnosis and management in infants (birth to age 2 years). J Allergy Clin Immunol 2015; 135(5): 1125-31.

Simons FE, Ardusso LR, Bilò MB, El-Gamal Y, Ledford D, Ring J et al. World Allergy Organization guidelines for the assessment and management of anaphylaxis. J Allergy Clin Immunol. 2011;127:587-593.e1-22.

Fleischer DM, Perry TT, Atkins D, Wood R, Burks A, Jones S et al. Allergic reactions to foods in preschool-aged children in a prospective observational food allergy study. Pediatrics 2012; 130(1): e25-32.

Pereira C, Morais-Almeida M, Pereira AM, Tomaz E. Anafilaxia: abordagem clínica. Norma I da Direçao – Geral de Saúde. 2014. Norma nº. 014/2012 de 16/12/2012, atualizada em 18/12/2014.

Poppe M, Aguiar B, Sousa R, Oom P. The impact of the COVID-19 pandemic on children’s health in Portugal: The parental perspective. Acta Medica Portuguesa. 2021; 34(5): 355–61.

Silva D, Gaspar A, Couto M, Morais-Almeida M. Anafilaxia em idade pediátrica: Do lactente ao adolescente. Port imunoalergologia 2013; 21:157-75.

Mota A, Cardoso B, Jordão M, Tomaz E, Caturra L, Inácio F. Anaphylatic reactions in children admitted to a pediatric emergency department. Rev prot Imunoalergologia. 2017; 25 (1): 39-49.

Silva R, Gomes E, Cunha L, Falcao H. Anaphylaxis in children: a nine years retrospective study (2001‑2009). Allergol Immuno‑pathol (Madr) 2012; 40:31‑6.

Vetander M, Helander D, Flodström C, Ostblom E, Alfvén T, Ly D et al. Anaphylaxis and reactions to foods in children-a population-based case study of emergency department visits. Clin Exp Allergy 2012; 42(4): 568-77.

Serbes, D Can, F Atlihan, I Günay, S Asilsoy, S Altinöz. Common features of anaphylaxis in children. Allergologia et Immunopathologia. 2013; 41(4): 255-260.

Hoffer V, Scheuerman O, Marcus N, Levy Y, Segal N, Lagovsky I, et al. Anaphylaxis in Israel: experience with 92 hospitalized children. Pediatr Allergy Immunol 2011; 22:172­7.

Downloads

Publicado

2024-01-23

Como Citar

1.
Coelho C, Pereira LP, Santa C, Pedrosa C. Anafilaxia no Serviço de Urgência Pediátrica de um hospital central. REVNEC [Internet]. 23 de Janeiro de 2024 [citado 12 de Março de 2025];32(4):263-8. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/29358

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)