Análise da taxa de cesarianas e das suas indicações utilizando a classificação em dez grupos

Autores

  • Daniela Almeida Serviço de Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto
  • Ana Sofia Cardoso Serviço de Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto
  • Rosa Maria Rodrigues Serviço de Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto
  • Ana Cunha Serviço de Obstetrícia, Centro Hospitalar do Porto

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v23.i3.8701

Palavras-chave:

Dez grupos, indicação de cesariana, parto, sistema de classificação, taxa de cesariana

Resumo

Introdução e objetivo: Foi efetuado um estudo observacional retrospetivo para analisar os motivos de cesariana e identificar os parâmetros obstétricos das mulheres a ela submetidas na nossa instituição em janeiro/fevereiro e junho/julho de 2011.

Material e Métodos: Foram revistos os processos clínicos destas mulheres, categorizadas nos dez grupos obstétricos propostos por Robson, baseados nos seguintes parâmetros: gestação simples/múltipla; nuliparidade/multiparidade/multiparidade com cesariana anterior, cefálico/não-cefálico; parto espontâneo/induzido/cesariana eletiva; parto de termo/pré-termo. Em cada grupo foram analisados os motivos de cesariana excepto os das gestações múltiplas.

Resultados: Ocorreram 1167 partos simples, 391 por cesariana, sendo a taxa de cesarianas 33,5% (36% eletivas). A cesariana foi mais frequente em nulíparas de termo com parto induzido e em mulheres com cesariana prévia. Durante o trabalho de parto o motivo mais comum nomeado pelo clínico foi o trabalho de parto estacionário, a incompatibilidade feto-pélvica e o estado fetal não tranquilizador. A apresentação fetal anómala motivou 4,4% da taxa de cesarianas, contributo superior ao da prematuridade (3%). Entre as multíparas de termo sem cicatriz uterina houve menor número de cesarianas.

Conclusões: A análise dos resultados obtidos sugere que evitar uma primeira cesariana e permitir o início espontâneo do trabalho de parto pode contribuir para o decréscimo a longo prazo da taxa de cesarianas. É fundamental um esforço coletivo para objetivar as suas indicações e que estas reflitam as orientações mais atualizadas relativas ao estado fetal não tranquilizador e ao trabalho de parto estacionário.

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Publicado

2016-03-01

Como Citar

1.
Almeida D, Cardoso AS, Rodrigues RM, Cunha A. Análise da taxa de cesarianas e das suas indicações utilizando a classificação em dez grupos. REVNEC [Internet]. 1 de Março de 2016 [citado 11 de Julho de 2024];23(3):134-9. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/8701

Edição

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