BRONQUIOLITE AGUDA – O QUE MUDOU NOS ÚLTIMOS 5 ANOS?
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v24.i0.9443Resumo
Introdução: A bronquiolite aguda (BA) é uma infeção do tra- to respiratório inferior, cujo diagnóstico é clínico, cujo tratamento é essencialmente de suporte. Na maioria dos casos, deve-se a infeção pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Em Dezembro de 2012 a Direção Geral da Saúde (DGS) emitiu normas de orienta- ção clínica (NOCs) com o objetivo de reduzir a utilização desne- cessária de métodos de diagnóstico e terapêutica.
Objetivos: Caracterizar os doentes internados com BA no serviço de pediatria de um hospital central e analisar a evolução da abordagem diagnóstica e terapêutica, antes e após a NOC.
Métodos: Análise retrospetiva dos processos clínico dos doentes internados com BA, com menos de 24 meses, entre ju- lho de 2010 e junho de 2015. Foram analisados os fatores de risco e de gravidade, incluindo transferência para Cuidados In- tensivos (CI), os meios complementares de diagnóstico (ECD) e terapêuticas utilizadas.
Resultados: Incluídos 530 doentes, 55% do sexo masculi- no, com mediana de idades de 3.7 meses. Internamento com mediana de 5 dias. Presença de um ou mais fatores de risco associados em 92%. Foi efetuada a pesquisa de vírus no lava- do nasofaríngeo em 81.3% dos casos: VSR (n=272), adenoví- rus (n=52), rinovírus (n=49) e metapneumovírus (n=31). Hou- ve necessidade de transferência para CI em 9.2% dos casos. No 1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano foram solicitados ECD em 93.4%; 92.3%; 80.8%; 72.8% e 68.3% dos doentes, respetivamente. O tratamento broncodilatador foi utilizado em 67.1%, 63.5%, 47.5%, 46.2% e 44,2% dos doentes do 1º ao 5º ano, respetiva- mente. A corticoterapia foi utilizada em 32.3%, 21.2%, 23.2%, 33,7% e 16,7% do 1º ao 5º ano, respetivamente. A antibioterapia foi utilizada em 25.1%, 17.3%, 14.1%, 18.5% e 9.2% dos doen- tes de 1º ao 5º ano, respetivamente. A cinesiterapia foi utilizada em 32.5%, 36.5%, 6.1%, 7.6% e 4.2%. dos doentes de 1º ao 5º ano, respetivamente. A radiografia torácica foi efetuada em 82.6%, 78.8%, 66,7%, 66.3% e 60% dos casos, respetivamente. Nos doentes sob cinesiterapia (17.2%), apenas em 41.8% havia registo de atelectasia.
Conclusão: Após a implementação da NOC assistiu-se a um decréscimo significativo no recurso a métodos de diagnóstico e terapêuticos, que continuam a ser utilizados em elevado número. Destaca-se a importância de proceder ao registo da justificação clínica para os procedimentos não recomendados na NOC.
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