RETENÇÃO URINÁRIA AGUDA NUM RECÉM-NASCIDO – CASO CLÍNICO

Autores

  • Ana Coelho
  • Catarina Sousa
  • Ana Sofia Marinho
  • Ribeiro de Castro
  • Fátima Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v24.i0.9638

Resumo

Introdução: A retenção urinária aguda é pouco comum na população pediátrica e pode ser sintoma de uma lesão maligna. Apresentamos o caso clínico de um recém-nascido com uma retenção urinária aguda provocada por uma massa cística pélvica.

Caso Clínico: Recém-nascido de 3 meses foi levado ao Serviço de Urgência com uma retenção urinária aguda. Ao exame objectivo a bexiga encontrava-se muito distendida e palpável, o que motivou a colocação de uma sonda vesical. A ecografia abdominal descreveu uma lesão cística infravesical, com 5 cm de diâmetro. Na cistouretrografia miccional retrógrada foi excluída estenose da uretra, e visualizou-se a bexiga desviada cranialmente, numa posição totalmente intra-abdominal e extra-pélvica, sem defeitos de preenchimento. A RM revelou uma massa multicística que media 3,6x6,2x4 cm, a ocupar a totalidade da pelve, com compressão da uretra, e provocando um desvio cranial da bexiga. Foi colocada, como hipótese de diagnóstico mais provável um teratoma sacrococcígeo multiloculado e cístico. No estudo analítico os níveis de alfa-fetoproteína (AFP) estavam elevados (179,8μg/L, normal <30μg/L). O recém-nascido foi submetido a cirurgia; foi identificada a lesão cística pélvica, a provocar um desvio cranial anormal da bexiga e dos ureteres. Foi feita uma resseção total da massa. A anatomia patológica revelou uma lesão cística com epitélio cilíndrico ciliado, sem sinais de malignidade. Um mês após a intervenção, a ecografia abdominal não mostrou nenhuma lesão pélvica nem outra anomalia. Nove meses após a cirurgia os níveis séricos de AFP eram normais.

Comentários: As massas pélvicas, na população pediátrica, podem ser congénitas e ter uma origem muito variada. A sua apresentação clínica normalmente relaciona-se com a etiologia, o tamanho e a localização. Neste caso clínico, a retenção urinária aguda, foi provocada pela presença de uma massa cística pélvica a causar compressão da uretra. A RM, os níveis de AFP e o relato cirúrgico fazem com que o diagnóstico mais provável seja o teratoma sacrococcígeo, apesar de um resultado inespecífico na anatomia patológica. O prognóstico normalmente é bom, e depende do tamanho do tumor e da resseção cirúrgica imediata e completa. Perante um recém-nascido com uma retenção urinária aguda a investigação diagnóstica e orientação terapêutica devem ser imediatas.

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Publicado

2016-07-07

Como Citar

1.
Coelho A, Sousa C, Marinho AS, de Castro R, Carvalho F. RETENÇÃO URINÁRIA AGUDA NUM RECÉM-NASCIDO – CASO CLÍNICO. REVNEC [Internet]. 7 de Julho de 2016 [citado 13 de Maio de 2024];24:S29. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/9638

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