Internamentos por Linfadenite Cervical num Serviço de Pediatria Geral

Autores

  • David Lito Serviço de Pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira
  • Diana Pignatelli Serviço de Pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira
  • Ana Sofia Simões Serviço de Pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira
  • Alexandra Carvalho Serviço de Pediatria do Hospital de Vila Franca de Xira
  • Florbela Cunha Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Barreiro-Montijo

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v22.i4.9756

Palavras-chave:

Abcesso, adenite, criança, linfadenite cervical, tuberculose

Resumo

Introdução: A Linfadenite Cervical (LAC) é uma entidade comum na idade pediátrica. As formas agudas bilaterais são as mais frequentes, de etiologia viral e autolimitadas. As agudas unilaterais são habitualmente bacterianas, provocadas pelo Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus. Nas subagudas/crónicas a Bartonella, as Mycobacteria e o Toxoplasma devem ser etiologias consideradas. Objetivos: Caracterização de população de crianças internadas numa enfermagem de Pediatria Geral por LAC.

Material e métodos: Estudo comparativo retrospetivo de uma amostra de conveniência que inclui as crianças internadas, entre Março de 1999 e Fevereiro de 2010.

Resultados e Discussão: Identificaram-se 61 crianças, 88,5% do sexo feminino. A LAC aguda correspondeu a 88,5% dos casos, das quais 57,4% foram unilaterais. A forma subaguda/crónica ocorreu em 11,5%. A idade nas formas agudas foi significativamente inferior à das subagudas/crónicas (p=0,034). A etiologia bacteriana equivaleu a 96,7% sendo as restantes, uma mononucleose infeciosa e uma toxoplasmose ganglionar. O S. aureus e S. pyogenes corresponderam a 66,6% dos agentes bacterianos isolados. Identificaram -se três casos de LAC por Mycobacterium tuberculosis, dois por Bartonella henselae e dois por Ricketsia conorii. As infeções prévias da cabeça e pescoço estiveram presentes em 27 (44,3%). Documentaram -se infeções virais predisponentes em cinco casos. As localizações cervical e submandibular foram as mais frequentes, 47,5% e 44,3%, respetivamente. Evidenciou-se febre em 85,2% das crianças, sintomas regionais (torcicolo e trismos) em 45% e flutuação em 29%. Houve necessidade de drenagem cirúrgica em 24,6% dos doentes, em seis (9,8%) realizou -se citologia aspirativa e em 45 exames de imagem. A leucocitose (>15000/μL) e a proteína C reativa positiva (>3,0 mg/dL) verificaram -se em 83,6% e 65,5% dos casos, respetivamente. O S. pyogenes e o S. aureus cursaram com mais sinais inflamatórios e maior necessidade de drenagem cirúrgica (p=0,01). Os antibióticos foram utilizados em todos os doentes sendo o mais frequente a amoxicilina/ácido clavulânico (57,3%). A flucloxacilina administrou -se em 19,7% dos casos. A evolução foi favorável em todos os casos.

Conclusão: O diagnóstico etiológico da LAC não é fácil na maioria dos casos. Embora a grande maioria das crianças com LAC não seja internada, existem alguns casos que, pela necessidade de investigação complementar ou de tratamento o sejam. Portugal é um país de média incidência de Tuberculose pelo que esta doença deve ser considerada, com especial atenção para a emergência de M. tuberculosis multirresistentes.

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Publicado

2016-09-05

Como Citar

1.
Lito D, Pignatelli D, Simões AS, Carvalho A, Cunha F. Internamentos por Linfadenite Cervical num Serviço de Pediatria Geral. REVNEC [Internet]. 5 de Setembro de 2016 [citado 20 de Janeiro de 2025];22(4):220-6. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/9756

Edição

Secção

Artigos Originais