Personalidade e regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.48492/servir023.24016

Palavras-chave:

Personalidade, Neuroticismo, Extroversão, Regresso ao trabalho, Reinserção socioprofissional, Cardiopatia isquémica

Resumo

INTRODUÇÃO

O regresso ao trabalhar tem sido considerado um problema de saúde pública e uma das principais metas da reabilitação cardiovascular porque tem benefícios económicos para a sociedade, em termos do aumento de produtividade e redução de custos, e também melhora o bem-estar individual e a segurança económica dos pacientes e suas famílias.

Diversas variáveis médicas, psicológicas e sociodemográficas têm sido relacionadas com o regresso ao trabalho após cardiopatia isquémica, sendo atribuído um peso maior às variáveis sociopsicológicas.

OBJETIVO

Determinar a prevalência do regresso ao trabalho e relacionar a influência da personalidade no regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica.

MÉTODOS

Estudo de carácter analítico, correlacional e transversal, realizado com 164 doentes com idade inferior ou igual a 65 anos, com diagnóstico clínico de cardiopatia isquémica, decorridos três a seis meses após a alta hospitalar. A recolha de dados foi efetuada através de um questionário (caracterização sociodemográfica, escala de Graffar e o Inventário de Personalidade (Vaz-Serra, Ponciano e Freitas, 1980) autoaplicado na consulta de follow-up de cardiologia. Foi utilizado o teste de análise discriminante processado através do programa SPSS versão 20.0 para Windows.

RESULTADOS

Os doentes apresentaram uma média de idade de 54.2 anos ± 7.4 anos, 81.7% eram do sexo masculino, 96.3% eram “casados”, 41.5% pertenciam à Classe III da escala de Graffar.

A prevalência do regresso ao trabalho foi de 58.5%. A análise discriminante pelo método stepwise permitiu a obtenção de um modelo final que permite a diferenciação dos dois grupos. O neuroticismo revelou-se como pedidor do regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica.

CONCLUSÕES

Os resultados são consistentes com alguns estudos nacionais e internacionais, confirmando a relação entre personalidade e o regresso ao trabalho.

O regresso ao trabalho após um evento cardíaco é um processo multidimensional que parece ser fortemente influenciado por fatores psicossociais, entre os quais a personalidade. Assim, ao identificar os traços da personalidade do indivíduo, nomeadamente o pensamento, os sentimentos, o comportamento, a forma de agir nas atividades do dia-a-dia, seria possível prever comportamentos associados ao processo de saúde e doença.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Amaro, F. (2001). A Classificação das Famílias segundo a Escala de Graffar. Lisboa: Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Attarchi, M., Rigi, A. R., Mirzamohammadi, E., & Mohammadi, S. (2012). Assessment of the main factors influencing return to work following myocardial infarction: A longitudinal study. Int. J. Collab.Res. Internal med. Public health. 4 (6): 1305-1314.

Bergvik S., Sørlie T., & Wynn R. (2012). Coronary patients who returned to work had stronger internal locus of control beliefs than those who did not return to work. Br J Health Psychol. 2012 Sep;17(3):596-608. doi: 10.1111/j.2044-8287.2011.02058

Bhattacharyya, M. R., Perkins-Porras, L., Whitehead, D. L., & Steptoe, A. (2007). Psychological and clinical predictors of return to work after acute cronary syndrome. EurHeart J. 28, 160-16. Doi: http://dx.doi.org/10.1093/eurheartj/ehl440

Boudrez, H., De, & Backer, G. (2000). Recent findings on return to work after an acute myocardial infarction or coronary artery bypass grafting. Acta Cardiol;55:341–349.

Dias, A. M. (2004). Personalidade e coronariopatia. Rev Millenium;30:191-201.

Direção-Geral da Saúde. Direção de Serviços de Informação e Análise. (2013). Portugal: Doenças cérebro-cardiovasculares em números 2013. Retirado de: http://www.spc.pt/DL/Home/fm/i019350.pdf

Dreyer, R. P., Xu, X., Zhang, W., Du, X., Strait, K. M., Bierlein, M., …, Krumholz, H. M. (2016). Return to Work After Acute Myocardial Infarction: Comparison Between Young Women and Men. Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes; 9: S45-S52. doi: 10.1161/CIRCOUTCOMES.115.002611

Fiabane, E., Omodeo, O., Argentero, P., Candura, S. M., & Giorgi, I. (2014). Return to work after an acute cardiac event: the role of psychosocial factos. Prevention & Research, 3 (4): 134-141.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª ed. São Paulo: Atlas.

Leal J., Luengo-Fernandez, R., Gray A., Petersen, S., & Rayner, M. (2006). Economic burden of cardiovascular diseases in the enlarged European Union. EurHeart J; 27:1610-1619.

Mirmohammadi, S. J., Sadr-Bafghi, S. M., Mehrparvar, A. H., Gharavi, M., Davari, M. H., Bahaloo, M.,… Shokouh, P. (2014). Evaluation of the return to work and its duration after myocardial infarction. ARYA Atheroscler. 10 (3): 137-140.

Mittag, O., Kolenda, K. D., Nordmann, K. J., Bernien, J., & Maurischat, C. (2001). Return to work after myocardial infarction/ coronary artery bypass grafting: Patients’ and physicians’ initial viewpoints and outcome 12 months later. Social Science & Medicine, 52, 1441–1450. doi:10.1016/S0277-9536(00)00250-1

Pestana, M. H., & Gageiro, J. N. (2008). Análise de dados para ciências sociais: A complementaridade do SPSS (5ª ed.). Lisboa: Edições Sílabo.

Riegel, B., & Gocka, I. (1995). Gender differences in adjustment to acute myocardial infarction. Heart Lung. 24(6):457-66.

Shanfield, S. B. (1990). Return to work after an acute myocardial infarction. American review, 7. Heart Lung, 19. p. 109-117.

Soejima, Y., Steptoe, A., Nozoe, S., & Tei C. (1999). Psychosocial and clinical factors predicting resumption of work following acute myocardial infarction in Japanese men. Int J Cardiol;72:39-47.

Vaz Serra, A., Ponciano, E. & Fidalgo Freitas, J. (1980). Resultados da aplicação do Eysenck Personality Inventory a uma amostra de população portuguesa. Psiquiatria Clínica, 1(2), 127-132.

World Health Organization. World Health Statistics (2014). Geneva, World Health Organization. Retirado de: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2014/world-health-statistics-2014/en/

Downloads

Publicado

2016-06-30

Como Citar

Dias, A., Cunha, M., Ribeiro, O., Albuquerque, C. ., Andrade, A., & Bica, I. (2016). Personalidade e regresso ao trabalho da pessoa após cardiopatia isquémica. Servir, 59(3), 56–61. https://doi.org/10.48492/servir023.24016