Dignidade no fim de vida
Abstract
A dignidade no fim de vida é um tema de grande importância no cuidado em saúde. Desde Kant (1785), a noção de dignidade tem sido amplamente discutida em diversas áreas, incluindo a medicina. A partir de 1990, surgiram estudos sobre a importância da dignidade para a pessoa com doença incurável, que muitas vezes se sente desvalorizada e impotente perante a sua condição de fragilidade e vulnerabilidade.
Conforme afirmado por Macedo (2002), não é a morte que é digna, mas a pessoa que é portadora de uma dignidade intrínseca que é merecedora de um fim de vida digno. É fundamental entender que a morte é uma parte natural do ciclo da vida, por isso, deve ser abordada com respeito e atenção às necessidades e desejos da pessoa doente. A finitude da vida deve ser compreendida e respeitada, para que o cuidado em fim de vida seja prestado de forma integral, considerando a saúde física, emocional e espiritual da pessoa.
Nesse sentido, as diretivas antecipadas de vontade (DAV) são instrumentos que permitem à pessoa expressar as suas vontades em relação ao tratamento médico que deseja ou não receber, caso fique incapaz de as manifestar. Dessa forma, é garantido o respeito à autonomia do doente, e as suas decisões são consideradas mesmo em momentos em que ele não pode expressá-las.
A promoção da dignidade humana é um alicerce para a relação terapêutica entre quem cuida e quem é cuidado, e deve ser respeitada em todas as circunstâncias. A Terapia da Dignidade, desenvolvida por Chochinov, em finais do século XX, é uma abordagem que se concentra na preservação e promoção da dignidade dos doentes com doenças graves e terminais, auxiliando-os a encontrar um sentido de propósito e significado para as suas vidas, mesmo diante de circunstâncias difíceis e dolorosas.
Em Portugal, esta terapia ganha relevo com Miguel Julião, com enfoque na construção de uma narrativa de vida individual e singular. Esta abordagem enfatiza a importância da autonomia e da liberdade, reconhecendo também a importância do cuidado e do apoio emocional para ajudar os doentes a lidar com as dificuldades da sua condição clínica.
Neste processo, é essencial que haja uma comunicação clara e honesta entre o doente, a família e a equipa de saúde, para que sejam respeitados os desejos e valores da pessoa em fim de vida.
Em conclusão, é nosso dever, como profissionais de saúde, garantir que todos os doentes sejam cuidados com respeito, dignidade, humanidade, compaixão e singularidade, independentemente das circunstâncias em que se encontram. A promoção da dignidade no fim de vida deve ser uma prioridade no cuidado em saúde, e é essencial que todos os profissionais envolvidos estejam comprometidos com essa causa.
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