Índice de Massa Corporal e Cefaleia Pós-punção da Dura na População Obstétrica: existe relação?

Autores

  • Maria Vaz Antunes Centro Hospitalar de São João, EPE
  • Adriano Moreira Centro Hospitalar de São João, EPE
  • Aida Faria Centro Hospitalar de São João, EPE

DOI:

https://doi.org/10.25751/rspa.8340

Palavras-chave:

Anestesia Obstétrica, Analgesia Epidural, Cefaleia Pós-Punção da Dura, Gravidez, Índice de Massa Corporal, Obesidade

Resumo

Introdução

A cefaleia pós-punção da dura-máter (CPPD) é uma das complicações mais comuns do bloqueio do neuroeixo. Em grávidas obesas, a abordagem do espaço epidural é tecnicamente mais difícil, associando-se a maior taxa de bloqueio falhado e risco de punção acidental da dura-máter (PAD). O objetivo do nosso estudo foi avaliar a relação entre o índice de massa corporal (IMC) e o desenvolvimento de CPPD.

 

Material e Métodos

Realizámos um estudo retrospetivo, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2014. Revimos as folhas de registo das doentes em que ocorreu PAD/CPPD. As parturientes foram divididas em dois grupos de acordo com o IMC, não obesas (IMC < 30 kg/m2, G < 30) e obesas (IMC ≥ 30 kg/m2, G ≥ 30). Utilizámos o SPSS 22.0 no tratamento estatístico dos dados.

 

Resultados

Ocorreram 58 PAD (0,3%) e 45 (77,6%) mulheres desenvolveram CPPD. Comparando o G < 30 (n = 35) e o G ≥ 30 (n = 23), a incidência de CPPD foi semelhante (80,0% vs 73,9%, p > 0,05). A CPPD grave ocorreu em 4 (11,4%) mulheres no G < 30 e não ocorreu no G ≥ 30 (p > 0,05). O tratamento conservador foi efetuado em todas as doentes. O blood patch epidural (BPE) foi realizado em 42,9% no G < 30 e 17,4% no G ≥ 30 (p = 0,043, OR 3,563 IC 95% 1,00-12,67). Após redefinição dos grupos em mulheres com IMC < 40 kg/m2 e IMC ≥ 40 kg/m2, não houve diferença na incidência e intensidade de CPPD, nem na necessidade de realização de BPE.

Discussão                                                                                                        

O baixo nível de evidência sugere que o risco de CPPD diminui à medida que o IMC aumenta. No nosso estudo, a incidência e as características da CPPD foram similares em gestantes obesas e não obesas, mas a realização de BPE foi inferior nas parturientes obesas, sugerindo que IMC superior pode ser protetor.

Conclusão

Não foi encontrada evidência de que as doentes obesas estejam menos predispostas ao desenvolvimento de CPPD. Contudo, a obesidade esteve associada a menor realização de BPE.

 

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Biografia Autor

Maria Vaz Antunes, Centro Hospitalar de São João, EPE

Departamento de Anestesiologia, Centro Hospitalar de São João, EPE

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Publicado

2017-01-17

Como Citar

Vaz Antunes, M., Moreira, A., & Faria, A. (2017). Índice de Massa Corporal e Cefaleia Pós-punção da Dura na População Obstétrica: existe relação?. Revista Da Sociedade Portuguesa De Anestesiologia, 25(4), 105–108. https://doi.org/10.25751/rspa.8340