A inteligência artificial no sistema de gestão fiscal: uma dimensão preventiva e as presunções (jurídicas) na identificação e combate aos fenómenos patológicos

Auteurs

Mots-clés :

Presunções jurídicas; inteligência artificial; Direito Tributário; sistema de gestão fiscal “inteligente”; ficções jurídicas.

Résumé

O Direito Tributário constitui um ramo de Direito que, segundo uma lógica de acompanhamento social, se carateriza por ser desatual e “sempre um passo atrás da realidade”. Se pensarmos que a evolução da sociedade é constante, vertiginosa e, até, assustadora para grande parte dos sujeitos, não será difícil encarar que o próprio legislador é desafiado a criar medidas normativas constantes que permitam dar cumprimento à regulação das novas realidades emergentes. A globalização e abertura dos mercados tornaram as relações económicas geograficamente abertas, suscitando um maior risco de atos lesivos para os interesses fiscais dos Estados, designadamente quando as relações económicas são mediadas por expedientes que visam o recurso a países, Estados ou regiões fiscalmente mais favoráveis e com fraco nível de cooperação. O Direito Tributário não pode estar imune a estes desafios, pelo que é necessário que o sistema de gestão fiscal não seja permeável a estas dificuldades. Por isso, a adoção por instrumentos de inteligência artificial que permitam antecipar estas condutas lesivas para os interesses patrimoniais (fiscais) dos Estados é uma realidade já inegável. A criação de perfis e de presunções sobre os contribuintes constitui um instrumento preventivo que permite dar cumprimento aos desideratos constitucionais a que o Estado está adstrito.

Références

FRANCISCO RODRIGUES PARDAL, "O uso das presunções no direito tributário", in Ciência e Técnica Fiscal, Boletim da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, Lisboa, n.º 325-327(Jan.Mar), 1986.

G. MICHELI, “Ancora in tema di presunzioni in materia tributaria”, in Studi in memoria di Salvatore Satta, Padova, 1982.

HUGO FLORES DA SILVA, Privatização do Sistema de Gestão Fiscal, Coimbra, Coimbra Editora, 2014.

JOAQUIM FREITAS DA ROCHA, HUGO FLORES DA SILVA, Teoria Geral da Relação Jurídica Tributária, Coimbra, Almedina, 2019.

JOÃO BAPTISTA MACHADO, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, Coimbra, Almedina, 2017.

JOÃO SÉRGIO RIBEIRO, Tributação Presuntiva do Rendimento, Coimbra, Almedina, 2014.

JOSÉ LUÍS SALDANHA SANCHES, A Quantificação da Obrigação Tributária – Deveres de Cooperação Autoavaliação e Avaliação Administrativa, Lisboa, Lex, 2000.

JOSÉ LUÍS SALDANHA SANCHES, “Do Ato à Relação: o Direito Fiscal entre o Procedimento Administrativo e a Teoria Geral das Obrigações”, in Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor Inocêncio Galvão Teles, Volume I, Coimbra, Almedina, 2002.

JOSEP AGUILÓ REGLA, “Las presunciones hominis y las inferencias probatórias”, in Derecho PUCP, n.º79, 2017, disponível em http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0251-34202017000200005&lng=es&nrm=iso, consultado em 09/08/2021.

JUAN MANUEL HERRERO DE EGAÑA ESPINOSA DE LOS MONTEROS, Intimidad, tributos y protección de datos personales, Barcelona, 2007, disponível em http://www.indret.com/pdf/441_es_1.pdf, consultado a última vez em 24/07/2012.

LUÍS PICA, O Direito à Autodeterminação Informativa dos Contribuintes e a Proteção dos Dados Pessoais em Matéria Tributária, Dissertação Mestrado, Braga, Uminho, 2016.

LUÍS MANUEL PICA, “The New Challenges Of Artificial Intelligence, Profiling And Bigdata Analysis By Tax Administrations: Will The Right To Meet These New Challenges Be Shown?”, in Top 10 Challenges of Big Data, Nova Editora, pp.87-102.

LUÍSA SCARCELLA, “Tax compliance and privacy rights in profiling and automated decision making”, in Internet Policy Review, Vol Volume 8, Iss Issue 4, 2019, pp.1-19.

NORA LIBERTAD RODRIGUEZ PEÑA, “Big data e inteligencia artificial: una aproximación a los desafíos éticos y jurídicos de su implementación en las administraciones tributarias”, in US ET SCIENTIA, Vol. 7, Nº 1, 2021, disponível em https://revistascientificas.us.es/index.php/ies/article/view/15843/15111, consultado em 25/07/2021.

PEDRO DE ALBUQUERQUE, DIOGO COSTA GONÇALVES, “O impedimento do exercício do direito de voto como proibição genérica de atuação em conflito”, in Revista Direito das Sociedades, Vol. III, n.º3, 2011.

RAMÓN BONELL COLMENERO, “Inteligencia Artificial, Análisis de Datos e Impacto en el Sistema Fiscal”, in Inteligencia Artificial y Administración Triburaria: Eficiencia Administrativa y Defensa de los Derechos de los Contribuyentes, Navarra, Thomson Reuteurs, 2021.

RAQUEL MIEKO NAKAZA, ORLANDO BRUNO LINHARES, “O Silogismo Científico em Aristóteles”, in XIII Jornada de Iniciação Científica e VII Mostra de Iniciação Tecnológica – 2017, disponível em https://philarchive.org/archive/NAKOSC, consultado a 09/06/2021.

S. STEFANELLI, “Diritto e Intelligenza artificiale. Alcune riflessioni nell’ambito del paradigma argomentativo”, in Informatica e diritto, XXV Annata, Vol.VIII, n.º1, 1999.

SALVADOR ZAVALA TOYA, “Las presunciones en el derecho civil”, in Revista de DERECHO n.º48, Facultad de Derecho de la Pontificia Universidad Católica del Perú, 1994, disponível em https://doi.org/10.18800/derechopucp.199401.005, consultado em 08/08/2021.

SANTIAGO SEGARRA, “Fiscalidad e Inteligencia Artificial”, in Inteligencia Artificial y Administración Triburaria: Eficiencia Administrativa y Defensa de los Derechos de los Contribuyentes, Pamplona, Thomson Reuteurs, 2021.

Téléchargements

Publiée

2022-12-30

Numéro

Rubrique

RECHERCHE SCIENTIFIQUE