A (Des) Qualificação Jurídica do Estrangeiro não Naturalizado e a Concessão de Benefício Assistencial no Estado Brasileiro

Autores

  • Luis Gustavo LIBERATO TIZZO Doutorando em Direito Político e Econômico (bolsista MackPesquisa) pela Universidade Presbiteriana MACKENZIE – UPM. Advogado https://orcid.org/0000-0001-5917-3772

Palavras-chave:

Direito natural. Liberdade. Dignidade da pessoa humana. Igualdade. Estrangeiros. Benefício assistencial.

Resumo

O trabalho em questão traz uma análise de alguns dos principais valores do ordenamento jurídico pátrio, os quais são valores externos ao direito estruturado enquanto sistema jurisdicional, decorrentes de construção jusnaturalista. Diante desses valores amplamente reconhecidos e tutelados, objetiva-se tratar especificamente da situação dos estrangeiros não naturalizados e da violação aos seus direitos da personalidade como forma de enquadrá-los entre as pessoas em que o Estado reconhece o direito de se socorrer à assistência social a fim de manter o mínimo necessário para sua sobrevivência. A Lei da Assistência estabelece critérios de exercício de nacionalidade ao dispor que o cidadão terá direito, ignorando, na perspectiva do conceito clássico, aqueles que não possuem status de nacional. Todavia as necessidades e carências humanas não respeitos critérios da nacionalidade, devendo-se ter olhos para os desvalidos, independentemente do local de onde são, por uma questão de solidariedade, respeito pelo outro e reconhecimento dos valores na apreciação da lei. Deste modo, por meio da busca de uma resposta acerca da possibilidade de concessão do benefício assistencial, busca-se realizar de um breve estudo sobre o fundamento axiológico do ordenamento jurídico e sua aplicação na tutela das prerrogativas de uma das diversas minorias existentes, e a relativização dos termos.

Referências

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do Estado e ciência política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos, 2004.

BOBBIO, Norberto. Igualdade e liberdade. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 5. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 27. ed., atual. São Paulo: Malheiros, 2012.

BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos da personalidade e autonomia privada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

BREYER, Insa; DUMITRU, Speranta. Lês sans-papiers et leur droit d’avoir des droits. Une approche par l’éthique e la discussion. In: Speranta Dumitru; MArc Rüegger (Coord.) Raisons politiques. Études e Pensée politique. Paris: Presses de ciences Po, n. 26, maio 2007.

CANTALI, Fernanda Borghetti. Direitos da personalidade: disponibilidade relativa, autonomia privada e dignidade humana. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.

CARDUCCI. Michele. Por um Direito Constitucional altruísta. Tradução de Sandra Regina Martini Vial, Patrick Lucca da Ros e Cristina Lazzarotto Fortes. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

CARVALHO, José Raimundo de; SILVA, Bruno Miola da. O princípio da dignidade humana e o direito à inclusão social. Dirceu Pereira Siqueira; Sérgio Tibiriçá Amaral (Organizadores). Direitos humanos: um olhar sob o viés da inclusão social. Birigui: Boreal, 2012.

COELHO, Marcos de Amorim. Geografia do Brasil. 4. ed., rev., atual e ampl. São Paulo: Moderna, 1999.

______; TERRA, Lygia. Geografia do Brasil: espaço natural, territorial e socioeconômico brasileiro. 5. ed., rev. e atual. São Apulo: Moderna. 2003.

______; TERRA, Lygia. Geografia geral: o espaço natural e socioeconômico. 4. ed., atual. São Paulo: Moderna, 2004.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. Tradução de Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2006.

CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. 2. ed. Traduzido por Afonso Celso Furtado Rezende. São Paulo: Quorum, 2008.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 22. ed., rev., e atual. São Paulo: Saraiva, 2005.

DWORKIN, Ronald. A virtude soberana: a teoria e prática da igualdade. Tradução de Jussara Simões. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

ENGELMANN, Wilson. Crítica ao positivismo jurídico: princípios, regras e o conceito de direito. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 2001.

FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. 5. ed., rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

FERMENTÃO, Cleide Aparecida Gomes Rodrigues. Direito à liberdade: por um paradigma de essencialidade que dê eficácia ao direito personalíssimo da liberdade. Curitiba: Juruá, 2009.

______. Os direitos da personalidade como direitos essenciais e a subjetividade do direito. Revista Jurídica Cesumar, v. 6, n. 1, 2006.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Direito constitucional: liberdade de fumar, privacidade, Estado, direitos humanos e outros temas. Barueri: Manole, 2007.

______. Estudos de filosofia do direito: reflexões sobre o poder, a liberdade, a justiça e o direito. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GALLASSI, Almir. O acesso a justiça como garantia dos direitos fundamentais das minorias sociais. Dirceu Pereira Siqueira; Flavo Luís de Oliveira (Organizadores). Acesso à justiça: uma perspectiva da democratização da administração da justiça nas dimensões social, política e econômica. Birigui: Boreal, 2012. p. 1-16.

HERSCH, Jeanne. O direito de ser homem. Tradução de Homero de Castro Jobim. Guanabara: Conquista, 1972.

KELSEN, Hans. Direito natural e direito positivo. Uma investigação de sua relação recíproca. Traduzido por Waldir Alves. Luís Afonso Heck (Organizador). Direito natural, direito positivo, direito discursivo. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 25-49.

MAGNOLI, Demetrio; ARAUJO, Regina. Geografia geral e Brasil: paisagem e território. 2. ed., rev. e atual. São Paulo: Moderna, 2000.

MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. Do espírito das leis. Tradução de José Antonio de Freitas.São Paulo: Martin Claret, 2010.

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 23. ed., atual. São Paulo: Atlas, 2008.

ONU. Número de migrantes internacionais no mundo chega a 272 milhões. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2019/11/1696031. Acesso em 22 set. 2022.

______. Mundo registrou cerca de 281 milhões de migrantes internacionais no ano passado. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2021/12/1772272. Acesso em: 22 set. 2022.

OTERO, Cleber Sanfelici; SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. Direitos fundamentais e justiça têm limites? Poligamia e a questão da publicização do privado. Dirceu Pereira Siqueira; Sérgio Tibiriçá Amaral (Organizadores). Direitos humanos: um olhar sob o viés da inclusão social. Birigui: Boreal, 2012. p. 93-112.

RAMOS, André de Carvalho. Direitos dos estrangeiros no Brasil: a imigração. Direito de ingresso e os direitos dos estrangeiros em situação irregular. In: Daniel Sarmento; Daniela Ikawa; Flávia Piovesan (Coordenadores). Igualdade, diferença e direitos humanos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.

RÁO, Vicente. O direito e a vida dos direitos. 5. ed., atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

ROTHENBURG, Walter Claudius. Direito Constitucional. São Paulo: Verbatim, 2010.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10. ed., rev., atual. e ampl. Porto Alegra: Livraria do Advogado, 2010.

______. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição de 1988. 7. ed., rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.

______. Dimensões da dignidade: ensaios de filosofia do direito e direito constitucional. As dimensões da dignidade da pessoa humana: construindo uma compreensão jurídico-constitucional necessária e possível. 2. ed., rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009.

SILVA, Nilson Tadeu Reis Campos. Os direitos da personalidade e o ciberespaço: o ponto de conexão das esferas público e privada na contemporaneidade. Dirceu Pereira Siqueira; Flávio Luis de Oliveira (Organizadores). Acesso à justiça: uma perspectiva da democratização da administração da justiça nas dimensões social, política e econômica. Birigui: Boreal, 2012. p. 337-354.

STROPPA, Tatiana. Igualdade, diversidade cultural e o acesso aos meios de comunicação social: inclusão sem absorção. Dirceu Pereira Siqueira; Sérgio Tibiriçá Amaral. Direitos humanos: um olhar sob o viés da inclusão social. Birigui: Boreal, 2012. p. 345-364.

SZANIAWSKI, Elimar. Direitos da personalidade e sua tutela. 2. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

TIBURCIO, CARMEN. A condição jurídica do estrangeiro na Constituição brasileira de 1988. In: Daniel Sarmento; Daniela Ikawa; Flávia Piovesan (Coordenadores). Igualdade, diferença e direitos humanos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.

VESENTINI, José William. Brasil sociedade e espaço. 31. ed. São Paulo: Ática, 2002.

VOLTOLIN, Elvis Donizeti. Acesso à justiça e delineamento da tutela jurisdicional. Dirceu Pereira Siqueira; Flavo Luís de Oliveira (Organizadores). Acesso à justiça: uma perspectiva da democratização da administração da justiça nas dimensões social, política e econômica. Birigui: Boreal, 2012. p.128-147.

ZENNI, Alessandro Severino Vallér Zenni. A crise do direito liberal na pós-modernidade. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 2006.

Downloads

Publicado

2022-12-30

Como Citar

LIBERATO TIZZO, L. G. (2022). A (Des) Qualificação Jurídica do Estrangeiro não Naturalizado e a Concessão de Benefício Assistencial no Estado Brasileiro. Revista Jurídica Portucalense, 137–170. Obtido de https://revistas.rcaap.pt/juridica/article/view/26594

Edição

Secção

INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA