Epilepsia em idade pediátrica – casuística da consulta de pediatria de um hospital distrital

Autores

  • Catarina Maia Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
  • Ana Raquel Moreira Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Médio Ave
  • Cecília Martins Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar do Médio Ave

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v26.i2.10090

Palavras-chave:

Crises, epilepsia, pediatria

Resumo

Introdução e objetivos: A epilepsia é uma patologia relativamente frequente em idade pediátrica, com uma prevalência de quatro a seis casos por 1000 crianças. Este estudo teve como objetivos analisar as características clinico-epidemiológicas dos pacientes com epilepsia seguidas na consulta de pediatria de um hospital distrital.

Métodos: Estudo retrospetivo e descritivo de crianças e adolescentes com epilepsia seguidas na consulta de Pediatria-doenças neurológicas entre maio 2009 e junho de 2014. Os critérios de diagnóstico aplicados foram os da Liga Internacional Contra a Epilepsia.

Resultados: Foram incluídos 42 pacientes, 54,8% do sexo masculino, com uma mediana de idade ao diagnóstico de 78 meses (IQR 5-205). Quatro crianças (9,5%) tinham antecedentes de prematuridade, três (7,1%) tinham sido reanimadas após o nascimento, uma (2,4%) apresentava alteração cerebral prévia conhecida e três (7,1%) tinham antecedentes de crises febris. A história familiar de epilepsia era positiva em 53,7% dos casos. Relativamente ao primeiro episódio de crise epilética, cerca de 60% das crises foram clinicamente classificadas como generalizadas, predominantemente tónico-clónicas. Após este primeiro episódio, 98% das crianças realizaram eletroencefalograma, que revelou alterações em 69% dos casos e nestes foi instituído tratamento antiepilético. A neuroimagem cerebral foi realizada em 27 pacientes (64,3%), estando alterada em quatro (15,4%). Dos 42 pacientes incluídos, cerca de metade tiveram novas crises. Por não apresentarem controlo clínico em monoterapia, foi necessário associar novo antiepilético em sete crianças (16,7%). Cerca de 75% dos casos mantêm seguimento e tratamento. Foram detetadas comorbilidades em 30% das crianças, principalmente atraso de desenvolvimento psicomotor/ défice cognitivo (21,4%).

Conclusão: A história clínica detalhada e o eletroencefalograma são fundamentais para o diagnóstico de epilepsia. O prognóstico é bom na maioria das crianças. Estudos longitudinais deverão ser planeados no sentido de determinar a incidência nacional da epilepsia em idade pediátrica e as suas características.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Cowan L, Bodensteiner JB, Levviton A, Doherty L. Prevalence

of the epilepsies in children and adolescents. Epilepsia.

; 30: 94-106.

Serdarog˘lu A,O¨ zkan S, Aydın K, et al. Prevalence of

epilepsy in Turkish children between the ages of 0 and 16

years. J Child Neurol. 2004;19:271-4.

Waaler PE, Blom BH, Skeidsvoll H, Mykletun A. Prevalence,

classification, and severity of epilepsy in children in Western

Norway. Epilepsia. 2000; 41:802-10.

Larsson K, Eeg-Olofsson O. A population based study of

epilepsy in children from a Swedish county. Eur J Pediatr

Neurol. 2006; 10:107-13.

Fisher RS et al. Epileptic seizures and epilepsy: definitions

proposed by the International League Against Epilepsy (ILAE)

and the International Bureau for Epilepsy (IBE). Epilepsia

; 46:470-2.

Instituto Nacional de Estatística. Censos 2011 Resultados

Definitivos – Portugal. 2011. (Acedido em 11 de dezembro

de 2016). Disponível em: censos.ine.pt/.

Shorvon S. The etiologic classification of epilepsy. Epilepsia

; 52: 1052-7.

Fisher RS et al. A practical clinical definition of epilepsy.

Epilepsia 2014; 55:475–82.

Sidenvall R, Forsgren L, Blomquist HK, et al. A communitybased

prospective incidence study of epileptic seizures in

children. Acta Paediatr 1993; 82:60–65.

Hauser WA, Annegers JF, Kurland LT. Incidence of epilepsy

and unprovoked seizures in Rochester, Minnesota: 1935-

Epilepsia. 1993; 34:453–68.

Jallon P, Goumaz M, Haenggeli C, et al. Incidence of first

epileptic seizures in the canton of Geneva, Switzerland.

Epilepsia. 1997; 38:547–52.

Kurtz Z, Tookey P, Ross E. 1998. Epilepsy in young people:

year follow up of the British National Child Development

Study. BMJ 316:339–42.

Cowan LD. The epidemiology of the epilepsies in children.

Ment Retard Dev Disabil Res Rev 2002; 8:171-81

Panayiotopoulos CP. General aspects of epilepsies. In:

Panayiotopoulos CP, ed. A Clinical Guide to Epileptic

Syndromes and Their Treatment. London: Springer;

Freitag CM, TheodorWM, Pfäfflin M, et al. Incidence

of epilepsies and epileptic syndromes in children and

adolescents: a population-based prospective study in

Germany. Epilepsia. 2001; 42:979-85.

Ünver O, Keskin SP, Uysal S, Ünver A. The epidemiology

of epilepsy in children: a report from a Turkish pediatric

neurology clinic. HYPERLINK “https://www.ncbi.nlm.nih.

gov/pubmed/25038132”J Child Neurol. 2015; 30:698-702.

doi: 10.1177/0883073814539559. Epub 2014 Jul 17.

Kwong KL, Chak WK, Wong SN, So KT. Epidemiology of

Childhood Epilepsy in a Cohort of 309 Chinese Children.

Pediatr Neurol 2001; 24:276-82.

Cavazzuti GB. Epidemiology of different types of epilepsy

in school age children of Modena, Italy. Epilepsia. 1980;

:57-62.

Leary PM, Morris S. Recurrent seizures in childhood. Western

Cape profile. S Afr Med J. 1988; 74:579-81.

Winckler M, Rotta N. Clinical and Electroencephalographic

follow-up after a first unprovoked seizure. Pediatr Neurol.

; 30:201-6.

Fondation Française pour la Recherche sur l’Epilepsie.

Epilepsies and time to diagnosis: Descriptive results of the

CAROLE survey. Rev Neurol (Paris). 2000; 156:481-90.

Camfield P, Camfield C. Incidence, prevalence and aetiology

of seizures and epilepsy in children. Epileptic Disord. 2015;

:117-23.

Endziniene M, Pauza V, Mizeviciene I. Prevalence of epilepsy

in Kaunas, Lithuania. Brain Dev 1997; 19:379-87.

Downloads

Publicado

2017-07-24

Como Citar

1.
Maia C, Moreira AR, Martins C. Epilepsia em idade pediátrica – casuística da consulta de pediatria de um hospital distrital. REVNEC [Internet]. 24 de Julho de 2017 [citado 19 de Julho de 2024];26(2):109-13. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/10090

Edição

Secção

Artigos Originais

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)