Epilepsia em idade pediátrica – casuística da consulta de pediatria de um hospital distrital
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v26.i2.10090Palavras-chave:
Crises, epilepsia, pediatriaResumo
Introdução e objetivos: A epilepsia é uma patologia relativamente frequente em idade pediátrica, com uma prevalência de quatro a seis casos por 1000 crianças. Este estudo teve como objetivos analisar as características clinico-epidemiológicas dos pacientes com epilepsia seguidas na consulta de pediatria de um hospital distrital.
Métodos: Estudo retrospetivo e descritivo de crianças e adolescentes com epilepsia seguidas na consulta de Pediatria-doenças neurológicas entre maio 2009 e junho de 2014. Os critérios de diagnóstico aplicados foram os da Liga Internacional Contra a Epilepsia.
Resultados: Foram incluídos 42 pacientes, 54,8% do sexo masculino, com uma mediana de idade ao diagnóstico de 78 meses (IQR 5-205). Quatro crianças (9,5%) tinham antecedentes de prematuridade, três (7,1%) tinham sido reanimadas após o nascimento, uma (2,4%) apresentava alteração cerebral prévia conhecida e três (7,1%) tinham antecedentes de crises febris. A história familiar de epilepsia era positiva em 53,7% dos casos. Relativamente ao primeiro episódio de crise epilética, cerca de 60% das crises foram clinicamente classificadas como generalizadas, predominantemente tónico-clónicas. Após este primeiro episódio, 98% das crianças realizaram eletroencefalograma, que revelou alterações em 69% dos casos e nestes foi instituído tratamento antiepilético. A neuroimagem cerebral foi realizada em 27 pacientes (64,3%), estando alterada em quatro (15,4%). Dos 42 pacientes incluídos, cerca de metade tiveram novas crises. Por não apresentarem controlo clínico em monoterapia, foi necessário associar novo antiepilético em sete crianças (16,7%). Cerca de 75% dos casos mantêm seguimento e tratamento. Foram detetadas comorbilidades em 30% das crianças, principalmente atraso de desenvolvimento psicomotor/ défice cognitivo (21,4%).
Conclusão: A história clínica detalhada e o eletroencefalograma são fundamentais para o diagnóstico de epilepsia. O prognóstico é bom na maioria das crianças. Estudos longitudinais deverão ser planeados no sentido de determinar a incidência nacional da epilepsia em idade pediátrica e as suas características.
Downloads
Referências
Cowan L, Bodensteiner JB, Levviton A, Doherty L. Prevalence
of the epilepsies in children and adolescents. Epilepsia.
; 30: 94-106.
Serdarog˘lu A,O¨ zkan S, Aydın K, et al. Prevalence of
epilepsy in Turkish children between the ages of 0 and 16
years. J Child Neurol. 2004;19:271-4.
Waaler PE, Blom BH, Skeidsvoll H, Mykletun A. Prevalence,
classification, and severity of epilepsy in children in Western
Norway. Epilepsia. 2000; 41:802-10.
Larsson K, Eeg-Olofsson O. A population based study of
epilepsy in children from a Swedish county. Eur J Pediatr
Neurol. 2006; 10:107-13.
Fisher RS et al. Epileptic seizures and epilepsy: definitions
proposed by the International League Against Epilepsy (ILAE)
and the International Bureau for Epilepsy (IBE). Epilepsia
; 46:470-2.
Instituto Nacional de Estatística. Censos 2011 Resultados
Definitivos – Portugal. 2011. (Acedido em 11 de dezembro
de 2016). Disponível em: censos.ine.pt/.
Shorvon S. The etiologic classification of epilepsy. Epilepsia
; 52: 1052-7.
Fisher RS et al. A practical clinical definition of epilepsy.
Epilepsia 2014; 55:475–82.
Sidenvall R, Forsgren L, Blomquist HK, et al. A communitybased
prospective incidence study of epileptic seizures in
children. Acta Paediatr 1993; 82:60–65.
Hauser WA, Annegers JF, Kurland LT. Incidence of epilepsy
and unprovoked seizures in Rochester, Minnesota: 1935-
Epilepsia. 1993; 34:453–68.
Jallon P, Goumaz M, Haenggeli C, et al. Incidence of first
epileptic seizures in the canton of Geneva, Switzerland.
Epilepsia. 1997; 38:547–52.
Kurtz Z, Tookey P, Ross E. 1998. Epilepsy in young people:
year follow up of the British National Child Development
Study. BMJ 316:339–42.
Cowan LD. The epidemiology of the epilepsies in children.
Ment Retard Dev Disabil Res Rev 2002; 8:171-81
Panayiotopoulos CP. General aspects of epilepsies. In:
Panayiotopoulos CP, ed. A Clinical Guide to Epileptic
Syndromes and Their Treatment. London: Springer;
Freitag CM, TheodorWM, Pfäfflin M, et al. Incidence
of epilepsies and epileptic syndromes in children and
adolescents: a population-based prospective study in
Germany. Epilepsia. 2001; 42:979-85.
Ünver O, Keskin SP, Uysal S, Ünver A. The epidemiology
of epilepsy in children: a report from a Turkish pediatric
neurology clinic. HYPERLINK “https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pubmed/25038132”J Child Neurol. 2015; 30:698-702.
doi: 10.1177/0883073814539559. Epub 2014 Jul 17.
Kwong KL, Chak WK, Wong SN, So KT. Epidemiology of
Childhood Epilepsy in a Cohort of 309 Chinese Children.
Pediatr Neurol 2001; 24:276-82.
Cavazzuti GB. Epidemiology of different types of epilepsy
in school age children of Modena, Italy. Epilepsia. 1980;
:57-62.
Leary PM, Morris S. Recurrent seizures in childhood. Western
Cape profile. S Afr Med J. 1988; 74:579-81.
Winckler M, Rotta N. Clinical and Electroencephalographic
follow-up after a first unprovoked seizure. Pediatr Neurol.
; 30:201-6.
Fondation Française pour la Recherche sur l’Epilepsie.
Epilepsies and time to diagnosis: Descriptive results of the
CAROLE survey. Rev Neurol (Paris). 2000; 156:481-90.
Camfield P, Camfield C. Incidence, prevalence and aetiology
of seizures and epilepsy in children. Epileptic Disord. 2015;
:117-23.
Endziniene M, Pauza V, Mizeviciene I. Prevalence of epilepsy
in Kaunas, Lithuania. Brain Dev 1997; 19:379-87.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Copyright e Direitos dos Autores
Todos os artigos publicados na Revista Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal rege-se pelos termos da licença Creative Commons "Atribuição - Uso Não-Comercial - (CC-BY-NC)"".
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc. de outras publicações.
Juntamente com a submissão do artigo, os autores devem enviar a Declaração de conflito de interesses e formulário de autoria. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons.