Caracterização dos hábitos de brincar, sono e comportamento em crianças em idade pré-escolar
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v31.i1.21113Palavras-chave:
brincar, comportamento, desenvolvimento, Pediatria, sonoResumo
Introdução: Brincar é uma atividade essencial da infância. O objetivo principal deste estudo foi caracterizar os hábitos de brincar de crianças portuguesas com idades compreendidas entre os três e cinco anos. Como objetivos secundários, pretendeu avaliar-se os hábitos de sono, exposição a meios audiovisuais e comportamento das crianças, bem como a perceção dos cuidadores sobre estes estes assuntos.
Material e métodos: Estudo observacional baseado na aplicação de um questionário online a pais e cuidadores sobre aspetos sociodemográficos, hábitos de jogo, exposição a ecrãs, sono e comportamento das crianças.
Resultados: Foram recolhidos 240 questionários, 58,3% (n=140) dos quais relativos a crianças do género masculino. No total, 93,9% (n=225) das crianças frequentavam ou já tinham frequentado o jardim de infância, 56,9% (n=137) praticavam pelo menos uma atividade extracurricular, 64,4% (n=155) brincavam ao ar livre quase todos os dias e 80,9% (n=194) brincavam com pares. A maioria (68,3%, n=164) dos cuidadores brincava com as crianças diariamente, mas 95% (n=228) gostaria de o fazer mais frequentemente. A brincadeira livre foi a preferida entre as crianças (64%, n=154). A maioria das crianças (77,4%, n=186) tinha contactado com meios audiovisuais antes dos 18 meses de idade. Relativamente aos cuidadores, 89,6% (n=215) consideraram que as crianças dormiam bem, com 27,4% (n=66) a afirmar que as crianças faziam birras frequentes e 21,3% (n=51) que estas eram impulsivas ou agressivas. A maioria dos cuidadores reconheceu a importância do ato de brincar para a criança. Relativamente aos hábitos de sono, o menor foco em atividades calmas (odds ratio [OR] 4.638, intervalo de confiança [IC] 95% 1.902-11.314) e birras frequentes (OR 2.317, IC 95% 1.022-5.250) foram preditores independentes de problemas do sono.
Conclusão: A brincadeira livre, brincar frequentemente ao ar livre e brincar com outras crianças destacaram-se como fatores protetores da saúde física e mental das crianças. Contudo, a exposição inadequada a ecrãs e a sobrecarga horária com atividades estruturadas constituem uma preocupação, devendo ser abordados nas consultas de Pediatria. A aprendizagem lúdica centrada na família deve ser incentivada.
Downloads
Referências
Milteer RM, Ginsburg KR; Council On Communications And Media; Committee On Psychosocial Aspects Of Child And Family Health. The Importance of play in promoting healthy child development and maintaining strong parent-child bond: focus on children in poverty. Pediatrics. 2012;129(1):e204-13.
Póvoas M, Castro T, Mateus AM, Costa M, Escária A, Miranda C. O brincar da criança em idade pré-escolar. Acta Pediatr Port. 2013;44(3):108-12.
Hirsh-Pasek K, Golinkoff RM, Berk L, Singer DG. A Mandate for Playful Learning in Preschool. New York, NY: Oxford University Press; 2009.1ªedição. pp. 17-42.
Bodrova E, Germeroth C, Leong DJ. Play and self-regulation: lessons from Vygotsky. Am J Play. 2013;6(1):111-23.
Walker CM, Gopnik A. Pretense and possibility–a theoretical proposal about the effects of pretend play on development: comment on Lillard et al. (2013). Psychol Bull. 2013;139(1):40-4.
Pellis S, Pellis V. In The Playful Brain: Venturing to the Limits of Neuroscience. Oxford, United Kingdom: Oneworld; 2009. 1ªed. pp. 62-90; 161 -6.
Lewis V, Boucher J, Lupton L, Watson S. Relationships between symbolic play, functional play, verbal and non-verbal ability in young children. Int J Lang Commun Disord. 2000;35(1):117-27.
Galinsky E. In: Mind in the Making: the seven essential life skills every child needs. 1st ed. New York: Harper Collins; Harperstudio. 2010. pp. 43-4.
Yogman M, Garner A, Hutchinson J, Hirsh-Pasek K, Golinkoff RM; Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health; Council on Communications and Media. The power of play: a Pediatric Role in Enhancing Development in Young Children. Pediatrics. 2018;142(3).pii:e20182058.
Conselho Nacional de Educação. “A EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS DOS 0 AOS 12 ANOS”. Lisboa: Conselho Nacional de Educação; 2008 Available at: https://www.cnedu.pt/content/antigo/files/1_A_Educacao.pdf; acedido a 06/06/19
High PC; Committee on Early Childhood, Adoption, and Dependent Care and Council on School Health. Pediatrics. 2008;121(4).
Walker SP, Chang SM, Vera-Hernández M, Grantham-McGregor S. Early childhood stimulation benefits adult competence and reduces violent behavior. Pediatrics. 2011;127(5):849-57.
Golinkoff RM, Hirsh-Pasek K. Becoming Brilliant: What Science Tells us About Raising Successful Children. 1st ed. Washington, DC: American Psychological Association (APA); 2016.pp. 34-48.
Lubans DR, Morgan PJ, Cliff DP, Barnett LM, Okely AD. Fundamental movement skills in children and adolescents: review of associated health benefits. Sports Med. 2010;40(12):1019-35. Review.
Hirsh-Pasek K, Golinkoff RM, Eyer D. Einstein Never Used Flash Cards: How Our Children Really Learn—and Why They Need to Play More and Memorize Less. Pleasant Valley, NY: Rodale; 2003. pp. 205-43.
Sobel DM, Sommerville JA. The importance of discovery in children’s causal learning from interventions. Front Psychol. 2010;1:176.
Gruber MJ, Gelman BD, Ranganath C. States of curiosity modulate hippocampus-dependent learning via the dopaminergic circuit. Neuron. 2014;84(2):486-96.
Child Trends. Neighborhood safety [Internet]. Bethesda; 2019 [cited 2019 Jul 10]. Available from: https://www.childtrends. org/indicators/neighborhood-safety/.
Louv R. In: Last Child in the Woods: Saving Our Children From Nature-Deficit Disorder. Chapel Hill, NC: Algonquin Books; 2008. p.99-114.
Barry E. In British playgrounds, bringing in risk to build resilience [Internet]. New York Times 2018 [cited 2019 Jul 7]. Available at: https://www.nytimes.com/2018/03/10/world/europe/britain-playgrounds- risk.html.
Pellegrini AD, Smith PK. Physical activity play: the nature and function of a neglected aspect of playing. Child Dev.1998;69(3):577-98. Review.
Lieber R. Think Seriously About Spending for Play. 2016;(January 2):B1 [Internet]. New York Times 2018 [cited 2019 Jul 7]. Available at: https://www.nytimes.com/2016/01/02/your-money/think-seriously-about-spending-for-play.html.
Brussoni M, Gibbons R, Gray C, Ishikawa T, Sandseter EB, Bienenstock A, et al. What is the Relationship between Risky Outdoor Play and Health in Children? A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health. 2015;12(6):6423-54. Review.
American Academy of Pediatrics (AAP). American Academy of Pediatrics Announces New Recommendations for Children’s Media Use [Internet]. AAP; 2016 [cited 2019 Feb 1]. Available at: https://www.aap.org/en-us/about-the-aap/aap-press-room/pages/american-academy-of-pediatrics-announces-new-recommendations-for-childrens-media-use.aspx
World Health Organization. (2019). Guidelines on physical activity, sedentary behaviour and sleep for children under 5 years of age. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/311664.
Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). CRESCENDO ENTRE ECRÃS: Usos de meios eletrónicos por crianças (3-8 Anos) [Internet]. Lisboa: ERC; 2017 [citado 2020 Jan 28]. Available at:https://www.internetsegura.pt/sites/default/files/crescendo-entre-ecras.pdf
Council on communications and media. Media and Young Minds. Pediatrics. 2016 Nov;138(5):e20162591. doi: 10.1542/peds.2016-2591. PMID: 27940793.
Sociedade Portuguesa de Pediatria – Secção de Pediatria Social. Recomendações SPS-SPP: Prática da sesta da criança nas creches e infantários, públicos ou privados. Published online in June 2017.URL:https://www.spp.pt/UserFiles/file/Noticias_2017/VERSAO%20PROFISSIONAIS%20DE%20SAUDE_RECOMENDACOES%20SPS-SPP%20SESTA%20NA%20CRIANCA.pdf [03.02.2021].
Bhargava S. Diagnosis and Management of Common Sleep Problems in Children. Pediatrics in Review. 2011,32(3)91-99. DOI: https://doi.org/10.1542/pir.32-3-91.
Gouveia R. As birras na criança. Rev Port Clín Geral. 2009;25(6):702-5.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Raquel Bragança, Ana Margarida Vaz Rodrigues Amaral Pinto, Mayara Nogueira, Margarida Vicente Ferreira, Bárbara Mota, Fátima Pinto, Lara Lourenço

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Copyright e Direitos dos Autores
Todos os artigos publicados na Revista Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal rege-se pelos termos da licença Creative Commons "Atribuição - Uso Não-Comercial - (CC-BY-NC)"".
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc. de outras publicações.
Juntamente com a submissão do artigo, os autores devem enviar a Declaração de conflito de interesses e formulário de autoria. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons.