Estará a coinfeção vírica respiratória associada a maior gravidade clínica?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v32.i1.23884

Palavras-chave:

infeção do trato respiratório, Virologia

Resumo

Introdução: As infeções respiratórias inferiores (IRI) são uma causa frequente de internamento hospitalar em Pediatria. O agente etiológico mais prevalente é o vírus sincicial respiratório (VSR); quer isoladamente; quer em contexto de coinfeção. As taxas de coinfeção na literatura variam entre 10-44%; não existindo consenso quanto ao impacto da coinfeção no prognóstico das IRI.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar uma possível associação entre coinfeção vírica e gravidade clínica.
Materiais e Métodos: Foi conduzido um estudo observacional retrospetivo com base na informação contida nos processos clínicos de doentes com idade inferior a cinco anos admitidos ao longo de 13 meses no Serviço de Pediatria de um hospital de nível II e com resultados positivos no exame virológico do lavado nasofaríngeo (pesquisa de 10 vírus por análise de imunoensaio fluorenzimático).
Resultados: Foram identificados 224 resultados positivos em 434 doentes na coorte de estudo (51.6%); com uma taxa de coinfeção de 5.8%. O vírus mais prevalente foi o VSR; presente em 76.9% das coinfeções. A associação mais frequentemente identificada foi entre o VSR e o Coronavírus OC43. Cinco por cento dos doentes foram transferidos para unidades hospitalares de nível III; nenhum dos quais com coinfeção. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os doentes com um ou mais vírus detetados para qualquer dos parâmetros analisados; nomeadamente duração do internamento; taxa de transferência; e necessidade de oxigenoterapia ou corticoterapia endovenosa. Apesar disso; a presença de fatores de risco para IRI foi mais frequente nos doentes com coinfeção.
Conclusões: No presente estudo; a coinfeção vírica não se associou a uma maior gravidade clínica. A escassez de estudos nacionais e os resultados variáveis na literatura revelam a necessidade de estudos com maior poder estatístico para melhor esclarecer o prognóstico da coinfeção virica respiratória.

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Publicado

2023-06-23

Como Citar

1.
Sousa P, Kochetkova N, Correia de Oliveira S, Mota P, Dias Ângela. Estará a coinfeção vírica respiratória associada a maior gravidade clínica?. REVNEC [Internet]. 23 de Junho de 2023 [citado 17 de Junho de 2024];32(1):15-22. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/23884

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