Quando as saquetas se confundem – ingestão de cloridrato de benzidamina

Autores

  • Ana Lopes Dias Serviço de Pediatria, Unidade de Vila Real, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Helena Pereira Serviço de Pediatria, Unidade de Vila Real, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Joana Soares Serviço de Pediatria, Unidade de Vila Real, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Teresa Campos Urgência Pediátrica, Centro Hospitalar de São João
  • Márcia Quaresma Serviço de Pediatria, Unidade de Vila Real, Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v24.i3.8544

Palavras-chave:

intoxicação, benzidamina, alucinação, criança

Resumo

Introdução: O cloridrato de benzidamina é um anti-inflamatório não esteróide com propriedades analgésicas, antipiréticas e antimicrobianas.

Caso Clínico: Menino de 4 anos e 8 meses recorreu ao serviço de urgência por agitação psicomotora e alucinações visuais, com início cerca de 1 hora após a ingestão acidental de uma saqueta de 500 mg de cloridrato de benzidamina. Ao exame objetivo apresentava ataxia, tremor, abalos espasmódicos ocasionais, agitação psicomotora e alucinações visuais. Após lavagem gástrica e administração de carvão ativado, administrou-se haloperidol pelo quadro acentuado de agitação com alucinações visuais. Dada a possibilidade de ocorrência de asfixia por espasmo da musculatura respiratória, foi transferido para um hospital terciário. Apresentou evolução favorável, com alta ao 2º dia de internamento.

Discussão: Alerta-se para o risco de confusão na via de administração de apresentações para uso tópico e oral. Sendo a principal manifestação o efeito alucinogénico, a ingestão acidental ou intencional de benzidamina deve ser considerada em quadros psicóticos agudos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Settimi L, Davanzo F, Lauria L, Casini ML, Ferrazin F. Oral ingestion of a topical benzydamine hydrochloride-containing gynaecological preparation in association with television advertising in Italy: analysis of cases managed by a National Poison Control Centre. BMJ Open 2012; 2: e000204.

Doğan M, Yılmaz C, Çaksen H, Güven A. A case of benzydamine HCL intoxication. Eastern Journal of Medicine 2013; 11: 26-8.

Ballesteros S, Ramón MF, Martínez-Arrieta R. Ingestions of benzydamine-containing vaginal preparations. Clin Toxicol (Phila) 2009; 47: 145-9.

Mota D, Costa A, Teixeira C, Bastos A, Dias M. Uso abusivo de benzidamina no Brasil: uma abordagem em farmacovigilância. Ciência & Saúde Coletiva 2010; 15: 717-24.

Schvartsman C, Schvartsman S. Intoxicação por benzidamina consequente à ingestão de colutório Antiinflamatório. Pediat (S. Paulo) 1986; 8: 107 9.

Opaleye ES, Noto AR, Sanchez ZM, Moura YG, Galduróz JC, Carlini EA. Recreational use of benzydamine as a hallucinogen among street youth in Brazil. Rev Bras Psiquiatr 2009; 31: 208-13

Souza J, Marinho C, Guilam M. Medicine consumption and the internet: critical evaluation of a virtual community. Rev Assoc Med Bras 2008; 54: 225-31.

Schifano F, Corazza O, Marchi A, Di Melchiorre G, Sferrazza E, Enea A, et al. Analysis of online reports on the potential misuse of benzidamine. Riv Psichiatr 2013;48:182-6

Acar YA, Kalkan M, Çetin R, Çevik E, Çınar O. Acute Psychotic Symptoms due to Benzydamine Hydrochloride Abuse with Alcohol. Case Rep in Psychiatry 2014; 2014: 290365

Gómez-López L, Hernández.Rodríguez J, Pou J, Nogué S. Acute overdose due to benzydamine. Hum Exp Toxicol 1990; 18: 471-3

Balaban OD, Atagun MI, Yilmaz H, Yazar MS, Alpkan LR. Benzydamine abuse as a hallucinogen: a case report. BCP 2013; 23: 276-9

Guru M, Safak Y, Kuru E, Orsel S. Psychotic disorder related to benzydamine hydrochloride abuse: a case report. Bulletin of Clinical Psychopharmacology 2012; 22: 51

Downloads

Publicado

2015-09-15

Como Citar

1.
Dias AL, Pereira H, Soares J, Campos T, Quaresma M. Quando as saquetas se confundem – ingestão de cloridrato de benzidamina. REVNEC [Internet]. 15 de Setembro de 2015 [citado 19 de Julho de 2024];24(3):133-5. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/8544

Edição

Secção

Casos Clínicos

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)