Estratégias e incidência empresarial na atual política educacional brasileira: O caso do movimento ‘Todos Pela Educação’
DOI:
https://doi.org/10.21814/rpe.12674Resumo
Atualmente, observa-se na política educativa brasileira a influência constante de organizações empresariais que se entrelaçam com os quadros políticos, de entre as quais se destaca o Movimento Todos pela Educação (TPE). Procura-se aqui apresentar o TPE, discutindo seus objetivos e suas principais estratégias para incidir na política educativa brasileira. Utilizou-se vasta pesquisa documental e entrevistas com os principais atores do movimento. O TPE age como uma ampla coalizão, organiza-se em uma densa rede e atua como um Think Tank da educação. O presente artigo identifica indícios de um novo estágio de reestruturação do espaço público e de suas instituições. Em tal estágio, o empresariado busca o fortalecimento da capacidade de execução do aparelho estatal e institucional, tomando as rédeas desse processo, em nome da necessidade do controle social.
Palavras-chave: Reformas educativas; Educação e empresários; Políticas educativas; Advocacy; Brasil
ABSTRACT
We can observe, in the current Brazilian education policy, the influence of entrepreneurial organizations that interweave with the political scenario, among which the ‘All for Education’ movement (‘Movimento Todos pela Educação’ - TPE) stands out. We used extensive documentary research and interviews with the main actors of the organization. We aim to introduce this movement and discuss its objectives and main strategies concerning the Brazilian education policy. The TPE Movement acts as a broad coalition, organizing itself in a dense network and acting as a ‘Think Tank’ on education. This study identifies signs of a new restructuration phase of public space and institutions, where entrepreneurs seek to strength the operational capability of governmental and institutional apparatus, assuming the command of this process in the name of the social control demand.
Keywords: Education Reforms; Education and entrepreneurs; Education policies; Advocacy; Brazil
Downloads
Referências
Ball, S. J., & Olmedo, A. (2012). Global social capitalism: Using enterprise to solve the problems of the world. Citizenship, Social and Economics Education, 10(2-3), 83-90.
Boito Jr., A. (2012). Governos Lula: A nova burguesia nacional no poder. In A. Boito Jr. & A. Galvão (Orgs.), Política e classes sociais no Brasil dos anos 2000 (pp. 67-104). São Paulo: Alameda.
Borzal, T. A. (1998). Organizing Babylon: On the different conceptions of policy networks. Public Administration, 76, 253-273.
Cunha, L. A. (1991). Educação, Estado e democracia no Brasil. São Paulo: Cortez.
Delvaux, B. (2009). Qual é o papel do conhecimento na ação política? Educação & Sociedade, 30(109), 959-985.
Fataar, A. (2006). Policy networks in recalibrated political terrain: The case of school curriculum policy and politics in South Africa. Journal of Education Policy, 21(6), 641-659.
Fernandes, F. (1981). A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar.
Franco, M. L. B., Pardal, L., Ventura, A., & Dias, C. (2004). Ensino médio e ensino técnico no Brasil e em Portugal: Raízes históricas e panorama atual. Campinas: Autores Associados.
Freitas, L. C. (2011). Responsabilização, meritocracia e privatização: Conseguiremos escapar ao neotecnicismo? Comunicação apresentada no Seminário de Educação Brasileira, Campinas, Brasil, 2 de março.
Freitas, L. C. (2012). Os reformadores empresariais da educação: Da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educação & Sociedade, 33(19), 379-404.
Gramsci, A. (1980). Análisis de las situaciones, relaciones de fuerzas. Nueva Antropología, 4, 15-16.
Harvey, D. (2012). Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola.
Klees, S. J., Samoff, J., & Stromquist, N. P. (Eds.) (2012). The World Bank and education. Critiques and alternatives. Roterdam/Boston/Taipei: Sense Publishers.
Krawczyk, N. (2008). Em busca de uma nova governabilidade na educação. In D. Andrade & M. F. F. Rosar (Orgs.), Política e gestão da educação (pp. 59-72). Belo Horizonte: Autêntica.
Krawczyk, N. (2014a). Sociologia do Ensino Médio. Crítica ao economicismo na política educacional. São Paulo: Cortez.
Krawczyk, N. (2014b). Ensino médio: Empresários dão as cartas na escola pública. Educação & Sociedade, 35(126), 21-41.
Krawczyk, N., & Grinkraut, A. (2014). Ensino médio: Um campo de disputa. Research Study Report, CNPq. Diagnóstico e propostas dos organismos internacionais 2000-2013. Mimeo.
Leher, R. (2010a). Educação no governo de Lula da Silva: A ruptura que não aconteceu. In Vários autoresJ. P. A. Magalhães et al. (Orgs.), Os anos Lula. Contribuições para um balanço crítico 2003-2010 (pp. 369-412). Rio de Janeiro: Garamond.
Leher, R. (2010b). Neoliberalismo se apropria da ideia de “inclusão” para privatizar a educação e a política educacional do Banco Mundial para a periferia do capitalismo. Jornal dos Sem Terra, 308 (s/p).
Leher, R. (2014). Estratégia política e Plano Nacional de Educação. Revista Eletrônica Marxismo 21. Dossiê Temático Marxismo e Educação. In: https://marxismo21.org/wp-content/uploads/2014/08/R-Leher-Estrat%C3%A9gia-Pol%C3%ADtica-e-Plano-Nacional-Educa%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em 30/04/2018.
Lima, J. (2007). Redes na educação: Questões políticas e conceituais. Revista Portuguesa de Educação, 20(2), 151-181.
Martins, E. M. (2013). Responsabilidade educacional e atuação do Todos pela Educação. In L. C. Almeida, I. R. Pino, J. M. R. Pinto, & A. B. Gouveia (Orgs.), IV Seminário de Educação Brasileira: PNE em foco (vol. 1, s/p). Campinas, SP: CEDES.
Martins, E. M. (2016). Todos pela Educação? Como os empresários estão determinando a política educacional brasileira. Rio de Janeiro: Lamparina.
Oliveira, A. C., & Haddad, S. (2001). As organizações da sociedade civil e as ONGs de educação. Cadernos de Pesquisa, 112, 61-83.
Olmedo, A. (2013). From England with love… ARK, heterarchies and global ‘philanthropic governance’. Journal of Education Policy, 29(5), 575-597.
Ribeiro, M. L. (1984). História da educação brasileira. A organização escolar. São Paulo: Editora Moraes.
Saviani, D. (2007). O plano de desenvolvimento da educação: Análise do projeto do MEC. Educação & Sociedade, 28(100), 1231-1255.
Simielli, L. (2008). Coalizões em educação no Brasil. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas.
Todos Pela Educação. (2006a). Compromisso Todos Pela Educação. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2006b). Todos Pela Educação. Rumo a 2022. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2007a). História, conquista e visão de futuro. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2007b). Relatório de Atividades do Todos Pela Educação 2007. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2010). De olho nas metas - 2010. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2012). Todos Pela Educação: 5 anos, 5 metas, 5 bandeiras. São Paulo: Todos pela Educação.
Todos Pela Educação. (2014). Relatório de Atividades do Todos Pela Educação 2014. São Paulo: Todos pela Educação.
União Europeia. (2013). Cooperación regional por la calidad de la educación en América Latina (Internacional Cooperation and Development). Retirado de: https://ec.europa.eu/europeaid/node (acesso em 30/03/2017).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
1. Autores conservam os direitos de autor e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 CC-BY-SA que permite a partilha do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
2. Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: depositar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
3. Autores e autoras têm permissão e são estimulado/as a publicar e distribuir o seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), já que isso pode aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição Compartilhamento pela mesma Licença Internacional 4.0