Visto do outro lado ...
DOI:
https://doi.org/10.25751/rspa.7474Resumo
No momento em que recebi o amável convite para este Editorial encontrava-me, pela segunda vez este ano, a convalescer de uma cirurgia. Coisas da idade e do destino, que de um momento para o outro, nos troca os papéis e, de médica passei de repente a doente. Sosseguemo-nos, temos a convicção que ambas cirurgias foram necessárias e curativas.
Tento relembrar esses momentos das cirurgias: da picada do cateter na veia periferica, da ida, já deitada, para o bloco operatório, da entrada na sala de operações, do momento da monitorização e do momento do nada…
Tento reviver todas essas emoções e o que me ressalta é que tudo foi vivido com naturalidade e tranquilidade – eu conhecia o ambiente de uma sala de operações e estava confiante na capacidade dos cirurgiões, os anestesistas eram meus “velhos” conhecidos – um tinha sido meu formador e a outra é minha amiga, colega de curso e de especialidade. Num ambiente tão favorável e amigável não é de admirar que a doente estivesse tranquila e confiante – tenho a convição que esse facto só pode ter tido influência na minha boa recuperação.
A que propósito vem este desfilar de questões pessoais? Para falar da humanização da relação médico-doente e muito particularmente do anestesista- doente. É um tema mais que batido, dirão, - estou de acordo. Contudo, não estou certa que tenhamos conseguido superar esta questão. Todos nós temos amigos ou familiares próximos com verdadeiros relatos de terror vivenciados em salas de operação, e porquê?
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