Acompanhantes Internos Diálogos entre a Psicanálise e a Educação

Resumo

São muitas as crianças e jovens que apresentam histórias sociais, familiares e escolares profundamente acidentadas. Mais vulneráveis a fenómenos de exclusão, tornam-se um problema para si mesmos e para aqueles que delas se ocupam, levando alguns educadores a elevados níveis de sofrimento profissional e a considerarem a tarefa de construir cenários educativos mais inclusivos como uma miragem. Presos a um olhar fotográfico, fixados na dimensão acidentada da criança e jovem e na sua organização reactiva, os educadores sentem-se incapazes de colocar hipóteses de compreensibilidade e de ensaiar pontes para o modificável. Trazer a cada uma destas crianças e jovens novos lugares de vida e de humanização pede um olhar dinâmico, colaborativo, que se mova para trás e para a frente, que se descole do imediato e da urgência da resposta. Torna-se necessário um olhar de fora para dentro, que veja para além do que se dá a ver, que saiba acolher as características únicas de cada uma destas crianças e jovens, a sua história e os seus impasses e, ao mesmo tempo, que procure pontos de aderência que abram novas histórias de vida e de aprendizagem. A Psicanálise aplicada à Educação, como espaço de diálogo e de intersecção de saberes, poderá facilitar a construção de quadros de trabalho que permitam aos educadores ir além do directamente observável. A Escola responderá de forma mais adequada aos desafios colocados se cuidar dos seus profissionais, se apoiar quem apoia abrindo lugares de escuta, palavra e pensamento. Os Grupos de Apoio ao Apoio, espaços de co-reflexão profissional que cruzam a Psicanálise e a Educação, constituem um recurso para os processos de desenvolvimento profissional. Ancorados no pensamento psicanalítico e na pedagogia, os autores fundamentam e apresentam uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido num Grupo de Apoio ao Apoio Balint-Educação.