O despertar da consciência cívica feminina: Identidade e valores femininos na literatura proto-feminista do século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.25755/int.328Palavras-chave:
Cidadania, Feminismo, Ética feminista.Resumo
O século XVIII pautou-se por um intenso debate sobre a educação feminina, questão que constituiu um primeiro passo no desafio à “Lei do Costume”, a qual perpetuava a inferioridade das mulheres em relação aos homens. Assim, a defesa do direito à educação enquadra-se num plano mais amplo de reivindicações, o da defesa da igualdade intelectual, servindo de esteio a posteriores movimentos de índole política.
De facto, o Feminismo em Inglaterra está intimamente ligado à questão da educação feminina, como o exemplo do percurso literário de escritoras como Mary Astell e Catharine Macaulay atesta. Seguindo uma já longa tradição literária, encontramos em Setecentos uma vasta ensaística apologética acerca do estatuto e da participação da mulher na sociedade. Até aí, as mulheres eram consideradas as guardiãs da moral e dos bons costumes, desempenhando um papel fulcral na manutenção da estabilidade doméstica e social. Nesta altura, algumas pensadoras almejavam objectivos mais vastos e de maior relevância para o colectivo. Assim, este século pautou-se por profundas convulsões ao nível da mentalidade social, especialmente no que concerne ao modo como as mulheres eram vistas e ao papel que desempenhavam no seio da sociedade, como prova o intenso debate observado relativamente aos direitos das mulheres, não só a nível educacional (a tónica dominante no início do século), mas também a nível cívico e político, mais óbvio no final do século, muito propiciado pelos ventos revolucionários soprados de França e da América do Norte que incentivavam a mulher a adoptar uma postura mais reivindicativa.
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