Mediação literária e formação de leitores: um olhar para "A parte que falta", de Shel Silverstein

Resumo

Este texto busca uma reflexão sobre a linguagem literária, a partir da perspectiva enunciativa-discursiva como interação verbal, como um fenômeno social contínuo, interativo e constitutivo da ação humana. Considera-se que a linguagem presente nas obras literárias, especificamente, nos livros de literatura infantil, contribui com a formação literária dos leitores, visto que atua na produção de saberes, permitindo aos leitores uma reflexão e uma sensibilização na interlocução com as experiências vividas, com o outro e consigo mesmo. Nessa vertente, o artigo tem por objetivo analisar os discursos produzidos pela mediação literária, com destaque aos aspectos subjetivos da linguagem literária na formação do leitor, a partir da obra A parte que falta, de Shel Silverstein, publicada pela Editora Companhia das Letrinhas em 2018. Subsidiado pela concepção enunciativa-discursiva de linguagem de Bakhtin (2003) e Bakhtin e Volóchinov (2006), o texto analisa a constituição do sujeito por meio da interação dialógica proporcionada pela narrativa literária. A análise destaca que a identificação dos leitores com o protagonista da obra, ocorre pela ideia de (in)completude, sinalizada em três eixos reflexivos em relação às experiências e interações sociais, em relação às experiências pessoais e em relação à formação leitora, as quais repercutem no reconhecimento da identidade do leitor. Assim, a literatura desempenha um papel mediador na formação leitora, promovendo uma compreensão mais profunda de si e do mundo.