Recensão de livro - Juventude como construção histórico-social
DOI:
https://doi.org/10.25755/int.454Palavras-chave:
Juventude, Construção histórico-social, Tecnologias, Comunicação.Resumo
A adolescência e, até certo ponto, a juventude emergiram histórico-socialmente como períodos de transição entre a infância e a plena idade adulta, demarcadas muitas vezes por algum tipo mais ou menos formal de rito de passagem. Na atualidade, este processo pode variar de acordo com a cultura, estado econômico, político, intelectual dentre outros aspectos (Taille e Menin, 2009: 22). A agitação e o crescimento das cidades iluminaram o período da adolescência, e fica nítido que as estufas de concreto tende a amadurecer tudo e todos bem antes do tempo “natural”. Desse modo, como o ser humano é criador de cultura, apesar da base biológica, os conceitos de infância, adolescência e juventude são tecidos historicamente, no tempo e no espaço, podendo variar ou inexistir, dependendo das circunstâncias. Este processo de configuração histórica do teenage é o que Savage descreve e analisa, com base na documentação da mídia na Alemanha, França, Estados Unidos e Reino Unido. Como profissional das ciências da comunicação social, o autor destaca que esta última foi precisamente um dos motores da construção dos conceitos de adolescência e juventude, tais como os conhecemos. A crescente exploração do consumo, visando ao crescimento econômico, depois que o capitalismo esgotou as demandas correntes, se associa, portanto, ao financiamento dos meios de comunicação de massa, que despertam novos padrões de consumo conforme a faixa etária. Esta união de forças atua ao mesmo tempo como espelho e fator da identificação de adolescentes e jovens, estabelecendo novos padrões de consumo, por meio dos quais se exerce o seu novo “protagonismo”. Simultaneamente, a veiculação das características dos jovens e adolescentes pela comunicação de massa passa a constituir um conjunto relativamente eficaz de controle social desses grupos na sociedade de massas, levando-os a permanecer na escola por mais tempo e preparar-se para ser trabalhadores e consumidores adultos no futuro. Ora, os diversos tipos de linguagens constituem marcas por excelência da identidade dos grupos sociais, de modo que a comunicação capta, transforma e difunde uma série de formas de expressão próprias dos adolescentes e jovens, por meio da música, das imagens, da palavra falada e escrita, da dança e das tecnologias, que, por sua vez, se traduzem em bens e serviços consumíveis da indústria (sem chaminés) do divertimento. Este é o mosaico cuidadosamente montado por Savage, que descreve e explica a formação da categoria de teenager ao longo de decênios, do final do século XIX até o pós-guerra no Ocidente.Downloads
Publicado
2011-04-07
Como Citar
Lima, D. A. (2011). Recensão de livro - Juventude como construção histórico-social. Revista Interacções, 7(17). https://doi.org/10.25755/int.454
Edição
Secção
Número 17 - Escola e linguagens juvenis: resistência ou abertura ao novo? (II)
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