Sono e uso de ecrãs numa população de adolescentes durante a pandemia de COVID-19

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v33.i2.28292

Palavras-chave:

higiene do sono, medicina do adolescente, sono, tempo de ecrã

Resumo

Introdução: O uso de ecrãs tem vindo a aumentar entre os adolescentes, estando descrita a associação entre tempo excessivo de ecrã e menor quantidade e pior qualidade de sono. A pandemia de COVID-19 poderá ter agravado estes problemas. Este estudo pretendeu caracterizar o comportamento dos adolescentes relativamente ao sono e uso de ecrãs durante o confinamento imposto pela pandemia de COVID-19.
Métodos: Estudo descritivo, transversal, multicêntrico de adolescentes dos 10 aos 18 anos avaliados numa consulta externa de Medicina do Adolescente de quatro hospitais do norte de Portugal entre janeiro e março de 2021. Os adolescentes preencheram um questionário com perguntas sobre o uso de ecrãs e o sono e a Pediatric Daytime Sleepiness Scale (versão portuguesa).
Resultados: Foram incluídos 131 adolescentes (66,4% do género feminino; idade mediana de 15 anos) durante o período de estudo. Os participantes relataram uma mediana de duração do sono de 9 horas durante a semana e 10 horas ao fim-de-semana, com 25,9% a dormir menos do que oito horas diárias durante a semana. Cerca de 80% referiu ter um sono de boa ou muito boa qualidade. Foi identificada insónia inicial em 39,7% e sonolência diurna excessiva (SDE) em 13,7% dos participantes. A maioria (74,0%) referiu um tempo de ecrã ≥6 horas/dia. Os ecrãs foram usados maioritariamente para assistir a aulas e conversar com amigos. Um total de 83,2% dos adolescentes referiu dormir com o telemóvel no quarto e 61,1% referiu ter televisão, 57,3% computador e 16,0% consola de jogos no quarto. Cinquenta e cinco por cento usava ecrãs todos os dias na hora antes de dormir. Um tempo de ecrã ≥6 horas/dia e ter computador ou telemóvel no quarto durante a noite associou-se a uma menor duração do sono durante a semana e SDE. O uso de ecrãs na hora antes de dormir associou-se a insónia inicial, menor duração do sono durante a semana e SDE.
Discussão: As aulas online poderão explicar o uso frequente de ecrãs (≥6 horas/dia). Embora a mediana de duração do sono tenha sido normal e a maioria dos adolescentes tenha referido ter um sono de boa ou muito boa qualidade, o uso de ecrãs ≥6 horas/dia e na hora antes de dormir associou-se a privação de sono durante a semana e SDE.
Conclusão: O uso excessivo de ecrãs durante a pandemia parece ter tido um impacto negativo no sono dos adolescentes. Estes dados reforçam a necessidade de identificar e intervir nestes problemas durante a abordagem de saúde global do adolescente.

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Publicado

2024-06-27

Como Citar

1.
Vieira PM, Cascais I, Alba D, Bernardo A, Faria J, Feio A, Paiva Coelho M, Ribeiro M do C, Gomes L, Fonseca P, Rios M. Sono e uso de ecrãs numa população de adolescentes durante a pandemia de COVID-19. REVNEC [Internet]. 27 de Junho de 2024 [citado 4 de Março de 2025];33(2):100-1. Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/nascercrescer/article/view/28292

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