Elevação das enzimas hepáticas, persistente e assintomática, como forma de apresentação da doença de Wilson em idade pediátrica
DOI:
https://doi.org/10.25753/BirthGrowthMJ.v24.i2.8559Palavras-chave:
doença de Wilson, D-penicilamina, elevação das enzimas hepáticas, esteatose hepática, idade pediátrica, metabolismo do cobreResumo
Introdução: A doença de Wilson é uma doença rara, autossómica recessiva, caracterizada por uma alteração no transporte do cobre no fígado, com acumulação progressiva em vários órgãos (fígado, cérebro, rins e córneas). A expressão fenotípica é muito variável desde a elevação das enzimas hepáticas, esteatose ou litíase vesicular, em doentes assintomáticos, até à cirrose ou insuficiência hepática fulminante, ou doença neuropsiquiátrica incapacitante.
Objectivo: Caracterizar uma amostra de doentes com doença de Wilson.
Métodos: Estudo retrospectivo, incluindo as crianças diagnosticadas entre 2002 e 2011, segundo os critérios da European Association for the Study of the Liver (2012). Variáveis analisadas: antecedentes familiares; idade, dados clínicos, bioquímicos, imagiológicos e histológicos à data do diagnóstico; estudo genético; terapêutica e efeitos colaterais; seguimento e estado actual.
Resultados: Foram identificados cinco doentes, três com antecedentes familiares da doença. Todos se apresentavam assintomáticos e com elevação persistente das enzimas hepáticas. Em nenhum havia estigmas de doença hepática crónica. Uma doente tinha excesso de peso. Todos foram tratados com D-penicilamina, interrompida em dois por efeitos colaterais. Actualmente mantêm-se assintomáticos, sem evidência de progressão da doença hepática, com um seguimento mediano de 5 anos e 3 meses..
Conclusões: A nossa série mostra que a doença de Wilson se pode apresentar com elevação das enzimas hepáticas em crianças assintomáticas. A doente com excesso de peso alerta-nos para a necessidade de rastrear a doença nos que têm excesso de peso/obesidade quando a elevação das enzimas hepáticas e/ou esteatose persistem por mais de seis meses após a perda de peso.
Downloads
Referências
Scheinberg IH, Sternlieb I. Wilson’s disease. In: Smith Jr LH, editor. Major problems in internal medicine, vol. 23. Philadelphia, PA: WB Saunders;1984. p. 25-35.
Tao TY, Gitlin JD. Hepatic copper metabolism: insights from genetic disease. Hepatology 2003;37:1241-7.
Lutsenko S, Petris MJ. Function and regulation of the mammalian coppertransporting ATPases: insights from biochemical and cell biological approaches. J Membr Biol 2003;191:1-12.
Wilson DC, Phillips MJ, Cox DW, Roberts EA. Severe hepatic Wilson’s disease in preschool-aged children. J Pediatr 2000;137:719-22.
Roberts EA, Schilsky ML. A practice guideline on Wilson disease. Hepatology 2003;37:1475-92.
Roberts EA, Schilsky ML. Diagnosis and Treatment of Wilson Disease: An Update. Hepatology 2008; 47 (6): 2090-105.
Ferenci P, Czlonkowska A, Stremmel W, Houwen R, Rosenberg W, Schilsky M, et al. European Association for the Study of the Liver. EASL Clinical Practice Guidelines: Wilson’s disease. Journal of Hepatology 2012; 56: 671-85.
Sánchez-Albisua I, Garde T, Hierro L, Camarena C, Frauca E, de la Vega A, Díaz MC, Larrauri J, Jara P. A high index of suspicion: the key to an early diagnosis of Wilson’s disease in childhood. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 1999; 28 (2): 186-90.
Benhamla T, Tirouche YD, Abaoub-Germain A, Theodore F. The onset of psychiatric disorders and Wilson’s disease. Encephale. 2007; 33 (6): 924-32.
Nanda K. Non-alcoholic steatohepatitis in children. Pediatr Transplant. 2004;8 (6): 613-8.
Bramlage KS, Bansal V, Xanthakos SA, Kohli R. Fatty Liver Disease in Children-What Should One Do? Indian J Pediatr. 2012.
Pena-Quintana L, García-Luzardo M, García-Villarreal L, Arias-Santos M et al. Manifestations and Evolution of Wilson Disease in Pediatric Patients Carrying ATP7B Mutation L708P. JPGN 2012; 54 (1):48-54.
Iorio R, D’Ambrosi M, Marcellini M, Barbera C, Maggiore G et al. Serum Transaminases in Children with Wilson’s Disease. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2004; 39 (4): 331-6.
Manolaki N, Nikolopoulou G, Daikos GL, Panagiotakaki E, Tzetis M. Wilson disease in children: analysis of 57 cases. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009; 48(1): 72-7.
Koppikar S, Dhawan A. Evaluation of the scoring system for the diagnosis of Wilson’s disease in children. Liver Int 2005;25:680-1.
Lykavieris P, Ducot B, Lachaux A, Dabadie A, Broue P, Sarles J,et al. Liver disease associated with ZZ a1-antitrypsin deficiency and ursodeoxycholic acid therapy in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr 2008; 47 (5): 623-9.
Santos Silva E, Sarles J, Buts JP, Sokal EM. Successful medical treatment of severely decompensated Wilson disease. J Pediatr. 1996; 128:285-7.
Członkowska A, Litwin T, Karliński M, Dziezyc K, Chabik
G, Czerska M.D-penicillamine versus zinc sulfate as first-line
therapy for Wilson`s disease. Eur J Neurol. 2014 Jan 21. doi:
1111/ene.12348. [Epub ahead of print].
S, Taly AB. Withdrawal of penicillamine from zinc sulphatepenicillamine maintenance therapy in Wilson`s disease: promising, safe and cheap. J Neurological Sciences 2008; 264 (1): 129-32.
Weiss KH, Gotthardt DN, Klemm D, Merle U, Ferenci- Foerster D, Schaefer M, et al. Zinc monotherapy is not as effective as chelating agents in treatment of Wilson disease. Gastroenterology. 2011 Apr;140(4):1189-1198.e1. doi:10.1053/j.gastro.2010.12.034. Epub2010 Dec 24.
Wiernicka A, Jańczyk W, Dądalski M, Avsar Y, Schmidt H, Socha P. Gastrointestinal side effects in children with Wilson`s disease treated with zinc sulphate. World J Gastroenterol 2013; 19(27): 4356-62.
Ritchie SK, Murphy E, Ice C, Cottrell LA, Minor V, Elliot E, et al. Universal Versus Targeted Blood Cholesterol Screening Among Youth: The CARDIAC Project. Pediatrics 2010; 126 (2): 260-5.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Copyright e Direitos dos Autores
Todos os artigos publicados na Revista Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a Nascer e Crescer – Birth and Growth Medical Journal rege-se pelos termos da licença Creative Commons "Atribuição - Uso Não-Comercial - (CC-BY-NC)"".
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc. de outras publicações.
Juntamente com a submissão do artigo, os autores devem enviar a Declaração de conflito de interesses e formulário de autoria. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons.